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Segredos e símbolos – “O Segredo do Graal”

Segredos e símbolos – “O Segredo do Graal”
  • Publicado em: fevereiro 8, 2018

Mistérios e segredos em lendas e histórias fazem o tempero que alavancam a trama, como acontece na história do rei Arthur, com toda aquela obsessão pelo Graal.

O Graal é uma lenda relacionada a Jesus, alguns afirmam que é o cálice que ele usou na Santa Ceia e que ele representaria o que há de mais puro e sagrado no mundo.

A lenda do Graal e a relação desta com o melhor cavaleiro do rei Arthur, Perceval, inspiraram muitos romances, contos e livros que se dizem descritivos, como, por exemplo “Romance do Graal de Chrétien de Troyes”, escrito no século III.

Patrick Paul, um médico francês que se dedicou a pesquisas de tradições espirituais, escreveu “O Segredo do Graal”, no qual interpreta passagens daquele outro, de Chrétien de Troyes. O primeiro volume, “Perceval e a Via da Libertação” foi lançado em 2017 pela editora Polar.

Para interpretar alguma coisa para alguém essa coisa deve ser conhecida para esse alguém, certo?! Por saber que nem todo mundo conhece “O Romance do Graal”, mas a mensagem por trás dele deveria ser retratada, então Patrick Paul organizou seu livro para que todos entendessem, trazendo o trecho que seria interpretado e depois a interpretação de fato, funcionando como capítulos.

Em suma, para falar de um livro é preciso falar do outro.

“Romance do Graal” retratada a vida de Perceval, um jovem ingênuo que sonha em ser cavaleiro do rei Arthur, isso depois de ter visto alguns desses guerreiros que pareciam anjos. Ele sai de casa em busca desse sonho, mesmo quando a mãe confessa que perdeu o marido e os filhos mais velhos em batalhas, porque eles eram cavaleiros, por isso ela não queria que Perceval também foi.

Conseguir o posto de cavaleiro não foi difícil, sua perseverança o ajudou muito. Mas os problemas o fizeram crescer, primeiro a sua inocência, senão ignorância, o leva a conclusões erradas, mas depois de tantos aprendizados ele se torna exemplo de conduta.

O fato de ter sido escrito no século III, toda a linguagem usada é feita por simbologia, e é aí que entra a importância do “Segredo do Graal”. Paul tenta trazer cada detalhe do trecho que apresenta, desde as entrelinhas até as peças de roupas que são descritas, passando por cores, objetos citados, lugares e até a numerologia, representada pela quantidade de soldados, por exemplo.

Exatamente por esse nível de detalhe, de cuidado em saber exatamente o que cada coisas representa, mesmo que passe despercebido quando o texto é lido, que “O Segredo do Graal” é um livro extremamente denso e um pouco cansativo. Lembra um pouco manuais de curso, que pode ser livro inteiro ou usado como consulta.

O que se poderia ser consultado nesse livro? As simbologias, com certeza.

Para dar um exemplo dessa simbologia. A “Gasta Floresta”, onde Perceval nasceu e cresceu com sua mãe, representa o mundo espiritual e, simultaneamente, o potencial de morte.

Sobre a Polar Editora: Desde a sua criação, em janeiro de 1996, a Polar Editorial tem por objetivo demonstrar que a sabedoria que muitos têm buscado nas tradições espirituais orientais também está presente em grandes obras e autores das tradições espirituais ocidentais, ou seja, em nossas próprias raízes culturais. Essa sabedoria, apresentada com diferentes roupagens, conforme o lugar, a época e a cultura em que foi veiculada, é essencialmente a mesma em todos os tempos e lugares.

Por isso, a Polar tem uma Linha Editorial muito definida: publicar especialmente grandes obras e autores das tradições espirituais do Ocidente que fazem parte das raízes culturais brasileiras, mas que ainda são inéditas em nossa língua.

“A Polar Editorial sempre se manterá fiel a este objetivo. Publicará poucos livros por ano e não modificará sua Linha Editorial, independentemente da maior ou menor venda de seus títulos, na intenção primeira de contribuir para o aprofundamento e a ampliação das perspectivas culturais brasileiras”, afirma o editor Américo Sommerman.

Sobre o autor: PATRICK PAUL (PHD) é Doutor em Medicina (Universidade de Marselha), Mestre em bioquímica e microbiologia (Faculdade de Ciências da Universidade Paris VII), Mestre em Antropologia (Universidade Paris XIII), e Doutor, Pós-Doutor e Livre-Docente em Ciências da Educação (Universidade de Rennes). Especialista da Haute Autorité de Santé (HAS) [Alta Autoridade de Saúde] da França para o campo da Educação Terapêutica do Paciente e dos Profissionais de Saúde.

Ex-Professor Visitante da Faculdade de Medicina da USP (2011-2013). Nasceu no sul da França e, além de sua trajetória de quarenta anos como médico clínico geral e como pesquisador acadêmico em diferentes áreas, dedicou-se por décadas a pesquisas sobre algumas tradições espirituais do Ocidente e do Oriente. Essas longas e profundas pesquisas no campo das ciências contemporâneas e naquele das tradições de sabedoria permitiram que ele encontrasse os princípios a partir dos quais é possível estabelecer as pontes para um verdadeiro diálogo entre esses dois campos, normalmente considerados tão distantes.

Atualmente, Patrick Paul é consultor do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da USP para as questões ligadas à metodologia da Educação Terapêutica do Paciente e dos Profissionais de Saúde. Além disso, é autor e conferencista convidado pela Área Interdisciplinar da CAPES, tendo escrito artigos sobre a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade para dois livros publicados pela CAPES sobre o tema: Interdisciplinaridade em Ciência Tecnologia e Inovação (Manole/CAPES/USP, 2011) e Práticas da Interdisciplinaridade no Ensino e Pesquisa (Manole/CAPES/USP, 2015), este último premiado em 1º Lugar do Prêmio Jabuti 2015 na categoria Educação e Pedagogia.

Além de bancas de mestrado e doutorado, mesas redondas e palestras em várias universidades brasileiras, têm oferecido cursos no Instituto de Estudos do Desenvolvimento Integral Humano (IEDIH), nos quais compartilha os resultados das suas pesquisas nos campos das ciências contemporâneas e das tradições espirituais do Ocidente e do Oriente, estabelecendo pontes entre essas diferentes formas de produção do conhecimento.

O mais interessante é notar a evolução de Perceval, que representa a estrada do auto-conhecimento. Paul afirma que em boa pare do “Romance do Graal” o jovem não é designado pelo nome, mas por atributos, como o “Galês”, isso significa que ele não conhecia a si mesmo e por isso não poderia dizer quem era.

Não era que ele não sabia o básico, dizer seu próprio nome, mas que não achava que era possível descrever exatamente que ele era, do que ele era capaz, uma vez que ainda começava a saber disso.

Autor: Patrick Paul
Idioma: Português
Editora: Polar Editoria
Edição: 1ª /2017
Formato: Livro
Encadernação:
Capa Dura
Dimensão:
23x16cm
Número de páginas: 552
ISBN: 85-86775-30-7

Isso é uma lição valiosa para nossos egos, que se inflam com pouca coisa, afastando-nos das verdadeiras virtudes.

Vamos encarar os segredos do Graal?!

Beijinhos e até mais.

Written By
Nivia Xaxa

Advogada, focada no Direito da Moda (Fashion Law), bailarina amadora (clássico e jazz) e apaixonada por cultura pop. Amo escrever, ainda mais quando se trata de livros, filmes e séries.

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