Close
CULTURA

Theatro Municipal de São Paulo apresenta duas óperas em montagem inédita que reflete sobre a guerra e a paz

Theatro Municipal de São Paulo apresenta duas óperas em montagem inédita que reflete sobre a guerra e a paz
Foto: Larissa Paz/Divulgação
  • Publishedjulho 17, 2025

O Theatro Municipal de São Paulo prepara uma programação especial para julho com a estreia de uma montagem dupla inédita que une dois grandes mestres da ópera: Giacomo Puccini e Richard Strauss. Em uma produção marcada pela reflexão sobre conflitos e reconciliações, o espetáculo reúne “Le Villi” (As Fadas), primeira ópera composta por Puccini, e “Friedenstag” (Dia de Paz), obra raríssima de Strauss que será apresentada pela primeira vez na América Latina.

Com direção cênica de André Heller-Lopes e regência da maestra Priscila Bomfim, as apresentações acontecem de 19 a 27 de julho. A montagem, com classificação livre, terá cerca de 170 minutos de duração, incluindo intervalo. Os ingressos já estão à venda e variam entre R$ 33 e R$ 210 (inteira).


Dois universos, um mesmo palco

Apesar das diferenças estilísticas e temáticas, as duas óperas dialogam entre si por meio de uma encenação criativa que propõe um fio condutor narrativo entre os atos. Segundo o diretor André Heller-Lopes, a proposta foi criar um arco dramático que parte do encantamento e das emoções intensas de Le Villi, situado em um mundo fantasioso nos anos 1930, até chegar à tensão e ao desejo de reconciliação em Friedenstag, ambientada no cenário de guerra dos anos 1940.

“Estamos em um ano simbólico, que marca os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, mas ainda vivemos tempos de instabilidade e conflito. Essa produção busca justamente provocar essa reflexão, costurando as histórias por meio de um personagem — Roberto, um soldado que conecta as duas tramas”, explica Heller-Lopes.


Elenco, equipe e datas

As apresentações contarão com dois elencos alternados, compostos por nomes importantes da cena lírica nacional, como Rodrigo Esteves, Gabriella Pace, Eric Herrero, Johnny França, Daniela Tabernig, Leonardo Neiva, Eiko Senda e Marcello Vannucci.

A equipe criativa também inclui a cenógrafa Bia Junqueira, o designer de luz Fábio Retti, a figurinista Laura Françozo e a assistente de direção cênica Ana Vanessa. O Coro Lírico Municipal terá regência de Hernán Sánchez Arteaga.

Datas e horários das apresentações:

  • 19, 20, 26 e 27 de julho (sábados e domingos) às 17h
  • 22, 23 e 25 de julho (terça, quarta e sexta) às 20h

As obras

Le Villi (As Fadas), escrita por Puccini em 1884, é inspirada em lendas eslavas sobre espíritos femininos que se vingam de amantes infiéis. A ópera, que mistura música e dança, traz uma atmosfera gótica e simbólica, com influências do balé Giselle. A montagem explora a dualidade entre o real e o fantástico, com referências visuais ao clássico do cinema “Metrópolis”.

Friedenstag, composta por Richard Strauss às vésperas da Segunda Guerra Mundial, traz uma poderosa mensagem de paz em tempos de tensão. Ambientada ao fim da Guerra dos Trinta Anos, a ópera se desenrola dentro de uma fortaleza sitiada, onde a escolha entre rendição e sacrifício abre caminho para um final inesperado de reconciliação.

“Apesar de ter sido usada em determinado contexto político na Alemanha, Friedenstag é, acima de tudo, uma obra humanista. Trazê-la ao Brasil é uma forma de resgatar e dar novo significado a essa criação de Strauss”, afirma o diretor.


Um encontro de estilos

Para a maestra Priscila Bomfim, a união das duas obras oferece ao público uma rara oportunidade de presenciar o contraste entre as estéticas italiana e alemã da ópera. “Puccini traz melodias apaixonadas e acessíveis, enquanto Strauss nos confronta com uma música densa e carregada de tensão dramática. A fusão dessas linguagens oferece uma experiência artística potente e impactante”, destaca.

Written By
Redação