Resenha de “O cavaleiro dos Sete Reinos”, de George R.R. Martin
Feito para os fãs… essa é a frase que caracteriza O Cavaleiro dos Sete Reinos, coletânea de contos que se passa no mesmo universo de As Crônicas de Gelo e Fogo criado por George R.R. Martin. A coletânea conta com três diferentes contos que juntos geram uma leitura muito satisfatória para todos aqueles já estão familiarizados com esse universo, suas diferentes casas e reinos.
Noventa anos antes de As Crônicas de Gelo e Fogo, acompanhamos a jornada do cavaleiro andante Dunk que se autointitula mais tarde como Sor Ducan, o alto, e seu escudeiro Egg em sua jornada por Westeros.
O fascinante da história, apesar dessa premissa simples, é como ela consegue prender o leitor desde o início, você se apega ao ingênuo e desastrado Dunk e o acompanha em sua jornada por um lugar no mundo, ao mesmo tempo que essa ingenuidade o coloca em situações que estão muito além da capacidade do cavaleiro andante, e é nessas situações que a obra, apesar de claramente buscar ser um livro a mais para os fãs da saga principal, ganha uma identidade própria que a coloca em um patamar de qualidade surpreendentemente alto.
A mitologia da obra original aqui também presente não apenas conclui histórias já citadas, como também as expande. Aqui a família Targaryen vai muito além dos irmãos Daenerys e Viserys. Desde Egg – que mais tarde se revelaria como o príncipe Aegon – a breves citações ao campo do capim vermelho e a Daemon Blackfyre, até o terceiro conto onde a bandeira Targaryen é o núcleo principal e toda a trama se baseia nas consequências que a rebelião Blackfyre trouxe a todos que lutaram na mesma, sejam aqueles que lutaram do lado vencedor ou aqueles que foram derrotados e chamados de traidores. Curioso ver como essa discriminação pode ser capaz de incitar outra rebelião daqueles mais oprimidos ou daqueles que o próprio orgulho é ferido toda vez que são chamados de traidores.
Os três contos apesar de poderem ser lidos sem depender do anterior, complementam uns ao outros. A qualidade de cada um dos três apesar de muito alta não chegam a ser impecáveis: o primeiro conto em especial dos três é o que impede que a obra alcance o patamar da série principal visto que o mesmo se alarga demais, o que faz com que quando a história chegue ao seu ápice, o leitor já esteja cansado da história ali contada, o que só não ocorre aqui pois o cansaço do leitor desaparece a partir do momento em que uma certa batalha se desencadeia seguida de uma série de reviravoltas que despertam o leitor, que é logo surpreendido com o final do conto que amarra todas as peças soltas e dá um fim digno àquela trama. Mesmo tendo se alargado, causa no seu fim um interesse no leitor que o faz continuar lendo.
O segundo conto ao contrário do primeiro apesar de muito bom e melhor que o primeiro deixa a sensação de ser muito curto, visto que a história a partir daquele momento começa a se situar cada vez mais dentro da mitologia central e serve como um aquecimento – por assim dizer – para o terceiro conto. Aqui, pela primeira vez, conhecemos mais sobre o campo do capim vermelho e as consequências da revolta Blackfyre e o que levou as pessoas a escolher lutar do lado que sairia derrotado. A história se segue com menos reviravoltas que o primeiro conto, só que com um ritmo melhor, acompanhado de personagens interessantes que mantem a atenção do leitor.
O Cavaleiro dos Sete Reinos é uma ótima porta de entrada para aqueles que até então só assistiam à série e desejam obter mais conhecimentos sobre o universo criado por George R. R. Martin, ao mesmo tempo que é uma ótima obra para aqueles que buscam mais sobre as Crônicas de Gelo e Fogo, que encontraram aqui três contos dignos da atenção de cada fã da saga de livros.