Social Comics – Legião, de Salvador Sanz
“Legião” é uma palavra que provoca um desconforto, impacta, talvez por trazer à memória a famosa passagem bíblica onde Jesus ordena que a Legião de demônios que habitavam o corpo de um homem passassem para uma grande quantidade de porcos que, depois, se atiraram nas águas de um lago e pereceram. Mas essa é outra história…
Legião é mais uma obra do fantástico ilustrador Salvador Sanz (que também atua como roteirista). A graphic novel mostra um horror no melhor estilo H.P. Lovecraft.
Comecei a ler esta história ainda com a sensação de que havia esperança. Cinema, quadrinhos ou seja lá quais forem as referências, o fato é que faz tempo em que não vejo/leio algo onde o mal prevalece do início ao fim (não se assustem, isto não é spoiler ou prejudica a leitura da obra).
Sanz produz um horror de forma visceral, despudorada. Suas imagens são impactantes e não poupam ninguém. Personagens morrem com uma facilidade que só vi na série Game of Thrones. O mal, nesta obra, é mais plausível que em Hellraiser, principalmente quando o assunto é poder.
Resumindo, entre de cabeça nesta trama, porém sem os arquétipos e estereótipos de filmes de terror ou de outras HQ.
O roteiro
A trama foi elaborada com extremo primor, mas poderia ser mais longa. Os personagens são bons, porém não há aprofundamento, fruto da ação rápida que o autor impõe ao leitor. De qualquer forma, eu gostaria demais que essa narrativa fosse alongada, apesar de ter 54 páginas (mais 12 páginas de extras). A verdade é que li vorazmente esta graphic novel em poucos minutos. Li como se algo estivesse me hipnotizando… e isso é ótimo.
A história se passa na Argentina. Lá, o caos se instaura com velocidade assustadora. Nada pode deter o mal que assumiu as rédeas do destino de todos os moradores, incluindo o poder sobre a vida e a morte.
Inicialmente, uma mulher descobre uma nova cor, cujo nome é por si só sugestivo: ultramal. Em paralelo a isso, outros fatos são somados e geram uma espécie de portal para o inferno. Mas não interrompemos a narrativa aí. Há criaturas que buscam as peças para completar esse portal. Tem início uma busca que não poupará crianças, velhos, doentes ou inocentes.
Não vou entregar mais do roteiro, porém posso afirmar que há coerência na proposta de Sanz, talvez até mais do que em Hellraiser, já que os demônios são maus em níveis indizíveis e fortes a ponto de massacrar uma cidade inteira.
Atentem para o final, quando as peças se encaixam. Lá vocês descobrirão que o roteiro é melhor do que aparentava.
Colorização e desenhos
A Graphic Novel