Resenha: O navio das noivas – Jojo Moyes
Não é difícil entender porque Jojo Moyes está conquistando um público cada vez maior e se tornando um nome muito destacado nas prateleiras. O navio das noivas é uma narrativa impecável, que foge dos contextos tradicionais e definitivamente apaixonante. Vem entender porque O navio das noivas se tornou meu queridinho da autora.
“Austrália, 1946. É terminada a Segunda Guerra Mundial, chega o momento de retomar a vida e apostar novamente no amor. Mais de seiscentas mulheres embarcam em um navio com destino a Inglaterra para encontrar os soldados ingleses com quem se casaram durante o conflito.
Em Sydney, Austrália, quatro mulheres com personalidades fortes embarcam em uma extraordinária viagem a bordo do HMS Victoria, um porta-aviões que as levará, junto de outras noivas, armas, aeronaves e mil oficiais da Marinha, até a distante Inglaterra. As regras no navio são rígidas, mas o destino que reuniu todos ali, homens e mulheres atravessando mares, será implacável ao entrelaçar e modificar para sempre suas vidas.
Enquanto desbravam oceanos, os antigos amores e as promessas do passado parecem memórias distantes. Ao longo da viagem de seis semanas — apesar de permeada por medos, incertezas e esperanças — amizades são formadas, mistérios são revelados, destinos são selados e o felizes para sempre de outrora não é mais a garantia do futuro que foi planejado.
Com personagens únicas e uma narrativa tocante, Jojo Moyes conta uma história inesquecível que captura perfeitamente o espírito romântico e de aventura desse período da História, destacando a bravura de inúmeras mulheres que arriscaram tudo em busca de um sonho.”
Sempre me interessei muito pela temática da Segunda Guerra Mundial e essa hesitaria me trouxe uma perspectiva completamente diferente, não soldados e combatentes que vivem o horror de perto, mas daquelas mulheres que são obrigadas a verem seus maridos partirem sem a certeza de que poderão vê-los de novo algum dia. E, mais do que isso, nunca havia pensado muito a respeito daquelas que viajam o mundo atrás de seus maridos, do pai de seus filhos ou amantes. É uma época completamente diferente, um contexto quase inimaginável hoje em dia. É extremamente cativante, criativo, emocionante e tocante. É ainda mais impressionante saber que a avó de Jojo serviu de inspiração para essa história; mais de sessenta anos atrás ela fez essa mesma travessia.
O livro é dividido em três partes e a maior parte da história de passa na travessia do navio Victoria, partindo de Sydney na Austrália até sua chegada ao porto de Plymouth na Inglaterra. Cada capítulo começa com um trecho real de alguma carta, comunicado oficial, recorte de algum jornal da época, documentos oficiais da época. A história toma forma e parece ficar cada vez mais real, cada vez mais crível.
Avice é uma personagem extremamente insuportável e desagradável, sua personalidade forte e mesquinha são difíceis de digerir mas completamente coerentes com o contexto e seu status social. Jean, muito extrovertida e inquietante, é uma personagem que exemplifica perfeitamente como várias mulheres, ainda meninas, embarcaram num navio rumo ao outro lado do mundo sem terem maturidade e preparo o suficiente para enfrentarem tamanha jornada. Margaret é a personagem, a princípio, mais facilmente amável. Humilde, tagarela e dona de um coração gigantesco, parece ser o exemplo mais fiel daquelas mulheres apaixonadas que, com medo e insegurança, foram encontrar promessas e sonhos na Inglaterra. Frances, que era um enigma no começo, acabou se tornando minha personagem favorita. Com um passado difícil, ela navega em direção a uma nova vida, a um recomeço mais que merecido.
Jojo tem talento para criar personalidades próprias, fortes e caricatas. Suas personagens são reais, humanas. Por vários momentos tive que me lembrar que estava lendo uma ficção, não um relato de alguém que viveu tudo aquilo na pele. A maneira como Jojo escreve faz parecer que estamos diante de uma tela de cinema. Cada cena é detalhada de forma que não exagera nas minúcias nem faz o leitor se sentir perdido nas páginas. Pude praticamente ver um filme se desenrolando em minha mente.
Foi o livro mais tranquilo e gostoso de ler da autora. Havia me encantado com A última carta de amor, mas O navio das noivas me mostrou que Jojo Moyes só tende a se superar.
Jojo cria uma narrativa brilhante e comovente. São livros para todos os públicos. Inclusive minha mãe é uma leitora que está se tornando fã da escrita da Jojo. Suas histórias fogem do enredo clichê e se aventuram por narrativas perfeitamente humanas e apaixonantes. Não tenho criticas ao Navio das noivas, é uma indicação que faço com toda certeza. É uma promessa de uma aventura real e incrível.
O navio das noivas foi escrito por Jojo Moyes e publicado pela editora Intrínseca.
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