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Anima Mundi e a história da animação no Brasil.

Anima Mundi e a história da animação no Brasil.
  • Publicado em: julho 26, 2017

Durante 25 anos, as animações do Brasil e do mundo foram mostradas ao público. Sediada nas capitais brasileiras de Rio de Janeiro e São Paulo, é possível assistir desenhos ganhando vida e causando fortes emoções em crianças, jovens e adultos. Feitos á lápis, por computador, stop motion… não importa o modo, todos deram suor para dar alma aos seus trabalhos na grande tela. Portanto, todos merecem ser vistos e ouvidos.
O Anima Mundi está em seu 25º aniversário, coincidindo com o centenário da animação brasileira, esta iniciada no dia 22 de janeiro de 1917, com a exibição de “O Kaiser” do cartunista Álvaro “Seth” Marins, o primeiro filme brasileiro de animação da história, mas infelizmente um único frame da animação sobreviveu para posteridade. Onze anos mais tarde, o produtor Luiz Seel criou com o animador João Stamato o curta “Macaco Feio, Macaco Bonito”, o mais antigo curta de animação brasileiro inteiramente preservado. O primeiro longa de animação brasileiro foi “Sinfonia Amazônica” (1953), de Anélio Latini Filho sobre sete histórias folclóricas por meio do personagem Curumi. O trabalho levou cinco anos para ser feito com cerca de 500 mil desenhos, todos criados sozinhos por Anélio, assim como as outras etapas da produção e pós.

 

Os filmes experimentais com animação no Brasil nasceram de Roberto Miller, ganhador de duas menções honrosas no Festival de Cannes por sua principal técnica de desenho direto na película vista em “O Átomo Brincalhão”, de 1961. Foi nessa decada que aconteceu o boom da animação na publicidade com Ruy Perotti, grande destaque desse mercado ao gerar animadores voltados para a publicidade. Até hoje, é o ramo que mais emprega profissionais de desenho. Em 1972, o imigrante japonês Ypê Nakashima criou o primeiro longa a cores feito no Brasil “Piconzé” com uma equipe reduzida ao longo de seis anos. Os longas brasileiros de animação só chegariam com mais vigor no circuito comercial graças a Mauricio de Sousa com “As aventuras da turma da Mônica”, em 1983. O sucesso da história foi tão grande que, apenas nos anos 80, foram produzidos cinco longas sobre a menina com coelho azul e sua turma de amigos entre brincadeiras e lutas.

 

No início dos anos 90, o mercado declinou com os investimentos no setor caindo drasticamente. O “renascimento” do mercado aconteceu ao mesmo tempo da criação do Anima Mundi, em 1993. Assim na virada do milênio, o fomento e fortalecimento do mercado no Brasil cresceu bastante e o resultado é comprovado na programação televisiva.
“Peixonauta”, da TV Pinguim, “Meu Amigãozão”, da 2DLab, “Tromba Trem”, do Copa Studio e recentemente “O Irmão do Jorel” são apenas alguns dos exemplos de séries nacionais bem produzidas e populares, algumas feitas em coproduções internacionais e exportadas para o mundo inteiro.
O Festival de Annecy, maior de animação do mundo, premiou três títulos brasileiros nos últimos anos com o Melhor Longa: “Uma História de Amor e Fúria”, de Luiz Bolognesi em 2013 e “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu em 2014. Sendo este o indicado ao Oscar de Melhor Longa de Animação em 2016.

Apesar do destaque nacional para a história cheia de desafios e luta por reconhecimento onde há mais trabalho árduo e retorno quase zero, profissionais dos grandes estúdios e os independentes também têm sua vez. Para isso há entrevistas, bate-papo com o público e palestras sobre o assunto. Cada um com uma história profissional em seu país de origem que às vezes pode lembrar a realidade brasileira.
Os curtas exibidos possuem várias temáticas e podem tanto ser vistos por crianças ou somente para plateias amadurecidas. Podem ser voltados para a veiculação de marcas locais ou globais ou simplesmente escapar da lógica ou racionalidade por despertar uma experiência sensorial nova na plateia, mesmo assim a estética não deixa a desejar e ambos merecem tanta atenção quanto os demais.

Não é só de poucos minutos de desenhos que o festival é feito, os longa-metragens aparecem para mostrar as melhores histórias que podem concorrer aos mais importantes prêmios da indústria. Em uma co-produção Reino Unido e Luxemburgo dirigida por Roger Mainwood, baseado na graphic novel de mesmo nome escrita e ilustrada por Raymond Briggs em 1998, Ethel e Ernest conta os eventos extraordinários e mudanças sociais vividos por dois londrinos comuns em meio a técnica tradicional de lápis, tinta e papel.

A captura de movimentos reais para transformar em animação de computação gráfica foi o jeito do diretor venezuelano Juan Pablo Buscarini narrar a aventura histórica de Arturo, Pilar e Tico ao lado de Simón Bolivar em busca da libertação das colônias espanholas na América Latina em Pequeños Heroes.
Acompanhe a jovem poetisa canadense Rosie Ming na sua viagem sozinha, sem a superproteção dos avós, ao Irã, para um festival de poesia onde irá reencontrar o pai que a abandonou e descobrir o real sentido da poesia. Essa animação, feita em desenho tradicional e animado por computação, foi dirigida por Ann Marie Fleming e recebeu o nome de Window Horses.

Eis aqui os filmes infantis desse ano: Barkley do diretor taiuanês Li-Wei Chiu , sobre uma cidade habitada por animais e governada pelo mágico farsante chamado Deus. Fido (de doze anos) fica ao lado do gatinho Barkley  e precisam se unir para derrotar o tirano e achar o caminho de volta para casa. Essa história de amizade e coragem é contada numa mistura de 2D e 3D.
A República Tcheca, a Croácia e a Eslováquia produziram essa animação em stop motion e captura de movimentos para contar a vida dos Comedores De Pé De Meia sob direção de Galina Miklinova.
E, por fim, temos o espanhol em 3D Pixi Post e os Entregadores de Presentes em sua missão de salvar a festividade de um ser maligno. A direção é de Gorka Sesma.

Vão ao festival para vivenciar o melhor da criatividade e da imaginação humana feita para emocionar de todas as formas o público. Desenhos estáticos ganham movimento para mostrar a alma do mundo.

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Redação

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