Rodrigo Teaser – Tributo ao Rei do Pop em Porto Alegre

Mesmo depois de 14 anos da sua precoce morte, a obra e o legado cultural de Michael Jackson ainda estão vivíssimos na mente das pessoas. Michael era aquele cara que sabia ser pop, sem nunca deixar de lado a qualidade, atingia desde crianças até idosos, todas as classes sociais, como falo, acho muito difícil uma pessoa na Terra, entre os anos 1980 e 1990, não saber quem era o cantor. E essa popularidade, aliada à ânsia de consumirmos Michael, somadas a uma paixão e talento de um cantor brasileiro, fazem, por ao menos duas horas, matarmos a saudades do rei do pop. Falo de Rodrigo Teaser, que imita o cantor desde os nove anos, há quase 20 faz um show tributo ao Michael e desde 2009 criou um mega espetáculo intitulado Tributo ao Rei do Pop, onde com banda, cenografia, dançarinos e efeitos especiais emula o melhor da carreira do filho ilustre de Gary, Indiana. Rodrigo desembarcou com seu show aqui em Porto Alegre, mais precisamente no chuvoso feriado do dia 15 de novembro (aliás, chuvoso e Porto Alegre é redundância em 2023…), tendo o Araújo Vianna como palco. E o NoSet, em data marcante, a cobertura de número 50 no Auditório, estava lá e conta um pouco como é essa imersão pela vida e obra de Michael Jackson.

Para abrir o show e aquecer a galera, tivemos o prazer de ver um pocket show do violinista Dhouglas Umabel, que munido do seu instrumento e com acompanhamento de cajon e violão, tocou alguns clássicos do Michael, mostrando todo seu virtuosismo e com direito a um auditório iluminado com lanternas de celulares na execução da emocionante versão de We Are The World. Um digno e direto show de abertura, para abrir alas ao tão esperado espetáculo. Confesso que já vi muitos covers, tributos, gente boa mesmo, mas a entrada de Rodrigo Teaser, sob uma elevada do palco, fazendo aquela icônica pose do Michael Jackson com roupa preta e dourada de óculos escuros, simplesmente arrepia. Eu, como nunca tive o prazer de ver show do rei do pop, cheguei a  me arrepiar com a imagem impecável do Teaser. Mas como diria um amigo nosso: nós ainda não tínhamos visto nada! E depois dessa catarse de abertura, Teaser abre o show com Jam, de 1991, e mostra todo seu talento de dançarino e cantor, com uma banda pesada e afiada e dançarinos competentes. O show segue frenético com I Wanna Be Starting Something e dá uma acalmada com a belíssima  Human Nature. Depois Rodrigo fala com a plateia, fala de sua admiração pelo cantor e como está feliz realizando seus sonhos e mostrando pro mundo seu incrível projeto. Mas a gente queria música, dança, luz e efeitos, e aí vem Smooth Criminal, onde ele capricha com o passo The Lean, que desafia leis da gravidade, fazendo a galera delirar.

Incrível como o show dele é empolgante, é um espetáculo visual, não desgrudamos os olhos do palco e a banda com arranjos fortes (e até  alto demais…) mantém uma pegada vibrante, fazendo delirar a plateia eclética, constituída tanto por crianças fãs do artista ( como ele ainda encanta a molecada) até pessoas mais velhas. Como digo, o conceito de ser pop é agradar a todos e isso Michael Jackson sempre fez. No próximo ato do show um telão nos apresenta o Jackson Five no programa do Ed Sullivan Show, nos anos 1970, onde o cantor já mostrava que era um ser diferenciado. E  Teaser e seus dançarinos fazem um super bloco com um medley com I Want You Back / The Love You Save, findando com a balada I’ll Be There. Em seguida Rodrigo convida o povo a levantar e dançar com Rock With You, do disco Off The Wall, de 1979, e é correspondido por um Araújo que parecia uma pista de dança da era disco.

