Batman: Uma Morte em Família
Salve Nosetmaníacos, eu sou o Marcelo Moura e hoje vamos falar do maior arco do Cavaleiro das trevas, Uma Morte em Família.
Batman: A Death in the Family: Batman (Bruce Wayne), Robin (Jason Todd) e Coringa (???). Uma morte em família é um arco de HQs do Batman publicada em 1988-1989, notabilizada por ter seu final decidido pelos fãs em uma votação por telefone promovida pela editora DC Comics, o qual era nada menos do que a morte ou não do segundo Robin (Jason Todd). Publicada nas revistas Batman 426-429, a história foi escrita por Jim Starlin e com arte de Jim Aparo (lápis), Mike DeCarlo (arte-final), Adrienne Roy (colorista) e John Costanza (letrista). As capas foram realizadas por Mike Mignola. A história foi publicada também em formato de livro com o título de Batman: A Death in the Family.
Sinopse: Jason Todd, o segundo Robin, encontra-se em um momento de dificuldade em sua relação com Batman e suas lutas contra os criminosos estão cada vez mais descuidadas e suicidas. Batman acha que deixou Jason assumir o lugar de Robin antes que o garoto tivesse superado a morte dos pais e quer que ele pare de agir como seu parceiro. Tenta conversar com Jason sobre os pais dele, mas o garoto se recusa a discutir o assunto. Depois, ao caminhar pela sua antiga vizinhança, Jason encontra a Senhora Walker, uma amiga de sua família desaparecida e que lhe dá fotos e documentos que foram de seus pais. Ao ler sua “Certidão de Nascimento”, Jason percebe que o nome de sua mãe está borrado, mas a inicial é uma letra “S” e não o “C” de Catherine Todd, a mulher que ele pensava ser sua mãe.
Jason conclui que Catherine era na verdade sua madrasta e resolve investigar a identidade de sua mãe biológica. Na agenda de seu pai ele encontra os nomes de três mulheres iniciados com “S” e usa o Batcomputador para descobrir o paradeiro atual delas. Todas estão fora dos Estados Unidos, vivendo no Oriente Médio e na África. Jason foge de casa e tentar encontrar o paradeiro delas. Nisso, o Coringa havia escapado do Asilo Arkham, deixando um rastro de morte atrás de si. Batman descobre que o bandido conseguiu um dispositivo nuclear e que vai vendê-lo a terroristas. O Coringa negocia com rebeldes do Líbano, país onde Jason se encontra. Sharmin Rosen, uma agente do Mossad, é procurada por Jason mas ela nega que algum dia estivera em Gotham City. Jason então vai atrás da segunda possível mãe, por coincidência uma inimiga de Batman chamada Lady Shiva e que está num acampamento de terroristas.
Batman ajuda Jason na luta contra os capangas da vilã e o rapaz dá a mulher uma dose do soro da verdade, descobrindo que ela também não é a sua mãe. Finalmente Jason vai até a Etiópia e se encontra com Sheila Haywood, uma assistente social. Ela prova ser a mãe e o encontro com Jason é emocionante. Mas, desconhecido por Batman e Robin, o Coringa tinha chantageado Sheila pois descobrira que ela praticara medicina ilegal (abortos) em adolescentes de Gotham e uma delas morrera. Com essa informação, o Coringa forçou Sheila a lhe fornecer medicamentos contrabandeados. O vilão pretendia substituir o conteúdo dos remédios pelo seu mortífero gás hilariante e matar milhares de pessoas. Ao descobrir que Jason é Robin, Sheila o entrega ao Coringa. O vilão desacorda o garoto com um pé-de-cabra e o prende juntamente com Sheila num armazém com uma bomba-relógio. Batman chega tarde e os dois são mortos pela explosão e incêndio que se seguiu.
