Antes de mais nada, se você, como eu, nunca assistiu um filme coreano, peço que não desista dessa resenha, dará a vocês uma perspectiva sobre um longa de horror, terror, mistério e drama com olhos puxados.
O projeto “Sofá Digital” (Video on Demand) disponibilizou o filme “O Lamento” (“The Wailing” – 2016) a essa humilde colunista. É uma produção dos EUA e da Coreia do Sul, sendo interpretado por atores sul coreanos e um japonês, falando seus respectivos idiomas.
A trama se passa na pequena cidade de Goksung, de aspectos familiares bem tradicionais e, aparentemente, bem tranquila. Esta tranquilidade é perturbada quando um velho japonês se instala no meio da floresta nos arredores da cidade. Desde então bizarros assassinatos começam a ocorrer.
Certo dia a força policial é avisada que a esposa de um antigo morador havia morrido, quando o oficial Jong-Goo chega a ver que a situação é bem pior. A casa havia sido incendiada; uma velha (supostamente falecida) havia matado todos da família, menos um rapaz, que estava, aparentemente, drogado e em estado de choque na varanda da casa. Um verdadeiro cenário de horror.
A partir daí Jong-Goo começa a investigar o que realmente aconteceu ali, investigação essa que acaba se misturando com problemas pessoais da família do oficial. Tanto que sua própria filha é “infectada” pelo mal que se estabelece.
Jong-Goo, junto com seu parceiro de trabalho e alguns outros informantes, vai buscar informações com o próprio velho japonês. Dentro da casa do estranho, ele vê fotos de todas as vítimas da cidade e alguns objetos pessoais deles, incluindo da sua filha, além de um macabro altar. Segundo os boatos, o tal velho não é uma pessoa, mas sim um espírito mal, alguns até diziam que era um demônio.
A sogra de Jong-Goo, preocupada com a família, chama um renomado curandeiro para exorcizar o espírito que havia se instalado na neta. Ele surge, faz um ritual bem incomum por lá, mas as coisas não saem como o esperado, a menina acaba piorando e é levada pelo para o hospital.
O filme acaba sem muitas respostas, apenas descobrimos que o curandeiro na verdade ajudava o velho e que a jovem louca que aparece na cena do crime é algum espírito, só não fica definido (para mim) se ela é do bem ou do mal.
Vamos por partes. O filme é de terror? Dá susto? Tem cenas macabras? Até que tem tudo isso, tem alguns bons efeitos especiais, a caracterização do velho, quando ele está na forma de espírito, e das cenas de crime são ótimas, mas a atuação…
Não quero generalizar, esse foi só o primeiro filme sul-coreano que assisto na vida, porém foi difícil assistir as longas 2 horas e 40 minutos de filme!!!!
De todo o elenco só tem dois atores que posso dizer que tiveram uma boa interpretação, Jun Kinimura, que faz o velho japonês/demônio, e Woo-hee Chun, que é a jovem louca/espírito indefinido. Eles deram veracidade aos respectivos personagens, em especial o velho, com toda a calma e bizarrice dele. Ainda tem a sogra de Jong-Goo, que aparece poucas vezes, mas tem presença marcante e é essencial para o desenrolar da trama.
O resto do elenco é negação. Entre não dar a intenção correta na maioria das falas e se moverem como Power Rangers nas cenas de ação, o elenco parece ser mais dramático do que os de novela mexicana.
O mais bizarro nas interpretações foi o Curandeiro, ele é uma versão macabra e oriental de Juanito, dos “Padrinhos Mágicos” (aquele que ia atrás de Wanda sempre), de todos foi o mais caricato, chegou a ser cômico assistir o tal ritual até certo momento, depois eu quase desisto de terminar o filme.
Um último comentário que preciso fazer é sobre a dublagem. Assisto muito filme em áudio original, mas esse assisti dublado em português, o que foi bom, porque não entendo nada de coreano. Os profissionais de dublagem brasileira têm feito trabalhos maravilhosos, tanto em animações quanto em filmes “normais”, mas essa é uma infeliz exceção.
Bom, imagino que não tenha sido fácil dublar, afinal a atuação não foi boa. Dublar quem atua bem já é complicado, avalie dublar má atuação. Nesse caso até a seleção das vozes foi ruim, o pior de todos foi a filha do policial.
De toda forma, foi bom conhecer a produção sul-coreana, mas espero sinceramente que existam atores melhores e darei chance para outras produções, porque o filme em si tinha chances de ser bom. Façam isso também, não desistam deles nem dos dubladores brasileiros, tem muita gente boa dublando!!!
Beijos e até a próxima.
1 Comment
[…] Bom, conto muito mais lá na resenha intitulada “Velho Demônio”. […]