A cerimônia de premiação do Óscar bate, novamente, à nossa porta.
Como escolher o melhor filme do ano, em um universo de milhares de produções? Sequer quem trabalha exclusivamente com a crítica consegue assistir a tudo o que é filmado e ganha a tarja de “filme”. Espera-se que as
Vamos deixar de lado, contudo, esta análise fria. O melhor do Óscar é, exatamente, o oposto, o calor discussão. O interesse que desperta e a as polêmicas geradas entre aqueles que compõem a própria razão de existir do cinema – o público. Muito mais do que um evento hermético e restrito aos críticos habituais, o Óscar é pop. Ele é a arte colocada em disputa, para atender aos desejos da indústria. É sobre ele que a massa anônima de frequentadores de salas de cinema discute com dedos em riste,
Como a Academia (ou seja, os mais de oito mil membros da Academy of Motion Picture Arts and Sciences) pôde escolher A Forma da Água e não Dunkirk ou Três Anúncios para um Crime como melhor filme do ano passado? Este é exatamente o tipo de pergunta que mantém o sucesso do Óscar, ao invés de lhe retirar credibilidade. Alimentam a sua fogueira.
Há alguns anos (não muitos), o povo dos trópicos conseguia assistir, quando muito, a dois ou três indicados antes da
Nos últimos anos, é possível assistir a todos os indicados antes da premiação. E a indústria se favorece com isso. Em todas as sessões de algum nominado à premiação de melhor filme que vou, em qualquer horário, há público. O público gosta de cinema, gosta do Óscar e gosto é algo difícil de discutir.
E, por falar em gosto, qual o melhor filme deste ano?
É Roma.
Lindo, tanto na estética quanto na humanidade da sua narrativa, é um exercício muito bem-sucedido de domínio da arte de fazer cinema do diretor e roteirista Alfonso Cuarón. Roma faz mais com menos. Transforma cenas banais, como a nuvem de poeira sob fachos sol, em imagens que saltam da tela para acariciar os seus olhos. Concede grandiosidade e
Há outros competidores sérios? Sim. Bohemian Rhapsody é tudo o que a Academia gosta em um filme. Grandioso, levou multidões ao cinema e fez girar não só a roda da indústria cinematográfica, como a da indústria da
E os demais? Pantera Negra, Infiltrado na Klan e Vice tem na própria indicação os seus prêmios. Nasce uma Estrela tem o azar de concorrer no mesmo ano que Bohemian Rhapsody. A Favorita possui excelentes fotografia e direção de arte, boas atuações, mas tem pretensão demais para história de menos. Seu pecado é a arrogância e, com ela, não gera empatia com o público.
Agora é esperar a Academia errar para poder criticá-la.