As histórias literárias do Doutor Dolittle foram publicadas até 1952 (sendo três edições póstumas, visto que Hugh faleceu em 1947). Como é possível ver, há muito material sobre as aventuras do doutor que consegue conversar com os animais.
Dolittle (2020) é a mais nova história que relata a aventura do doutor e de seus amigos animais. Como principal destaque deste longa-metragem está o ator Robert Downey Jr., o Tony Stark da trilogia do Homem de Ferro, dos Vingadores e dos filmes do Homem-Aranha. O óbvio carisma de Downey Jr. já é um ponto positivo para o filme, mas será que ele se sustenta apenas com a interpretação do ator? Continuem aqui após o trailer e vamos ver o que achei da obra.
Uma nova aventura.
A história deste filme mostra uma parte interessante da vida do veterinário que fala com animais. Dolittle (Robert Downey Jr.). A introdução é feita através de uma animação muito bonita e que relata como ele conhece a mulher que se transformaria em seu amor maior, uma companheira que o ama e compreende sua missão, além de mostrar as inúmeras aventuras deles ao redor do mundo, tal como visto nos livros de Hugh Lofting. Entretanto, ele a perde de forma trágica, o que provoca sua reclusão e o fim das consultas aos animais.
Anos se passam após a morte de Lily (Kasia Smutniak). Em um belo dia, um garoto surge na porta da mansão onde Dolittle e seus animais vivem para pedir socorro a um animal ferido. Mas há também uma enviada da Rainha (Jessie Buckley) que convoca o médico para ajudar com a saúde de sua soberana. Esta menina chamada Lady Rose, interpretada pela doce Carmel Laniado, vence a teimosia de Dolittle com um forte argumento e a ajuda dos animais.
No palácio, o médico descobre que a situação é bem mais complicada do que aparenta. A vida da Rainha está nas mãos dele e de sua equipe, auxiliados pelo nobre garoto Tommy Stubbins (Harry Collett) eles partem na viagem que determinará o futuro da Inglaterra.
Cabe destacar que apesar dos conhecimentos veterinários, Dolittle também aparenta ter conhecimento da medicina normal, algo que fica meio confuso na história.
O ponto alto, contudo, está na presença dos animais que ganham mais personalidade que alguns humanos, além do maior e óbvio destaque.
A busca pela redenção.
Há uma melancolia típica de quem perdeu alguém que amava. É da índole do ser humano se manter distante quando sofre uma grande perda e, claramente, isso também acontece a Dolittle. Mas se essa atitude é algo comum, também é comum (com o passar do tempo) que uma pessoa busque algo para preencher esse vazio, deixando bem claro que preencher jamais será substituir. Essa é a grande lição do longa ao nos mostrar que as dores são transformadas em saudade sem que isso implique em perder o amor por quem partiu.
E é nessa incessante busca da diminuição da dor que – verdade seja dita que houve uma certa pressão externa – Dolittle parte em busca de um fruto que pode salvar não apenas a vida da rainha, como também evitará a perda do santuário onde ele reside ao lado de seus amigos animais.
Mas o que essa nova jornada significa é que finalmente ele terá a chance de se redimir de algumas decisões que considera equivocadas, além de dar oportunidade para que novas pessoas (leia-se seres humanos) entrem em sua vida.
Efeitos Visuais e dublagens.
Por contar com vários animais falantes, através da magia do cinema moderno, Dolittle teve que adicionar ao seu elenco principal alguns talentos vocais para dar vida a esses bichos. Através da computação e das ótimas dublagens (refiro-me à original e à versão brasileira), o longa agrega valor e dá maior credibilidade à essa secular trama.
Diversão para adultos e crianças.
Ao fugir das comédias onde a apelação está presente e o nível das piadas é sempre ofensivo, Dolittle se consagra como um longa-metragem para a família. Há um tom sempre presente de inocência e fábula, onde a maioria das cenas – e a trama em si – foram pensadas para trazer um conteúdo engrandecedor, algo que possa levar o espectador à reflexão. Lembra muito os antigos livros de contos de fadas nos quais havia uma lição a ser aprendida. Não há excessos ou uma trama inovadora, porém certamente há um conteúdo acessível a todos, divertido e fácil de ser assistido, uma verdadeira “Sessão da Tarde” que não é o melhor trabalho de Robert Downey Jr, o que, honestamente, não tira o brilho e o bom conteúdo da história.