Os corpos são enviados para serem enterrados em Gotham. Apenas Bruce Wayne e três amigos, o mordomo Alfred Pennyworth, o Comissário Gordon e sua filha em Barbara (Batgirl e Oráculo) comparecem a cerimônia. O Coringa agora está no Irã e se encontra com o Aiatolá Khomeini em pessoa, que lhe oferece uma posição no governo do país. O Coringa então vai para o prédio da ONU em Nova Iorque. Batman está do lado de fora do prédio em Nova Iorque quando Superman vem ao seu encontro, enviado pelo Departamento de Estado americano. Os dois brigam enquanto o Coringa aparece como representante do Irã na Assembleia-Geral da ONU. Ralph Bundy, um agente da CIA, avisa Batman que qualquer ataque ao Coringa poderá causar um incidente diplomático, pois o vilão agora tem imunidade em solo americano. Bruce Wayne comparece a Assembleia como um observador não-oficial e avista o Coringa vestido com um traje árabe.
No seu discurso, o Coringa declara que ele e os iranianos são tratados como ameaça pelo resto do mundo. Em retaliação ele anuncia que usará seu gás mortal na Assembleia. Um segurança atrapalha o vilão e o Superman aparece e consegue livrar o prédio do gás. Enquanto isso, Batman e o Coringa lutam. O Coringa foge num helicóptero pilotado pelos seus capangas. Batman salta atrás da aeronave e um dos capangas do Coringa tenta atingi-lo usando uma metralhadora. As balas acertam o piloto, que perde o controle e cai com o helicóptero e o Coringa no mar. Superman salva Batman mas não encontra o corpo do Coringa. Batman lamenta que todos seus confrontos com o Coringa terminaram do mesmo jeito: sem uma solução definitiva.
A decisão da morte de Jason:
DC Comics sabia da impopularidade de Jason Todd entre os fãs e talvez, inspirada na morte do personagem ocorrida na história alternativa de Frank Miller chamada Batman: The Dark Knight Returns, anunciou uma votação por telefone( sim, eram tempos sem internet) para que os leitores decidissem se Jason deveria ou não morrer. As chamadas foram feitas após a publicação da revista com a cena em que Jason e sua mãe estão presos no armazém. Após dez mil votos, uma grande maioria decidiu pela morte de Jason. A DC publicou então A Death in the Family com uma grande cobertura da mídia. Anos depois, O’Neil teria admitido que milhares de votos contra Jason foram dados por um único votante, deixando em dúvida a honestidade do procedimento.
Ele disse a uma entrevista para a Newsarama conduzida pelo escritor Judd Winick: “Eu ouvi que um cara tinha programado seu computador para discar o número do polegar para baixo (opção pela morte) a cada noventa segundos, por oito horas, o que teria feito toda a diferença”. Na história, Batman considera deixar seu código de moral de lado e matar o Coringa, coisa que ele não tinha feito antes, mesmo com o vilão causando dezenas de vítimas. O roteiro faz várias referências à política internacional, aludindo à Guerra Civil do Líbano, o conflito árabe-israelense, a Fome na Etiópia, corrupção política e estados terroristas. Quando vai ao Líbano, Wayne usa um passaporte falso da Irlanda do Norte, sob ataques terroristas na época. O Coringa atribui suas dificuldades financeiras que o levaram ao exterior aos “Reaganomics”, numa referência a política econômica de Ronald Reagan (na verdade, as autoridades tinham confiscados seus bens, conseguidos com os crimes). Alusões ao “Caso dos Irã-Contras” também são encontradas, inclusive com o Coringa tentando vender um míssel aos extremistas árabes que desejavam bombardear Israel. A aparição do Aiatolá Khomeini que indica o Coringa como o Embaixador do Irão, depois foi recontada e o país foi mudado para o fictício Qurac. O ranking da IGN deu a 15º posição a A Death in the Family, numa lista das 25 maiores histórias do Batman.
