Procurando o amor verdadeiro – “Soulmates”

Encontrar o amor verdadeiro é uma missão que vem sendo analisada desde que mundo é mundo, cada geração tem sua teoria sobre a melhor forma de encontrar a alma gêmea.

Na série “Soulmates” criada por William Bridges e Brett Goldstein, com seis episódios independentes entre si, com um único elemento que liga um ao outro, essa nova forma de encontrar a alma gêmea.

Os criadores também atuam como escritores de alguns desses episódios, ao lado de Jessica Knappett, Evan Placey e Melissa Stephens. Bridges também faz parte da equipe de diretores, ao lado de Marco Kreuzpaintner, Rob Savage e Andrea Harkin.

A trama se passa daqui a 15 anos e tem como base uma descoberta científica datada de 2023 (olhe aí, daqui a dois anos). A tal descoberta não é explicada com muitos detalhes na série, mas trata-se de uma maneira de mapear casais compatíveis em todo o mundo, como se fosse a decodificação da compatibilidade física e mental das pessoas.

A pessoa interessada se dirigi a clínica especializada, submete-se a um exame clínico que, aparentemente, não é invasivo, seus dados são colocados no sistema e esse sistema procura um parceiro ou parceira a partir daí. A clínica é um conglomerado que funciona no mundo inteiro, então sua alma gêmea pode ser encontrada em qualquer lugar.

Isso tem aproximado casais que se mostram realmente felizes, aumentando até a taxa de casamentos, mas tem criado algumas situações nada agradáveis, como a dúvida de casais já estabelecidos.

Como são seis episódios diferentes, vou resumir a história de cada um e já falar o elenco, que contam com alguns nomes bem conhecidos.

O primeiro, “Watershed”, conhecemos o casal Nikki e Franklin, casados já há 15 anos, com duas filhinhas. Eles têm um relacionamento estável e feliz, mas começam a ter dúvidas quanto a isso porque eles se conheceram de forma tradicional, nunca fizeram o teste da alma gêmea. Isso aos poucos mina essa relação, até o momento que cada um faz o exame escondido do outro e, mesmo não tendo nenhum problema real, divorciam-se. Mas, claramente, ainda se amam profundamente.

Estrelando nesse episódio estão Sarah Snook, como Nikki, e Kingsley Ben-Adir. Snook é conhecida por filmes como “Jessabelle”, “O predestinado”, “Steve Jobs” e “Pieces of a Woman”, além das séries “Black Mirror” e “Succession”. Bem-Adir já é cativo dessa coluna, ele é conhecido por “Peaky Blinders”, “Noelle”, “Uma Noite em Maimi”, todos com resenha por aqui. Ah, novamente, ele não decepciona na atuação. O segundo episódio é “The Lovers”, contando a história de David Maddox, professor universitário do curso de artes, casado com Sarah, ex-aluna e filha do reitor. David tem uma história “enterrada” outra ex-aluna, que volta a tona quando Alison Jones surge na vida dele, dizendo que é a alma gêmea dele.

David fez o teste pouco tempo antes de conhecer Sarah, quando ele se apaixonou por ela esqueceu o teste, então achou que Alison falava a verdade. Quando as coisas começaram a ficar estranhas ele pesquisou e viu que o sistema não tinha apontado nenhuma alma gêmea. Alison, na verdade, conseguiu invadir o sistema e roubar os dados, planejando uma vingança para David … Ela era a irmã da ex-aluna com história estranha. David Maddox é interpretado por David Costabile, conhecido pelas séries “Suits” e “Billions”, além de filmes como “Linconl”. Alison é vivida por Sonya Cassidy, conhecida pelas séries “Vera”, “Humans” e “Lodge 49”.

O terceiro episódio, “Little Adventures”, mergulha em novas possibilidades de relacionamento. Libby e Adam são casados há alguns anos, mas não têm uma relação normal, eles sempre inovam na hora de não deixar a vida a dois tediosa. Eles têm pequenas aventuras fora do casamento, com a anuência do outro. Cada um escolhe um parceiro ou parceira no aplicativo (estilo tinder), mas só por uma noite, sem conexão. O sistema deles ia bem até que Libby recebe a notícia que o sistema encontrou sua alma gêmea. Ela havia feito o teste quando havia brigado com Adam, antes de se casarem, nem lembrava mais disso. A questão é que o sistema encontra uma parceira, Miranda, o que faz Libby duvidar não só a relação dela, mas a sexualidade também. Não existe bem um triangulo amoroso, eles meio que encontram a forma deles de viverem essa situação.

Libby é interpretada por Laia Costa, atriz espanhola ainda pouco conhecida do público geral, faz parte do elenco da série “Devils” e estrelou o filme “Only You”. Adam é vivido por Shamier Anderson, conhecido pelo filme “Race” e participações em séries como “Dear White People” e “Goliath”. Miranda é interpretada por Georgina Campbell, conhecida pelo filme “Rei Arthur: A Lenda da Espada”, pelas participações em séries como “Black Mirror”, “Krypton” e “His Dark Materials”. O quarto episódio é “Layover”, Mateo está de passagem pelo México, ele tem um voo marcado para Colômbia, para encontrar sua alma gêmea, Miguel, mas muita coisa vai acontecer antes disso. Misturando suas inseguranças e nervosismo, Mateo cai no golpe de Jonah, que o seduz e rouba seu dinheiro e passaporte.

