Viver sempre o mesmo dia pode fazer com que você corrija alguns erros, possa ver detalhes que nunca pode prestar atenção, mas também pode te impedir de seguir em frente.
O filme, “Repetição Perfeita”, usa essa alegoria para falar dos detalhes quase imperceptíveis da vida. O longa é dirigido por Ian Samuels e tem como roteirista Lev Grossman, e é uma produção original da Prime Video.
Mark é um adolescente de 17 anos que vive uma situação peculiar, ele sempre vive exatamente o mesmo dia. Ele não tem ideia de como isso começou, não sabe a razão de isso acontecer, não sabe como ou quando isso terminará, mas tem tentando usar a seu favor.
O que é seria a favor dele? Faltar aula, tentar aprender a tocar novos instrumentos, evitar pequenos acidentes, tentar falar com a menina dos sonhos. Em suma, fazer coisas que só poderiam ser feitas em seguranças nessas condições, afinal ele sabe exatamente o que vai acontecer e, se der errado, tudo voltará ao normal a meia noite.
Uma das únicas certezas de Mark era que somente ele vivia esse looping, até encontrar Margaret.
Da mesma forma que Mark, Margaret não entendia o looping, tinha suas teorias, mas nenhuma certeza, e também vivia tentando aproveitar esse evento estranho. Logo eles decidiram aproveitar a experiência juntos, como amigos e únicos a ver a vida sob nova perspectiva.
Depois de algumas teorias eles decidiram que iriam prestar atenção nas pequenas coisas da vida. Mark usou sua habilidade com o desenho para fazer um mapa das pequenas coisas perfeitas (o título original do filme é “The Map of Tiny Perfect Things”), ao mesmo tempo em que percebia que estava se apaixonando por Margaret, mas não sabia quase nada da vida dela. Os acontecimentos da vida particular da vida deles estavam ligadas ao looping. Mark estava passando por um momento estressante dentro de casa, o pai havia saído do emprego e estava escrevendo um livro (o que parecia não progredir), a mãe estava chateada com o pai por causa disso. Além disso, o pai de Mark queria conversar com ele sobe faculdade, tentando convencer o filho a não ir para a escola de artes.
Aparentemente, o looping dele servia para ele evitar enfrentar essas mudanças bruscas dentro de casa, mas o impediu de ver a mãe (ela sempre estava de saída quando ele acordava e ele não controlava isso). A mãe de Margaret estava enfrentando um câncer terminal, internada no hospital já sem esperanças de sobreviver um novo dia. Ela não conseguia superar o fato de a mãe estar em seu leito de morte, pedia ao universo para ter mais tempo. Teoricamente, seu looping era para poder ter esse tempo a mais. Quando eles realmente enfrentam essas realidades começam a tentar entender o looping, mas Mark queria sair e Margaret ficar. A relação entre eles também complica a situação, ela não aceita se entregar ao que sente por ele, não aceita que ele saiba de todo seu drama pessoal.
Sabem como o looping seria quebrado? Igual quando precisamos superar algum medo, enfrentando o problema de frente. Mark entende os reais problemas da família, Margaret aceita que a mãe merece descansar despois de uma luta desgastante contra o câncer. É como se eles estivessem realizando uma terapia prática, tanto que a impressão que dá é que Margaret passa pelo estágio do luto ainda dentro do looping, enquanto Mark amadurece em certo nível. Esse é o tipo do filme que provavelmente só atrai adolescentes em um primeiro momento, mas depois que começa o desenvolvimento entrega uma história muito mais profunda, reflexiva, com pitadas de drama e comédia, muito bem aplicadas.
As cenas iniciais lembram um pouco de “Clockstopers: O Filme”, com Mark usando o looping para evitar certos acidentes diários. Ainda há a referência a “Mochileiro das Galáxias” (isso eu não percebi, mas fontes confiáveis disseram que têm, então acredito). Outro filme de looping temporal que é citado várias vezes é “O Feitiço do Tempo”, aparentemente um clássico dos anos de 1990 com Bill Muray (não assisti, mas as citações fazem sentido). A resolução lembra muito também a forma como Tim, de “Questão de Tempo”, resolve lidar com seu poder de viajar com o tempo e eles tentam viver a extraordinárias, às vezes dramática, simples vida.
Ah, tem referência a Pokémon também, caso isso também atraia vocês de alguma forma. Falando em Pokémon …
Margaret é vivida por Kathryn Newton, conhecida pelo filme “Pokémon: Detetive Pikachu”, mas não só, ela está presente em “Três Anúncios Para Um Crime”, “Lady Bird” e estará no próximo filme do Homem Formiga. Ela também conhecida pelas séries “Supernatural, “The Society” e “Big Little Lies”.
Mark é interpretado por Kyle Allen, conhecido pela série “American Horror Story” e pelo filme “All My Life”, mas já está confirmado para o elenco da nova versão de “West Side Story”. Detalhe, ele começou como cameraman, há alguns anos conseguiu destaque na frente das câmeras, começando a se destacar no cinema. A grande surpresa do elenco foi a mãe de Margaret, Greta, ela é interpretada por Jorja Fox, famosa pela marrenta e competente perita Sara Sidle, de “CSI” (o clássico, de Las Vegas). Ela teve umas duas cenas, mas em um personagem bem diferente, deu para matar as saudades e ainda ver outra vertente de atuação dela.
Mais um filme com o famoso “feel good factor” … Prime Video, manda mais que eu assisto todos.
Até mais!