Os conflitos dessa estranha época que chamamos de adolescência são abordados frequentemente em filmes e séries, mas sempre tem uma forma diferente de mostrar, de abordar assuntos delicados e formas de enfrentar esse momento.
A Amazon Studios lançou recentemente um novo drama adolescente, “A Química que Há Entre Nós”, com roteiro de Krystal Sutherland e Richard Tanne, que também assina a direção.
Henry Page tem o talento para escrever e, embora boas oportunidades o rodeiam, como ser o editor do jornal da escola em seu último ano, ele não tem muita bagagem para escrever. Por exemplo, ele nunca se apaixonou de verdade.
Nesse último ano aparece na escola, no editorial do jornal e em sua vida Grace, uma garota transferida de outra escolha muito misteriosa, mas que causa a curiosidade de Henry. Ela não fala muito e nem queria trabalhar no jornal, claramente passava por algum drama pessoal.
Grace havia sofrido um sério acidente menos de um ano antes. Ela ficou com grave sequela no joelho, o que a impede de correr (esporte que praticava), mas algo pior aconteceu. Seu namorado, Dom, faleceu no acidente e ele era basicamente a única família dela.
Mesmo passando por tudo isso e sendo difícil encarar a vida do ensino médio, Grace aos poucos se abre para Henry. Ele não a força a contar o que aconteceu, mas vivia buscando as notícias e procurando entender, para poder saber como lidar com tudo aquilo.
Mas traumas dessa magnitude não se evaporam, então é preciso muito mais que alguém disposto a ouvir e ajudar, por isso o final não é clichê … mas eu não vou dar spoiler para vocês!
Tem três elementos que fazem a trama ter mais sentido, inclusive fazendo a conexão com o título do filme.
O primeiro é a relação de Henry com a irmã, que é uma história secundária (para não dizer terciária). Ela é médica e recém divorciada, voltando a morar com a família, enfrentando por seus próprios traumas, mas ela demonstra isso falando termos científicos, quais são as reações químicas desses sentimentos.
O segundo elemento é uma das edições do jornal da escola, sendo de ideia de Grace. O objetivo era “desvendar” os mistérios dos sentimentos dos adolescentes, chamando esse momento de limbo. Para dar respaldo científico, eles chamam a irmã de Henry para explicar as tais reações químicas.
Uma frase interessante que é dita na edição é: “Os adultos são crianças que conseguiram sobreviver ao limbo”.
Isso também explica o porquê o filme de chama “A Química que Há Entre Nós”.
O terceiro é a força da relação entre Grace e Dom, simbolizada pela frase em latim “Serva Me Servabo Te”, que significa “salva-me e eu te salvo”. Isso pode ser visto também com Henry, ele ajudou Grace a querer superar os traumas dela.
O que, possivelmente, pode chamar atenção para esse filme é a dupla de atores protagonistas.
Henry Page é interpretado por Austin Abrams, conhecido pelas séries “The Walking Dead”, “Euphoria” e “This Is Us”. Já Gace é vivida por Lili Reinhart, famosa por “Riverdale”, mas também está em produções como “As Panteras” e as “As Golpistas”.
Não assisti nem “Euphoria” nem “Riverdale”, então assisti o filme de forma imparcial, só conhecia Lili Reinhart pelas notícias (fofocas mesmo, porque sou humana), e eu gostei de ver os dois, especialmente porque eles são se recorrem a “locais comuns”.
Aliás, o filme em si não se recorre a esses “locais comuns” de filme adolescente, sendo muito mais dramático do que filmes do mesmo estilo, tendo pouquíssimos alívios cômicos (Lola, a amiga de Henry, principalmente). Isso pode fazer com que muitos não gostem, mas foi um dos pontos que me fizeram gostar da produção.
Até mais!