O dia seguinte é marcado por uma corrida maluca em uma comunidade mexicana humilde, onde ele e Jonah (que era só o intermediário) tentam ganhar dinheiro para reaver o passaporte. Eles também se vêm apaixonados, mas concordam que a melhor coisa a se fazer é Mateo pegar o avião e encontrar Miguel.

Jonah, o jovem esperto, sedutor e apaixonado (apesar de não parecer), é vivido por Nathan Stewart-Jarret, conhecido por séries como “Misfits” e “Utopia”. Mateo é interpretado por Bill Skarsgård, ele mesmo, o Pennywise da nova de “It – A Coisa”, também conhecido por “Castle Rock” e “Diabo de Todo Dia”.

Esse é o meu episódio preferido, é o único que tem uma pegada de humor e não é nos EUA (centro de todas as tramas), além do mais pude conhecer um lado mais leve do trabalho desse Skarsgård. Por ser conhecido por personagens pesados ele ficou estigmatizado, mas em “Soulmates” podemos ver que a veia cômica do pai (lembrem de “Thor” e de “Mamma Mia”) corre nas veias dele também.

O quinto episódio é “Break on Through”, com temática religiosa. Kurt é um jovem de 25 anos altamente depressivo, um dos gatilhos dele surge quando descobre que a alma gêmea que o sistema rastreou para ele faleceu antes de o conhecer, isso o faz pensar em algo terminativo, o suicídio. Ele até frequenta o grupo de apoio da igreja, mas esse sentimento não é superado.

Ele encontra um grupo diferente, que promete o encontro com a alma gêmea que já foi, unindo pessoas como Kurt. Em suma, é como se fosse uma seita, fazem lavagem cerebral e convencem de cometerem suicídio coletivo.

Ao lado de Kurt estão Martha e Travis. Ela está na mesma situação de Kurt, inclusive eles já têm certa história, já Travis é viúvo e tem duas crianças o esperando. Os três percebem que tudo isso é uma grande farsa, mas Travis sucumbe a pressão e Martha e Kurt demoram mais a chegarem a conclusão, sendo quase tarde demais.

Kurt é vivido por Charlie Heaton, conhecido por “Os Novos Mutantes” e pela série “Stranger Things”. Martha é interpretada por Malin Akerman, conhecida pelos filmes “Vestida para Casar”, “A Proposta”, “Rock of Anges”, além de séries como “Billions”. Travis é vivido por Joe Anderson, conhecido pelos filmes “Across The Universe” e “Amanhecer – Parte 2”, e séries como “Hannibal”.

Uma observação sobre Joe Anderson, acho que ele devia ser mais valorizado, suas pequenas participações mostram o quão talentoso ele é, mas pouco o conhecem.

O sexto e último episódio é “The (Power) Ballad of Caitlin Jones”. Caitlin, por vários motivos, tornou-se uma mulher subordinada ao próprio medo, tanto do que o mundo poderia fazer a ela quanto de não ser uma pessoa boa. Isso a faz ser passível e subestimada.

Há muito tempo fez o texto da alma gêmea, mas nunca apareceu alguém compatível, enquanto isso ela namora por conveniência um cara que também nunca encontrou a alma gêmea, Doug. Finalmente o resultado chega a algum resultado, Nathan, alguém quase perfeito, mas que faz o pior lado de Caitlin predominar sua superfície inocente.

Caitlin é vivida por Betsy Brandt, conhecida por séries como “Breaking Bad” e “Pearson” (spin-off de “Suits”), e por filmes como “Magic Mike”. Nathan é interpretado por JJ Field, conhecido por filmes como “Capitão América” e “Austenland”, além das séries “Lost in Space” e “New Amsterdam”. Doug é vivido por Tom Goodman-Hill, conhecido pelos filmes “O Jogo da Imitação” e “Rebecca”, além da série “Humans”.

É interessante notar alguns detalhes. O primeiro é que esse futuro apresentado é muito mais realista do que em outras séries futuristas. Vemos sim aparelhos extremamente modernos, como os celulares dos personagens (iguais em todos os episódios), mas também vemos coisas clássica, como a arquitetura das casas e escritórios, sem contar com um fusca sendo taxi em pelo México do ano de 2036.

Um segundo detalhe que notei foi o fato de os finais não serem “satisfatórios”, ou seja, não mostram soluções absolutas para os problemas apresentados, somente as mudanças e as consequências, os personagens continuariam a lidar com tudo isso. O que também dá a sensação de realidade.

O terceiro é meio que enigmático, não sei se realmente significa alguma coisa, mas em, pelo menos, 03 episódios uma cruz em neon vermelho apareceu de alguma forma, com um destaque para o episódio 04. Pode ser uma menção ao aparente combate entre religião e ciência, mas realmente não há menção a isso, nem explicação.

Tem muitos outros detalhes e teorias, aspectos de cada história que pode nos levar a reflexões. Talvez por isso a segunda temporada já foi confirmada, mas ainda sem data nem menção a elenco.

“Soulmates” me pareceu uma mistura bem-feita entre “Black Mirror” e “Modern Love”, fala de amores, mas pode nos levar trazer consequências nada positivas.

Até mais!

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