Um motorista de Táxi – A corrida que mudou a Coréia.

Abril de 1980. Coreia do Sul. Após 18 anos de mandato, o ditador Park Chung-hee foi assassinado. Os movimentos de democratização, reprimidos durante o mandato de Park, voltaram com força. Ao tomar o poder através do Golpe de Estado de 12 de dezembro, o General Chun Doo-hwan instituiu a lei marcial sobre todo o país. Esse é o cenário do filme representante do país ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2018.
O taxista de Seoul Kim Man-seob (Kang-ho Song) enfrenta uma série de dificuldades. Quem é taxista sabe dos perrengues da profissão: calotes, ruas desconhecidas, trânsito causado pelos movimentos estudantis, imposto sindical. Pra piorar, é viúvo, pai de Eun-jeong (Yoo Eun-mi) e está devendo aluguel. Agora, sua oportunidade de ouro será levar e trazer um passageiro para Gwangju, há 330 km ao sul de Seoul. O passageiro é o repórter cinegrafista da ARD Jürgen Hinzpeter (Thomas Kretschmann). Correndo o risco de vida pela censura à imprensa nacional e estrangeira, ele terá de registrar imagens do massacre de civis e estudantes. Uma aparente corrida cara de táxi irá entrar a história nacional. 
Dirigido por Jang Hoon, assistente do diretor de longa data e discipulo de Kim Ki-duk, premiado com o Leão de Ouro por Pietá (2012), é o terceiro de sua carreira, o segundo a representar o país na categoria de Melhor filme estrangeiro e o primeiro sem a produção do seu mestre. O roteiro de Ho Kei-ping tomou muitas liberdades criativas sobre a veracidade do taxista, já que o jornalista nunca soube maiores detalhes para localizá-lo. Dando a esse drama documental, nuances de tensão e alivio cômico
Embora a câmera denota uma metalinguagem de documentário sobre um documentarista em seu trabalho com suas tremidas e sacudidas, internas no carro, close nos dois protagonistas e imagens vindas da câmera de época de Jurgen, há muitas cenas de ação e de humor típicas do cinema coreano. Nas cenas de massacre e perseguição de civis pelos militares, temos a sensação de assistir um filme de ação e suspense. O humor fica por conta da ignorância de Kim como taxista, sua péssima fluência em inglês e seu aparente egoísmo sobre a situação do país além do choque cultural de Jurgen com a cultura coreana.

 

A respeito dos dois protagonistas, os dois atores merecem muito destaque pelo desenvolvimento de seus personagens ao longo da trama para tornar sua amizade marcante e forte diante das adversidades da trama. Song interpreta seu papel consagrado no outro drama documental The Attorney sobre um individualista que será um ser humano altruísta sem soar piegas e forçado. Thomas, apesar de ator alemão, já teve passagem em grandes produções hollywoodianas como os filmes da Marvel Studios no papel do Barão von Strucker, lider da HIDRA e inimigo da S.H.I.E.L.D. O elenco de apoio é muito bem dirigido ao demostrar dor, sacrifício e perdição nos planos abertos sem deixar forçado a proteção ao repórter estrangeiro. Seja o núcleo de estudantes, seja os taxistas de Gwangju, em sua missão de levar vítimas aos hospitais sem cobrar pela viagem.

 
Com isso, os brasileiros se sentiram familiarizados pela época da ditadura militar e pelos protestos nos anos 2010 contra a corrupção política. O longa explora os valores humanos como a vulnerabilidade do homem diante das mazelas nacionais, diferenças entre cidade grande e cidade pequena e a importância da mídia para mudar a situação do país. Se não conseguir ir adiante, ainda será visto em muitas amostras de cinema.

https://www.youtube.com/watch?v=LJp9Rp3iU74

 

Título Original: Taeksi Woonjeonsa

Diretor: Jang Hoon.

Roteirista: Ho Kei-ping.

Elenco: Song Kang-ho, Thomas Kretschmann, Ryoo Yun-ryul, Oh Dal-su.

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