Esta resenha tem o apoio da Social Comics.
Bando de Dois é uma obra-prima dos quadrinhos nacionais. Isso se dá em função de sua coragem em abordar um tema controverso (no caso, o Cangaço) com uma narrativa rápida, marcante e cheia de recursos visuais que apontam para alguém que aprendeu – e bem – a arte sequencial ensinada por Will Eisner. Os desenhos são extremamente detalhados e reforçam de forma brilhante o roteiro, incentivando a continuidade da leitura.
A história é bem interessante e mostra elementos de pesquisa bem alicerçados, seja por conta da representação coerente do ambiente do sertão, como também pela caracterização dos personagens principais.
Com uma mistura de suspense, ação e sobrenatural, Bando de Dois tem elementos que lembram a extinta Kripta ou até mesmo uma das mais empolgantes cenas de O resgate do Soldado Ryan.
Destaco o confronto final por sua coragem gráfica de representar sem temores a morte e as sequelas de um confronto armado. Mais do que isso, Danilo Beyruth mostrou ser capaz de produzir quadrinhos com um tema sério, polêmico e violento. Não bastasse a abordagem da violência de um dos períodos mais conturbados da região nordeste do Brasil, o leitor irá se deparar com alguns aspectos da cultura nordestina até hoje existentes como a fé cristã que é demonstrada em cada procissão, a seca que persiste em castigar esse povo, o surgimento do crime organizado (existente até os dias atuais) e a simplicidade de quem vive um dia de cada vez.
Leitura obrigatória para quem ama uma HQ de qualidade.