Um dos maiores artistas do mundo – “Siron. Tempo Sobre Tela” (documentário)

Vida e arte se misturam, por vezes é uma coisa só, um pouco de realidade, um pouco de sonho. Essa premissa é semelhante com o que se é mostrado no documentário “Siron. Tempo Sobre Tela”.

Essa produção é assinada por André Guerreiro Lopes e Rodrigo Campos, mostra um pouco da trajetória e do processo de criação do pintor goiano Siron Franco, de 71 anos. Este foi um dos destaques da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo do ano de 2019, contudo só agora chega às plataformas digitais (streamings), por meio da distribuição da Pandora Filmes.

Descrever um documentário é uma tarefa difícil, ainda mais quando este retrata a vida de um artista, um pintor que segue seus próprios padrões e processos. Siron foi apontado como um dos maiores artistas do mundo pelo escritor Ferreira Gullar, esse destaque foi confirmado quando expôs e vez sucesso da Bienal de São Paulo de 1974.

A filme une gravações pessoais do pintor, alguns registros de trabalhos específicos, e a gravação destinada ao documentário, onde Siron explica um pouco de suas inspirações, evidenciando sua personalidade e, como muitos descrevem, sua genialidade.

Alguns pontos chamaram mais atenção, como, por exemplo, a frase “Eu lembro mais das coisas que pintei do que das coisas que vivi”, mostrando o quanto de energia e intimidade que o artista tem com sua obra. Em outro momento comenta que muito do que aparece em suas telas, suas obras, veio de seus sonhos, ressaltando que ele consegue lembrar dos sonhos em detalhes, podendo representar muito bem na tela.

Outro ponto interessante é questão da religiosidade. Ele fala que foi criado em uma família de religiosidade dividida, parte era católica, parte era protestante e a terceira parte seguia a doutrina espírita, mas ele mesmo sente muito mais identificação com os rituais e entidades indígenas.

São mostrados momentos em que ele está trabalhando em esculturas e pinturas inspiradas na cultura indígena, a narração é feita por ele mesmo, lembrando de alguns preconceitos históricos.

O formato do documentário não é muito do meu gosto, é uma abordagem muito íntima e, por vezes, intimidadora. Contudo, esse é um detalhe de gosto, de opinião, não é razão para deixar de recomendar uma obra nacional, de um artista que valoriza as raízes brasileiras em toda sua trajetória de vida e trabalho.

Até mais!

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