AnaVitória e Nando Reis apresentam a Turnê dos Namorados no Araújo Vianna

Quarta passada, depois de um adiamento decorrente das enchentes que devastaram o Rio  Grande do Sul entre abril e maio, o Araújo recebeu um dos primeiros shows que tiveram que ser remarcados. Com data inicial para a semana dos namorados, a dupla AnaVitória e Nando Reis tiveram que esperar mais dois meses para apresentar aos gaúchos o show Turnê dos Namorados, em que o trio, em formato inédito, tocou junto os seus maiores sucessos. O NoSet conferiu o espetáculo e conta agora nas linhas abaixo.

Excelente público para uma quarta-feira. Noite agradável de agosto, o Araújo Vianna estava com um clima de amor no ar. Desde um telão que flagrava beijos apaixonados na plateia, para delírio do público presente, músicas românticas no aquece da apresentação e muito vermelho da  paixão na decoração do local. Público mais jovem que de costume, é composto mais por fãs da dupla AnaVitória, mas que também estavam ali para ver Nando Reis. Pouco depois das 21h, com um cenário e iluminação coerente com o clima minimalista, com uma banda compacta com quatro músicos, o trio sobe ao palco para delírio dos comportados fãs. As duas cantoras estavam de vermelho e Nando Reis com seu uniforme usual de sempre, camisa de botão e calça jeans com botas. Abriram os trabalhos com Luz dos Olhos, de Nando. Começava ali um ping-pong musical, com composições tanto de Nando, quanto da dupla, seguindo com Tenta Acreditar, delas, e Segundo Sol, do compositor, que fez sucesso na voz de Cássia Eller.

Os três artistas possuem uma química e simetria musical super agradável. Nando está solto e as meninas, a cada ano que passa, melhorando mais. Sempre afirmo que Reis é um arroz de festa, com parcerias em shows com muita gente boa, mas parece que com AnaVitória, encontrou guarida certa para sua voz potente e impulsiva, com as doces e líricas vozes das gurias de Tocantins. Além disso, as composições de ambos são simples e diretas e com uma conexão certeira. Eles seguem a noite intercalando sucessos como Meu Mundo Ficaria Completo e o super sucesso Trevo, onde o auditório entrou em colapso emocional cantando junto com as meninas.

Segue com Singular, o super sucesso Resposta, que foi imortalizado pelo Skank, Lisboa, N e Fica. Com destaque para todas cuidadosamente rearranjadas, mas sem ferir a essência das músicas, apenas para montar o set e ficar confortável para os três. Destaque também para a super banda que acompanha o projeto, Walter Villaça nas guitarras, Felipe Cambraia, fiel baixista e escudeiro de Nando Reis, o gigante Pupillo na bateria e Felipe Roseno na percussão.

Uma constatação cobrindo show nos últimos três anos, é que em espetáculos de muitos artistas da nova MPB, o público jovem se esgoela cantando e se emociona com seus ídolos, mas não tem a cultura de ficar de pé, agitar, dançar, enfim, parece que grudam a bunda no assento e ficam mais no sentido contemplação do que soltar as emoções. Breves constatações da nova velha juventude. Mas, voltando ao show, ele segue com Dois Rios, do Nando, Explodir, da AnaVitoria, Pra Você Guardei o Amor, Perdoa, Diariamente e Porque Te Amo, sempre nessa troca de canções, uma de cada.

Mas é com All Star que os fãs de Nando Reis realmente aparecem e saem tocados com a linda canção do artista mais boa praça do país. Sim, Nando consegue fazer conexões, se antenar, unindo o antigo, desde a época dos Titãs, a sua verve MPB e seu lirismo romântico, em canções simples mas que são verdadeiros hits. Toca em seguida Espatódea, e na volta AnaVitória manda seu sucesso Agora Eu Quero Ir. Fica nítida a evolução das cantoras, mais cancheiras, mais maduras, com Vitória Falcão cantando cada vez melhor e Ana Caetano com sua voz pequena mas suave e afinada, fecham com perfeição a harmonia musical do duo. E com arranjos mais robustos e com uma banda de primeira, as canções delas também ganharam mais vigor.

Segue o baile com Partilhar, de AnaVitória e Rubel, e com a lindíssima Nosso Amor, do Nando. Eis que com Do Seu Lado pela primeira vez o povo levanta e se deixa levar pela contagiante canção de Nando Reis, que o Jota Quest transformou em hino pop. Uma interpretação animada e visceral do trio, e que com todo respeito, se essa não levantasse a massa, nenhuma outra faria isso.

O final do show se aproxima e com uma sensível mas intensa versão de Por Onde Andei, eles apresentam a banda, agradecem quem faz o show e com um improviso magistral, dançam, se abraçam e fazem coreografias com chutes no ar. Momento único do show. Ai Amor das meninas dá uma suavizada no clima, mas é gritante o quanto elas estão melhores em todos os sentidos, desde presença de palco, como afinação, sendo que nessa até Nando está meio perdido na jogada. E o espetáculo dos namorados,acaba com Relicário, mais um super sucesso do compositor paulista, em que o quarteto da banda faz uma verdadeira jam, e os três, em êxtase, se soltam no palco, com direito à ciranda, danças, abraços e muita vibração, que contagia de vez a plateia, mas pena que era a última música.

Nando Reis e AnaVitória são uma combinação perfeita. Com muita energia, lirismo e canções de amor, a intensa e verdadeira conexão dos artistas nos apresentou um show muito bonito de se ver. Recheado de músicas na boca do povo, fãs ardorosos, um espetáculo de contemplação, com a cara do público, comedido, mas apaixonado. Uma noite de 21 de agosto que poderia ser muito bem um 12 de junho, um show de paixão e sensibilidade, que deixou as 4 mil pessoas presentes satisfeitas demais, com a sensação que o amor jamais sai de moda.

 

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