Atualmente há experts para tudo, coachs prometendo resolver cada parte das nossas vidas, incluindo nossas conquistas amorosas.
O longa russo “Sobre Amor. Apenas para Adultos”, de 2017, retrata essa necessidade de sempre ter alguém para nos guiar nas vidas amorosas, mas nem mesmo o “guia” sabe o que faz. Chegando agora nas plataformas digitais brasileiras pela distribuição da A2 Filmes.
A direção e o roteiro contam com um grande time: Rezo Gigineishvili (direção), Anna Melikyan (direção e roteiro), Pavel Ruminov (direção e roteiro), Nigina Sayfullaeva (direção e roteiro), Evgniy Shelyakin (direção e roteiro), Aleksey Chupov (direção e roteiro), Natasha Merkulova (direção e roteiro), Lyubov Mulmenko (roteiro) e Alekandr Tsypkin (roteiro).
O elenco conta com a liderança de John Malkovich (“Ligações Perigosas”, “RED: Aposentados e Perigosos” e “Zoolander 2”), como esse “guia”/palestrante/coach, ligando 04 outras histórias.
Numa palestra sobre amor o palestrante começa a relatar vários obstáculos para um relacionamento duradouro, ouvindo alguns presentes e evoluindo o assunto para tópicos como sexo, sexualidade, fidelidade, filhos, dentre outros. Ao longo dessa palestra são mostradas histórias de diferentes formas de amor.
Primeiro de uma inteligente e bem-sucedida moça, com alto cargo policial, que não consegue se relacionar com nenhum homem pelo o que cresceu ouvindo da mãe, que nenhum homem presta. Isso tomou proporções sérias que ela precisa enfrentar para poder ter relacionamentos saudáveis.
A segunda é de um casal casado há muitos anos, já com um filho adolescente, mas que não conseguem se encontrar mais, especialmente quando a questão é sexo. Para “salvar” o casamento eles decidem algo radical, um aplicativo de troca de casais. Quando eles conhecem o outro casal e as coisas esquentam, eles percebem que não precisam ir até o fim.
A terceira é de uma menina descobrindo sua sexualidade. Ela tenta desesperadamente mudar sua personalidade para perder sua virgindade, saindo com pessoas completamente desconhecidas para isso, nada resolve o que ela achava ser um problema. Na verdade, ela percebe que o melhor amigo é um namorado em potencial.
A quarta é de um ator (fictício) muito famoso na Rússia, com grande ego. Ele cai em uma armadilha, pensa que está em um jantar beneficente, mas aquilo foi orquestrado pela pessoa pagou o jantar. Essa mulher misteriosa sequestra esse moço com um único objetivo, a doação de esperma dele para que ela engravide. A questão é que ela é casada, o marido pode ter filhos, mas se acha muito feio e não quer ter filhos feios, por isso montaram esse sequestro.
A última história é do próprio palestrante, casado há anos com uma bela mulher, mas, mesmo dando aulas sobre o que ele chama de amor, tem um caso com uma garota muito mais nova. Depois de ter terminado a tal da palestra a garota dá um ultimato, ele deve contar a esposa do caso deles.
Quando ele chega em casa é a esposa que o surpreende, dizendo que quer ter aventuras com rapazes mais jovens. Mesmo com toda a confissão e sinceridade dela, ele não consegue falar sobre o caso dele, mesmo na manhã seguinte, quando ela fala que não conseguiu ir até o fim com o moço que foi se encontrar.
No geral, era para ser um filme bom, especialmente pelo formato em mosaico, seria algo inteligente, como outros muitos filmes já foram feitos, mas não me agradou muito. Não sei se fui eu sendo crítica demais ou se é o humor russo que não me ganhou, mas percebi muito sexismo e machismo envolvendo o filme inteiro.
Lá no comecinho do filme tem algumas piadas que quase me fizeram desistir do filme, fazendo aquele trocadilho ultrapassado de que mulheres duronas, em especial aquelas em posição de poder, são mal-humoradas por falta de sexo. Tem uma sequência de quase 5min (ou mais) insistindo nisso, o que me deixou desconfortável.
Entre as histórias, a base de cada um me parece ser boa, mas o desenvolvimento não foi o que esperei, talvez só da menina que tentava descobrir a própria sexualidade. O segmento do ator sequestrado tem toques de humor bem colocados, mas poderia ter tido um desfecho menos estranho, para dizer o mínimo.
Até mais!
