Cada um pode crer no que quiser, é por isso que se diz que não se discute quando o assunto é religião, futebol e política, deve existir respeito quanto às opiniões envolvidas.
A crença em Deus e em Jesus Cristo não é tão absoluta quanto imaginamos, há quem afirme que Ele não existe ou que não tem todo o poder que se dizem que tem.
O filme biográfico “Em Defesa de Cristo” (The Case of Christ – 2017) aborda este delicado assunto. Esta é a adaptação cinematográfica da obra literária “O Caso de Cristo”, best seller escrito por Lee Strobel.
Tanto o filme quanto o livro falam da trajetória de Lee Strobel de um ateu cabeça dura a um pastor.
Lee era um jornalista, daqueles que desconfiava de tudo, investigava todo tipo de informação, e muito cabeça dura. Ele dizia que acreditava em fatos e que não era plausível que um homem tivesse ressuscitado e realizado todos os milagres, afinal as evidências eram muito antigas.
Essa inflexibilidade dele quanto a crença religiosa não tinha influenciado a relação de Lee com a esposa até um certo momento, quando a filinha deles se engasga com um doce e quase morre asfixiada, não fosse uma enfermeira que, por acaso, estava no mesmo restaurante e conseguiu que a menina desengasgasse.
Quando Leslie, a esposa de Lee, ver que a filha estava bem foi agradecer a senhora e ouviu o seguinte dela: não é uma coincidência, ela e o marido iriam para outro restaurante, mas algo disse a ela que deveriam ir para esse porque ela seria necessária.
Isso tocou Leslie mais do que ela imaginava. Aos poucos ela foi buscando a religião, tentando entender quem era Deus e tentando levar isso para casa. Porém encontra um marido extremamente inflexível, que se põe completamente contra a essa nova crença da esposa.
Um dos argumentos dele era que todas as religiões fazem parte de seitas, eles fazem lavagem cerebral nas pessoas para que eles possam fazer doações e outras coisas.
A curiosidade jornalística e a vontade de tirar a esposa da igreja fizeram Lee entrar na maior investigação da sua vida, partindo do seguinte pressuposto: toda a crença em Jesus Cristo é baseada na ressureição, se ele provasse que a ressureição não existiu ele provaria que a crença é infundada.
Ele começou visitando as antigas escrituras e conversando com padres. Buscou também médicos, primeiro uma psicanalista para saber se era possível uma alucinação conjunta (porque haviam testemunhas da ressurreição), depois um especialista no assunto, que dedicou toda a sua carreira pesquisando a morte de Cristo.
As evidências são plausíveis, porém Lee não estava aberto para ouvir e acreditar naquilo tudo. Todas as evidências foram vistas a exaustão e a conclusão é que não há respostas conclusivas se não houver fé.
O questionamento quanto a existência ou não de um Cristo ressuscitado é muito válido, especialmente quando é feito por um jornalista, uma vez que dá abertura para uma investigação profunda de cada detalhe que envolve um dos pilares da crença cristã.
Por outro lado tem dois detalhes que não me agradou muito.
O primeiro é o fato de colocarem a fé cristã baseada apenas na ressureição de Cristo. Sou católica e acredito nisso, mas também acredito que a fé que sentimos também está na existência de um Deus, um Pai Celestial, que existiu bem antes de Jesus Cristo. Assunto delicado e polêmico, mas que vale a reflexão.
O segundo é a falta de um meio termo, tudo é muito inflexível, ou a pessoa é completamente ateu ou era um crente fervoroso. Acredito que seguir uma religião não te obriga a ter argumentos apenas bíblicos e viver dentro de uma igreja.
É possível acreditar em Deus e em Jesus sem se tornar uma beata e, da mesma forma, é possível ser ateu e respeitar quem tem crenças religiosas. Essa visão fechada do filme passa uma ideia antiquada da religião, qualquer uma.
Apesar desses detalhes, recomendo muito que todos assistam esse filme e vejam os argumentos de ambos os lados, a reflexão vale para ambos os lados, em especial para que todos tenham respeito entre si.
Beijinhos e até mais.