Rodrigo Teaser então resolve chamar ao palco o violonista Dhouglas Umabel, para em improviso, juntamente com o tecladista da banda, tocarem a lindíssima Smile, de Charlie Chaplin. Momento fora do script, mas que funcionou muito bem. Em muitos momentos do show a banda toca sozinha, para dar tempo para as trocas de roupa do cantor e uma delas é mais longa para preparar terreno para a execução da canção Beat It. Em mais um show de coreografia, Teaser, com a icônica jaqueta vermelha, deixa a plateia em êxtase e o excelente guitarrista executa nota por nota com exatidão o emblemático solo da música composto pelo saudoso Eddie Van Halen. Claro que não posso deixar de comentar que até pela dificuldade do show, cantar, dançar e ainda afinar a voz, temos muitas trucagens de voz, vocais dobrados ao fundo, backings pré-gravados, ou no português correto, playback mesmo, mas como o Rodrigo é um performer, realmente deve ser difícil atingir os tons o tempo inteiro do Michael e ainda fazer o que faz no palco, então, passo o pano sobre isso. Mas voltando, segue o show com The Way You Make Me Feel, e depois embala as baladas como You Are Not Alone e a e indefectível Heal the World, onde ele, com a Terra no telão ao fundo, convida crianças a subir ao palco, inclusive meu filho de 10 anos, foi um deles, em um momento de pura emoção, para o show e em particular para nós, depois de tantas coberturas vermos nosso filho, no seu primeiro show, subir ao palco e ainda tocar a mão do artista.

Mas, passado o momento família, a banda dá aquela segurada para apresentar aquela que é uma das mais icônicas canções do artista, Thriller. Numa arrepiante e empolgante versão, com direitos a telão com lua cheia, morcegos e casas assombradas e um balé zumbi, Teaser nos transporta para 1983, e eu, como tenho como primeira lembrança da minha vida ter assistido esse clipe na TV, nesse ano, fiquei emocionado vendo aquilo tudo. Gigante momento de um show pra ficar pra história. A banda, para pontuar mais uma troca de figurino, manda ver com instrumental de Don’t Stop Till Get Enough, para abrir alas a outro momento emocionante do show, com a luz apenas sobre ele, Teaser veste a roupa que Michael apresentou para o mundo o incrível passo Moonwalk, no outro clássico Billie Jean, momento em que o cantor mostra todo seu talento como dançarino numa impecável atuação e ainda tem tempo de findar o show de tributo com o super sucesso Black and White, para delírio da plateia.

Minutos depois Rodrigo aparece como ele mesmo no palco, vestindo um abrigo, boné, tênis e conta como é emocionante a homenagem que faz ao seu ídolo e pede atenção da plateia (já bem esvaziada e que contou com um excelente público) para apresentar seu trabalho solo, cantando duas canções (inspiradas pelo Michael, é claro), Sempre e Bem Mais. Vou te dizer que pra mim foi um momento constrangedor. O cara faz um mega show de tributo ao Michael, a galera queria vê-lo de Michael e ele faz essa papagaiada de apresentar suas canções como enxerto… enfim, acho que é a prova que sua carreira solo dificilmente vai decolar com atitudes forçadas de casar o Michael com suas canções. Enfim, duas boas músicas, mas que pouco empolgaram o resto do público presente. O show termina com Michael no telão e This Is It no som, aquela que seria a trilha de suas apresentações que jamais ocorreram devido a sua morte.

Tirando as presepadas finais, retornando ao show, o que vimos foi um digno espetáculo, uma homenagem de primeira linha, feita com coração, suor, talento e profissionalismo. Rodrigo Teaser e sua produção, por duas horas, nos fazem matar a saudade de Michael Jackson, provando o quanto suas canções, coreografias e figurinos são atemporais e mexem com nosso imaginário. Um show impecável, vibrante, que arrepia e que em certos momentos, esquecemos de tudo e pensamos estar na frente do rei do pop. Acredito que Rodrigo Teaser fez isso para pensarmos assim, ele nos dá uma chance de termos a presença do Michael Jackson novamente, nem que seja por pouco mais de 120 minutos, mas que para quem viveu a fase de ouro dele, parece uma saborosa eternidade. Chance de aproveitar ao máximo o que ele representou nas nossas vidas e que ainda hoje consegue ter gerações se renovando e curtindo seu legado. Enfim, um presente e tanto para essa quinquagésima cobertura de Araújo Vianna, em que a família NoSet de Porto Alegre estava presente, o que transformou o show numa experiência inesquecível para a vida inteira.

Crédito das fotos: Vívian Carravetta

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