*Apesar de ser um texto meu de 2012, o conteúdo ainda é de extrema pertinência. Boa leitura…
Não sei como vocês são, suas idades ou o que curtem (exceto as leituras do Apogeu), mas creio que a maioria tem a faixa etária abaixo da minha (estou com 41 anos). Também não sei explicar o que anda passando por minha mente, pois tenho tido uma sensação constante de perda, motivada, em grande parte, pela morte de muitos dos que aprendi a admirar. O tempo continua correndo, indiferente a mim e, durante esse transcorrer, acompanhei muitas despedidas tristes.
Contudo, não apenas as pessoas próximas, familiares, partiram. Diversas personalidades públicas foram levadas pelo tempo, vítimas da inevitável morte.
Ontem (28/11/12), a notícia do estado de saúde de Joelmir Beting me alertou sobre o que falo agora. Novamente a idade avançada, e as sequelas implicadas pelo transcorrer dos anos, causaram-me espanto. É estranho ver ícones, pessoas que admiramos, adoecerem e – em alguns casos – morrerem. Não que haja algo de diferente nisso (todos morreremos), porém é a velocidade com que isso acontece, a forma como inteligências e histórias brilhantes são apagadas de nosso convívio que me assustam. Talvez, inconscientemente, eu tenha medo de que a dama silenciosa também me abrace. É provável que os anos me levem a pensar mais e mais na partida, naquilo que abandonarei contra minha vontade.
Mas quanto conta minha vontade?
Hoje (29/11/2012) despertei com a notícia da morte de Joelmir Beting. Algo, de certo modo, inesperado. Mas nada do que eu diga pode alterar o fato. Como também nada do que eu faça irá evitar minha morte ou a morte de quem admiro ou amo. Isso é viver. Isso é morrer.
Resta-me apenas viver com plenitude. Aproveitar os bons momentos, aprender com os maus e, com o tempo, descartá-los. Felicidade é a colheita das pequenas alegrias, o somatório delas. Felicidade é aprender com os traumas e obstáculos, mas legar um canto bem escuro do esquecimento para eles.
O tempo é frio e não poupa ninguém. Mas o calor de quem ama e a saudade que habita corações é forte o suficiente para perpetuar até os mais anônimos. Assim, quando o tempo clamar por nossos heróis ou por pessoas próximas a nós, resta-nos a certeza de que suas histórias podem ficar para sempre vivas… em nós e naqueles que nos sucederem.
Ad Infinitum.