Como este post será publicado após o lançamento do filme, certamente a maioria já está ciente de que a aceitação de Venom foi fraca pelo mundo. Infelizmente, isso não foi diferente aqui.
Nadarei contra a maré e farei o papel de defensor desse longa-metragem que tem como principal função inserir o simbionte em um universo da Marvel ainda sob a tutela da Sony. Ao contrário do que muitos esperavam, não houve um massacre e pedaços de corpos por toda a trama, mas é válido lembrar que nem sempre o vilão esteve a serviço do mal.
Jekyll and Hyde.
Ainda que alguns possam não ter percebido, Venom é uma versão moderna para o clássico da literatura “O médico e o monstro”. Mais do que um simples filme sobre um monstro alienígena, a obra quer debater os problemas mentais, visto que em boa parte do longa é possível ver Eddie Brock como alguém que sofre de uma possível esquizofrenia. Nós, lógico, sabemos a origem das “vozes”, porém o protagonista não sabe o que realmente está falando com ele.
O legal foi a abordagem da convivência entre o homem e o parasita (hum… é melhor não falar mais sobre ele com esse adjetivo) cuja visão tende mais para uma real troca. A dependência dos dois (um pelo outro) é doentia e divertida, já que as outras cobaias não suportaram as relações simbióticas entre as espécies.
Ver Eddie conversar com algo em sua mente remete aos problemas psiquiátricos que atingem incontáveis pessoas pelo mundo. Quantos crimes ou problemas surgiram por conta das “vozes” alegadas por pessoas doentes? Claro que não é esse o caso, mas é perceptível que eles se valeram dessa proximidade para criar os diálogos entre o alienígena e seus hospedeiro.
No geral, ficou a sensação de que um ser domina o outro. Venom começa a agir para garantir a sobrevivência de Eddie e a sua própria, assim como faz o sinistro Mr. Hyde na literatura. Com o tempo, os dois estabelecem uma dependência mútua, além de simpatia.
O que os haters queriam?
Antes do filme ser lançado no Brasil, o Rotten Tomatoes já anunciava que grande parte das críticas era negativa. Não vou analisar a opinião alheia, porém é óbvio que muitos esperavam algo mais sombrio, violento e gore. Eu já esperava por um filme mais ameno (e isso não impediu o assassinato de pessoas pelo simbionte) com base em dois fatos: nos quadrinhos o Venom oscilou entre o anti-herói, o vilão e o assassino; segundo, dificilmente Tom Hardy (em uma ótima fase) iria assumir um papel onde ele fosse a essência do mal (tal como queriam os críticos). Fora isso, há outros simbiontes realmente malignos nas HQ que fazem com que a criatura que já foi o uniforme do Homem-Aranha seja vista como um escoteiro. Riot e Carnificina são apenas alguns dos exemplos.
A Sony e a Marvel optaram por trazer às telas a face menos maligna do personagem. Tanto Eddie Brock quanto o Venom foram apresentados nesse filme de forma branda, algo que existiu nos quadrinhos. Assim, caso vocês tenham visto ou lido a crítica de alguém que afirmou ser essa criatura a essência do mal, podem ter certeza que não é bem assim.
Particularmente, eu optaria pela versão vilanesca do personagem, mas compreendo as escolhas do diretor e roteirista. Essa apresentação menos sangrenta trará para perto um público mais jovem que, em breve, se tornará consumidor de outros filmes do simbionte e seus derivados. Foi uma escolha voltada ao lucro a longo prazo que pode dar errado, já que o grande público aguardava algo tão tenso e violento quanto Logan.
Essa versão mais pesada virá, provavelmente, em uma sequência, principalmente se levarmos em conta uma das cenas pós-créditos. Ao menos assim espero…
O vilão do filme.
O líder da Fundação Vida, Carlton Drake (Riz Ahmed) se mostra um indivíduo apático ao valor de vida humana. Para ele, o que conta é o potencial lucrativo das armas biológicas encontradas no espaço, os simbiontes.
Com base nisso, ele expõe funcionários, cobaias e seres humanos sequestrados ao perigo latente das criaturas alienígenas. A perda de vidas é irrisória quando confrontada com a possibilidade de desenvolver a mais letal das armas.
É fato que o desenvolvimento do personagem poderia ser melhor, principalmente no final do filme, mas há coerência em suas atitudes e, sejamos francos, nem todo homem ruim precisa de uma motivação ou passado triste. Drake é mau por escolha própria, um indivíduo que sente prazer com o poder.
Apesar de não ter o potencial de Kilmonger ou o Abutre, não é tão raso quanto outros que vimos em produções como Thor ou Homem-Aranha 3, por exemplo.
Conflitos.
Além de Drake, Venom (e Eddie) se vê diante de Riot, um simbionte que tem muito mais controle de suas capacidades, mais maligno e impiedoso. Em uma parte da trama, Venom explica para Eddie que há algo entre eles em comum, o que talvez tenha facilitado a simbiose e o desenvolvimento da “parceria”.
Juntos eles não só são capazes de sobreviverem como também podem enfrentar os desafios que a história lhes impõe.
Visualmente, as cenas de ação e lutas são bem elaboradas, apesar da opção do diretor pelas tomadas mais escuras, o que facilita a aplicação do CGI.
Ficou bem legal a forma como mostraram as fraquezas do simbionte, em especial a cena onde este é exposto a uma aparelho de ressonância magnética.
A parceira.
Eddie não passa por essas complicações sozinho. Ele conta com o próprio simbionte e com uma ex-namorada que é vital para a sobrevivência deles: a bela e inteligente Anne Weying, interpretada pela atriz Michelle Williams. Michelle traz uma boa dose de charme e humor à história, mas não se limita ao papel de mulher frágil.
Cenas pós-créditos.
Há duas cenas pós-créditos. A primeira está ligada diretamente à sequência do filme. A segunda não é bem aquilo que estamos acostumados aos filmes da Marvel, mas uma propaganda da nova série Homem-Aranha no Aranhaverso.
Então, fiquem com o trailher deste novo universo do Aranha e também com um bônus do sensacional Victor Lamoglia.
Assistam Venom e comentem aqui se gostaram ou não da história. Ah! O filme foi sucesso de bilheteria em sua semana de estreia…