APOGEU DO ABISMO
Por: Franz Lima
Estou parado há muito tempo
Contemplando nuvens a passar
Auxiliadas pela força do vento
Guiando-as sem destino a fixar.
E assim permaneço por mais horas
Desprezando meu tempo perdido,
Pois sei que não haverá demora
Quando o martelo for batido.
E sei que parte da culpa é minha
Por aquilo que fiz de errado
Ao aceitar tua palavra mesquinha
E por ela ser influenciado.
Sabor acre tomando minha boca
De todo o sangue que derramei
Em nome da paixão louca
Pela qual me devotei.
Fui guiado para o lado brutal
E fiz uso sem qualquer pudor.
Influenciaram minha ascensão social
Para no futuro cobrar o devido valor.
Descartando a humildade aos poucos
Findei, tornando-me um igual
Àqueles ditos sãos, mas são loucos,
Possessos pela luxúria e o mal.
Supri meu anseio narcisista
Com os elogios dos que me cercavam.
Era um truque digno de ilusionista
Proporcionado pelos favores que ganhavam.
As mais belas mulheres teria
Com um simples estalar de dedos,
Mas que valor isso representaria
Se a mim vinham, tomadas pelo medo?
Criei meu próprio império
E pelos súditos fui saudado.
Alguns já sabiam o mistério
De que ao Inferno estava condenado.
Descarto o que virá no futuro
Indiferente ao meu destino,
Já que não há nada mais duro
Que ver morto meu espírito de menino.
Sim, creiam no que digo!
Eu provei o melhor que a vida oferece
E o sabor, meus amigos,
Piora, conforme se envelhece.