Introdução
Criada de maneira independente por uma editora brasileira, escrita e desenhada pelo brasileiro Thiago Spyked e publicada em dois mil e quatorze tendo apenas duzentas cópias impressas, a HQ Vírus: mais um na multidão, surgiu com o objetivo de pelo menos tentar demonstrar que existem no Brasil pessoas talentosas e interessadas em adentrar o mercado de quadrinhos para agregar e não só copiar o que já foi feito por outros atores.
Agora esta obra está disponível para leitura através da plataforma Social Comics.
Uma boa tentativa.
O roteiro acaba sendo um dos principais problemas da hq, visto que o mesmo em vários momentos não aparenta ter objetividade demorando tempo demais para gerar o suspense que a mesma propõe logo na introdução, outro problema que o roteiro apresenta só que nesse caso durante toda a obra é a indecisão de que tom ele pretende assumir variando entre um tom mais sombrio e reflexivo como nas ultimas dez páginas e um tom mais caricato algo que ocorre durante as primeiras quinze páginas da mesma, o que foge completamente da proposta descrita durante a própria página de introdução.
A maior falha acaba sendo a maneira como decidem desenvolver o tema escolhido para servir como base de toda história que, apesar de diferente do que se tem visto, acaba não sendo bem trabalhado apesar do desfecho ser interessante e ir de acordo com a proposta original, durante toda a etapa de desenvolvimento o roteiro não consegue te prender à história ou conseguir que o leitor se importe com a personagem principal, até finalmente chegar às últimas dez páginas de história onde finalmente o mesmo acerta em tom e construção de personagem.
O que realmente é impressionante na indústria de quadrinhos é o quanto é importante o desfecho da história que, muitas vezes mesmo falho, consegue impedir que a mesma caia no esquecimento. Aqui ocorre exatamente isso. Em uma única virada a história muda completamente, o clima de suspense finalmente é utilizado da maneira correta ao mesmo tempo que em apenas duas páginas somos apresentados – mesmo que de maneira apressada – à história da protagonista. Finalmente conseguimos nos importar com a personagem que se transforma em parte essencial da reflexão que seria feita mais a frente que é, sem dúvidas, um dos pontos mais fortes da obra.
Conclusão
Vírus: mais um na multidão apesar de não ser perfeito não chega a ser um desperdício de tempo. É uma leitura rápida e no mínimo divertida, mas que não consegue ser o que prometia e, ao mesmo tempo, prova que o mercado brasileiro tem muito a evoluir. Mesmo diante dessas observações, a obra mostra que nosso mercado de quadrinhos ainda consegue gerar boas obras. Há muito a ser desenvolvido e aprimorado, porém essas iniciativas comprovam que temos a vontade para chegar ao patamar de quadrinistas de nível mundial.