Polêmica envolvendo o filme Esquadrão Suicida:
Muito já falamos sobre os filmes da DC, desde a trilogia de Nolan, influenciado demais por Batman: Ano 1 até os novos filmes Esquadrão Suicida e Batman VS Superman em outras matérias e sobre as ótimas influências que ambos os filmes seguem das HQs, Batman: O Cavaleiro das Trevas Retorna, Batman: A Piada Mortal e agora Batman: Uma Morte em Família e nada melhor que uma boa polêmica para fãs e Nerds como nós, ficarmos em polvorosa nas redes sociais. O Coringa é o vilão mais clássico de todos os tempos do Batman assim como Lex Luthor é do Superman, já foi representado nas telas por famosos atores que deram vida a antítese do Batman e provaram que cabe ainda muito mais neste personagem de multi facetas.
Criado também pelo mago Bob Kane, quem não se esquece do ótimo Jack Nicholson no Batman de Tim Burton fazendo maestralmente o papel do Coringa, Cesar Romero da série clássica da TV, Heath Ledger no filme de Nolan e a voz de Mark Hamilton (Luke Skywalker) em inúmeras animações da DC. Nos atuais trailers da DC, muitas imagens impressionam com cenas mitológicas dos nossos personagens nesta nova fase de filmes da Warner / DC, lembrando muito os clássicos Batman: Cavaleiro das Trevas Retornar ou Batman: Uma Morte em Família, com a cena em que o Batman enfrenta o Escoteiro ou os dizeres que A Piada é Você, Batman, na estátua do Robin na Batecaverna, a mesma estátua que o Batman das HQs mantinha para homenagear e nunca se esquecer da tragédia do segundo Robin Jason Todd.
Este novo cartão de visita, com estas interpretações, só que mais reais do que a falta de visão dos filmes dos anos 80, tem agora o novo Coringa de Jared Leto como desafio no filme Esquadrão Suicida. O que não esperávamos era um marketing tão divertido e polêmico em volta do novo Coringa causasse tanto furor através de uma suposição de um fã que afirma que o novo Coringa poderia ser o próprio Jason Todd, através de dicas e pegadinhas que poderiam dar a entender essa relação, com as mensagens escritas no jornal nas mãos de Bruce Wayne ou na estátua do Robin. Após alguma pesquisa, tanto nas afirmações do fã quanto no que foi passado pela DC, chegamos a conclusão que é muito vago a afirmação baseado em quase nada. Na verdade não há nada claro e cria mais uma apimentada na longa relação de Batman e Coringa e demonstra o quanto é forte e importante o arco Uma Morte em Família para fãs. As supostas pistas podem ser apenas uma forma de encaixar o novo Coringa no universo e diferenciá-lo do de Nolan, só que é difícil se chagar a alguma conclusão.
O problema é mitológico e interpretativo para o fã de HQs, para o cinéfilo tanto faz, contando que de certo. Se pararmos para pensar do Coringa ser Todd, em um capítulo da animação Batman do Futuro, isto foi feito sem grandes consternações pelo velho Coringa através de uma sugestão hipnótica, existindo então dois Coringas. O problema é transformar Jason Todd no Coringa original é que cria vários problemas na cronologia do herói e do vilão, tanto no cinema quanto nos quadrinhos, torna o coringa jovem demais, pelo menos de dezesseis a vinte anos, passa por cima de Dick Grayson, o primeiro Robin e atualmente Asa Noturno, que poderá também estar na nova franquia, e talvez da Barbara Gordon (Batgirl e Oráculo), na qual o próprio Coringa aleijou no maravilhoso arco, A Piada Mortal.
Mas por outro lado, daria ao Coringa acesso a todas as informações mais perigosas sobre Bruce Wayne e o tornaria um vilão perigosíssimo ou mais ainda que o é. Tudo isso é interessantes, polêmico, cria inúmeras conjecturas e quer saber, diverte demais. Procurar easter eggs é sempre gostoso porque faz você pensar em inúmeros arcos que já leu tentando entender o que pode acontecer. Parabéns a mega Warner / DC por em um ano antes de suas principais atrações, conseguir fazer tanto burburinho no ano da Disney / Marvel. Já conferiu os trailer aqui no Noset? Tem também uma ótima Matéria sobre a Animação do Batman: Assalto a Arkham.
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