Gênio por trás da bomba – “O Matemático”

A bomba de hidrogênio foi um projeto da mesma época da bomba atômica, aquela que arrasou Hiroshima e Nagasaki no pós-Segunda Guerra Mundial. Uma arma dessas precisou de muitos gênios por trás, um deles foi o plonês Stanislaw Ulam.

A história desse professor é contada no filme que recebe o nome que melhor o descreve, “O Matemático”. O longa, que é assinado por Thor Klein e foi indicado para festivais internacionais, chegou aos cinemas brasileiros no último dia 02 de setembro.

No final da década de 1930 o mundo estava tenso, muitos europeus escolheram viver nos EUA pela própria proteção, afinal o nazismo crescia na Europa e a guerra já era uma realidade em alguns pontos. Dentre alguns desses estrangeiros nos EUA estava Stanislaw Ulam e seu irmão mais novo, Adam.

Eles viviam relativamente bem na Califórnia, onde Stan era professor de matemática, angariando a simpatia de seus alunos por seu bom humor e didática criativa (ele usava as cartas de poker para ensinar algumas regras matemáticas). 

Mas eles também estavam aflitos, a irmã, o sobrinho e os pais deles ainda estavam na Polônia e a comunicação com eles estava ficando cada vez mais difícil, possivelmente já sendo um resultado de embargos governamentais naquele país.

Com a guerra já generalizada na Europa, os EUA começaram a apressar estudos e estratégias para derrotar os inimigos, isso incluía a construção da bomba atômica. Esses estudos ficaram conhecidos como Projeto Manhattan, com sede em Los Alamos.

Stan foi convidado a fazer parte da equipe de matemáticos desse projeto, tanto por sua mente brilhante quanto pelos seus métodos nada ortodoxos, ou seja, ele pensava fora da caixa e poderia encontrar soluções rápidas. Na época ele estava começando um relacionamento com Françoaise, com quem se casou e levou consigo para Los Alamos.

Adam ainda era responsabilidade de Stan, mas passou a morar com um tio, em Nova York.

Os estudos teóricos da bomba atômica e da bomba de hidrogênio eram algo que poderia animar qualquer matemático, algo que realmente desafiava a inteligência deles, mas nada foi tão tranquilo. Stan e boa parte da equipe sentia que estavam criando algo monstruoso, o que veio a se confirmar em 1945, quando Hiroshima e Nagasaki foram atingidas.

Na mesma época, em meio ao clima tenso no trabalho, Stan recebe uma visita de Adam em casa, com uma notícia triste, a irmã e o sobrinho deles haviam sido encontrados pelo exercito nazista e assassinados. Por uma razão ou outra, Stan acabou sofrendo com uma inflamação no cérebro (tipo um aneurisma), sendo necessária uma cirurgia de emergência.

Ele não era mais o mesmo, sua mente iria demorar a volta ao funcionamento “normal”, seu humor também foi esquecido. Embora ainda estivesse com os amores de sua vida, a esposa e a filha, Stan conheceu a frustração de ter uma mente brilhante em stand by.

Mas nem tudo estava perdido, em meio a esse momento tortuoso dele, Stan conseguiu encontrar a solução para a bomba de hidrogênio funcionar, era a última peça de um quebra-cabeça antigo dentro dos estudos em Los Alamos. Restava decidir se seria certo entregar essa resposta para as autoridades.

Antes de decidir qualquer coisa, ele viu de perto o resultado da radioatividade (dos testes das bombas), quando John lhe confessou que estava com câncer e não havia mais muito tempo de vida.

Stanislaw Ulam se afastou dos estudos da bomba pouco tempo depois, decidiu usar sua solução para auxiliar em outro projeto de interesse da época, os foguetes espaciais. Mas seu nome está associado ao Projeto Manhattan e ao desenvolvimento do computador.

Quando se ouve o título de um filme como “O Matemático” não se imagina que seja de fato um drama, com um leve toque de humor, e que tenha tanta discussão filosófica, moral e ética. Temos a tendência de imaginar matemáticos, engenheiros e outros gênios das ciências exatas como pessoas mais frias, distantes dessas discussões.

O que a maioria de nós esquecemos é que eles são seres humanos, alguns com formação religiosa, com coração e o mínimo de bom senso. Os homens que se reuniram e formaram a bomba de hidrogênio, assim como Stan Ulam, discutiam nas salas de estudo as perdas no Japão, muitos conseguiam ver as vidas por trás dos números.

Também não era fácil para eles decidirem ajudar ou não na construção dessa arma. De um lado ouviam que os EUA salvaria vidas, do outro ouviam as notícias de morte. Assim como Stan, muitos eram europeus e tinham familiares no locais que a guerra aconteceu fisicamente.

Sim, fisicamente, porque a Segunda Guerra Mundial atingiu um mundo inteiro!

O próprio Stan, ao lembrar da irmã e do sobrinho assassinados, ficava imaginando se sua inteligência poderia salvar mais vidas do que as tirar.

O elenco é formado por:  Philippe Tlokinski (Stanislaw Ulam), Esther Garrel  (Françoise), Sam Keeley, Fabian Kociecki, Ryan Cage, Mateusz Wieclawer, dentre outros.

Até Mais!

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