Vale a pena mudar? – “20 Anos + Jovem”

A crítica aos casais com grandes diferenças de idade é o enredo de muitas comédias românticas, especialmente quando enfrenta o que não parece natural para a sociedade, ou seja, mulheres namorando homens bem mais jovens.

Esse clichê funcionou em vários filmes estadunidenses, mas a Amazon Prime Video dá acesso a filmes de outras nacionalidades, como “20 Anos + Jovem” (“20 Ans D’Écart), da França. Esse longa francês é de 2013, ele é dirigido por David Moreau, que também assina a ideia original, o roteiro e a adaptação, ao lado de Amro Hamzawi e da atriz que protagoniza a comédia, Virgínie Efira.

Virginie Efira dá vida a Alice Lantins, uma competente e ambiciosa editora de uma revista de moda, a Rebelle. Embora Alice dê o sangue por seu trabalho, o seu chefe, que costumava ser seu amigo também, pouco valoriza isso, sempre faz questão de mostrar a ela que a sua “concorrente” a próxima promoção parece ser mais descolada, mais o perfil da revista. É verdade que Alice pouco tem vida social, além do trabalho ela cuida da filhinha, Zoé, e comparece aos jantares da irmã, mas nem sequer pensa em investir em um novo relacionamento depois de seu divórcio. Isso faz com que ela pareça fechada demais para o mundo.

O elemento que muda na vida dela tem nome e sobrenome, Balthazar Apfel. Eles se conhecem dentro de um avião, ambos estavam no Rio de Janeiro (objetivos diferentes) e voltaram “juntos” para Paris. Na viagem Alice está trabalhando em seu notebook e, na pressa de sair do avião, esquece seu pen drive, que fica com Balthazar. Quando ela dá por falta do pen drive ele já havia tentando entrar em contato, então ela retorna a ligação e combinam de se encontrar para Alice pegar o pen drive. Só que o local do encontro foi numa baladinha que também era frequentada por estagiárias da Rebelle, elas flagraram Alice com Balthazar, entenderam errado, mas fizeram questão de publicar no Twitter.

De repente Alice se tornou a papa-anjo, isso porque ela tem 38 anos e Balthazar tem 20 anos. A questão é que essa fama pode a ajudar a mudar sua imagem perante a revista e seus chefes, significando um passo a mais para a sua promoção. Alice aceita a ideia de um amigo de fingir estar namorando com Balthazar, levando-o a eventos da Rebelle e a outros espaços públicos que eles seriam vistos. Mas ele realmente havia se apaixonado por Alice, isso o fez se esforçar para estar em um relacionamento mesmo.

O jeitinho meigo e prestativo de Balthazar aos poucos derreteu a rigidez de Alice, fazendo-a se preocupar com o que ele estaria perdendo (da juventude) ao namorar com ela e em como ele reagiria ao saber da verdade sobre seu interesse nele. Para quem não gosta de comédias românticas esse filme pode passar despercebido, pode ser mais do mesmo, mas o estilo francês de abordar o assunto faz valer a pena parar uma hora e meia para assistir. O lado negativo é que ainda tem muito olhar machista, estereotipando alguns tipos de comportamento e usando expressão que não são nada aceitáveis, nem em 2013 nem em 2021 nem em tempo nenhum.

Do lado positivo temos a história, que é bem contada, mas um pouco diferente das comédias românticas tradicionais, e o casal protagonista. Já apresentei Alice, agora é a vez de Balthazar. O jovem magrelo, desajeitado e muito atencioso é vivido por Pierre Niney, ele iniciou a carreira na famosa Comédie-Française, sendo o mais jovem membro da companhia. Embora seja bom na comédia, o papel mais marcante dele (para essa colunista que vos fala) é no filme “Frantz”, de 2016.

Em tempos difíceis a saída é tentar sorrir um pouco dentro de casa mesmo, a Amazon Prime Video nos dá essa oportunidade.

Até Mais!

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