Salas vence no Velopark em corrida estratégica e com polêmica nos bastidores

A terceira etapa da temporada 2025 da BRB Stock Car Pro Series foi marcada por grandes emoções dentro da pista e uma nova rodada de controvérsias fora dela. No circuito do Velopark, em Nova Santa Rita (RS), o calor da competição se misturou com a temperatura alta nas arquibancadas e nos bastidores, com direito a vitórias emocionantes, reviravoltas na classificação e críticas públicas que resultaram em sanções pesadas da organização.
Sprint: vitória estratégica de Di Mauro
No sábado (7), Gaetano Di Mauro conquistou sua primeira vitória com a Eurofarma RC após uma corrida sprint marcada por estratégia refinada e ritmo constante. Largando da sexta posição, ele aproveitou bem a janela de pit-stop obrigatório e usou voltas rápidas para superar Ricardo Maurício e vencer — sua quinta vitória na categoria e a primeira com o novo SUV Mitsubishi Eclipse Cross.
A corrida também teve clima de festa para os gaúchos: Cesar Ramos (Ipiranga Racing) e Arthur Leist (Crown Racing), ambos de Novo Hamburgo, completaram o pódio e marcaram o primeiro top-3 da Toyota com o Corolla Cross nesta nova era dos SUVs. Leist, aliás, subiu ao pódio pela primeira vez na Stock Car.
Julio Campos teve um dos melhores desempenhos do ano com o Corolla Cross e terminou em quarto. Guilherme Salas, que largou da pole, segurou bem a pressão e completou em quinto após duelo com Nelson Piquet Jr. Gianluca Petecof, destaque de Interlagos, fez corrida de recuperação saindo de 27º para 9º, mantendo a consistência que vem marcando sua temporada.
Com os resultados, a liderança do campeonato mudou pela primeira vez: Guilherme Salas assumiu a ponta com 163 pontos, seguido por Petecof (140), Fraga (127) e Di Mauro (119).

Corrida principal: Salas domina e Chevrolet estreia no topo
No domingo, Guilherme Salas foi o nome da vez. Após largar da pole e fazer uma corrida sólida no sábado, o piloto da Cavaleiro Sports liderou de ponta a ponta a corrida principal. A prova teve o formato alterado pela segunda vez no ano: o pit-stop obrigatório foi retirado devido a falhas recorrentes no sistema eletrônico de controle da turbina — mais um reflexo da instabilidade técnica da nova geração de carros da categoria.
Salas manteve o foco mesmo após a intervenção do safety car, provocado por Arthur Gama, e cruzou a linha de chegada à frente de Julio Campos e Rafael Suzuki. A vitória representou a primeira da Chevrolet na era dos SUVs, com o modelo Tracker.
Completaram os dez primeiros: Cacá Bueno (em boa performance com a estreante Scuderia Chiarelli), Gaetano Di Mauro, Arthur Leist, Allam Khodair, Cesar Ramos, JP Oliveira e Átila Abreu. Petecof mais uma vez mostrou resiliência, terminando em 12º após largar do fim do grid.
Salas abriu vantagem na liderança do campeonato com 243 pontos, seguido por Di Mauro (178), Petecof (174), Cesar Ramos (157) e Fraga (146).
Críticas públicas e punições: bastidores em ebulição
Fora das pistas, o fim de semana também foi movimentado por uma polêmica envolvendo declarações de pilotos sobre os problemas mecânicos dos novos carros da temporada. Segundo o blog Voando Baixo do Globo Esporte, Felipe Massa (TMG Racing) e Bruno Baptista (RCM Motorsport) foram multados em R$ 100 mil cada pela Vicar, organizadora do campeonato, por violação da cláusula 10 do contrato de participação — que proíbe “declarações desprestigiosas” à categoria.
Além da multa, ambos perderam benefícios previstos na cláusula 3 do mesmo contrato, como visibilidade promocional e apoio logístico. A Vicar também citou a cláusula 22, parágrafo segundo, que prevê exclusão de treinos e corridas em caso de reincidência.
As declarações que motivaram a punição foram contundentes. Felipe Massa desabafou após nova quebra:
“É uma frustração o que vem acontecendo com a gente, o que vem acontecendo com a categoria. A categoria, para ter mudanças no carro, tem que ter a estrutura certa, e a gente vê que não estão fazendo o trabalho da maneira certa. Muitos carros quebrando, uma diferença gigante de uma marca, a Mitsubishi, contra todas as outras.”
Já Bruno Baptista foi ainda mais direto:
“Está difícil, o carro está dando muito problema. […] A maior culpada disso não é a equipe, mas sim de ter começado o ano com esses carros feitos nas coxas. […] A conta inteira vai para a AudaceTech, que pertence à Stock Car. […] É ridículo o que está acontecendo aqui com um orçamento de R$ 5,5 milhões.”
Procurados pelo Voando Baixo, os pilotos optaram por não comentar as punições. A Vicar também se recusou a divulgar detalhes, mas o contrato de participação continua disponível para download no site oficial da categoria, apesar de conter cláusula de confidencialidade.
Uma temporada em dois campos de batalha
Dentro da pista, a Stock Car 2025 vai desenhando um campeonato competitivo, com mais de dez pilotos ainda vivos na disputa pelo título e estratégias cada vez mais cruciais, especialmente com as frequentes mudanças no regulamento de corrida.
Fora dela, a categoria enfrenta um desafio maior: manter a credibilidade diante de críticas públicas, falhas mecânicas e um contrato que, segundo alguns pilotos, limita o direito de expressão. A tensão entre a necessidade de profissionalismo e a cobrança por estrutura adequada está escancarada — e pode moldar os rumos da temporada tanto quanto as disputas por posição.
A próxima etapa será no fim de junho, no Velocitta (SP), e promete manter o calor da disputa — seja no asfalto, seja nos bastidores.