Resenha: Fábrica de Vespas

“Uma morte é sempre excitante, sempre faz com que você perceba quão vivo e vulnerável está, mas quão sortudo é.”

Recebi essa semana meu DVD especial Mario Bava, tinha o objetivo de re-assistir Black Sabbath, pois no dia anterior tinha visto a versão italiana I Tre volti della paura, mas durante o dia terminei esse livro e não conseguia pensar em mais nada a não ser escrever sobre ele.

Primeiro que não entendi como até agora não fizeram um filme baseado nele, existiu uma ópera (sim!), agora filme… Apenas um estudo de uma garota de 17 anos no Youtube.

Segundo que quando comecei a ler, torci um pouquinho o nariz por conter alguns erros de português e já imaginava falar muito mal disso, ainda bem que foi só no início e logo fiquei presa na narrativa, querendo ler cada vez mais e mais.

Precisava saber toda a história, onde ela me levaria, aquele “tell me more, tell me more” e relaxem, não soltarei spoilers, pois esse livro possui surpresas e um final digno da expressão: Caralho! 😉

Iain Banks, era escocês e desde os 14 anos soube que queria escrever livros. Tentou emplacar diversos títulos de ficção científica, mas nenhuma editora quis publicá-los. Um dia resolveu que era hora de escrever algo mais próximo da sua zona de conforto, adicionando uma hipérbole absurda com um texto pró-feminista, anti-militarista, satirizando a religião e comentando os modos pelos quais somos influenciados pelo ambiente, surgiu então Fábrica de Vespas.

O livro se passa na Escócia e conta a história de Frank, narrada pelo próprio aos 16 anos, que nunca foi a escola, pois seu pai excêntrico acreditava que o melhor para ele era aprender em casa e porque não podia, já que a existência dele era ilegal para a sociedade por nunca ter sido registrado.

Um psicopata em formação que via a loucura nos outros, nunca em si. Obsessivo e metódico, preocupado com a volta do irmão que fugiu do manicômio, vivia em uma família desestruturada e que notamos ter suas psicopatias em todos os cantos, mas é com o retorno desse que acontecimentos do passado implodem. A fábrica era a sua fuga, a sua resposta para o presente, para o futuro.

Eu tive pena do Frank e uma curiosidade mórbida para saber dos seus crimes que começaram quando ele ainda era uma criança. A influência que o todo exerceu sobre ele fez com que despertasse um desejo de vingança e ao mesmo tempo entendia ser apenas uma forma de instaurar um equilíbrio natural nas coisas. A narrativa em primeira pessoa nos faz dissecar uma mente que acredita fazer um bem a todos e que suas atitudes, por mais que tenham consequências, estão completamente corretas.

Os detalhes meticulosos que estão ali porque estamos lendo pela cabeça do Frank e precisamos visualizar seus planos surgirem como uma vontade e realizados para o seu alívio e satisfação. Uma leitura que pode ser como um soco no baço, ainda mais com as reviravoltas. Indicado para pessoas que adoram o tema e não se intimidam fácil.

O livro foi publicado aqui no Brasil pela Darkside Books, numa capa linda e digna da editora, e traduzido por Leandro Durazzo.

Fábrica de Vespas é realmente violento e visceral, Iain Banks ganhou um lugarzinho especial na minha estante e o lerei novamente com certeza.

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