MÚSICA

Paula Toller com o show Amorosa no Araújo Vianna

Paula Toller com o show Amorosa no Araújo Vianna
  • Publicado em: março 27, 2025

Seguindo as comemorações dos 40 anos de carreira, Porto Alegre recebeu pela terceira vez em três anos o show da turnê Amorosa da eterna Kid Abelha Paula Toller. E logicamente, mais uma vez, como nas duas anteriores, o Araújo Vianna estava abarrotado de gente saudosa por hits que tocavam nas rádios dos anos 1980 e em clipes da MTV dos anos 1990. Uma galera ávida por velhas novidades, cantar junto e se divertir com o melhor do pop rock brasileiro.

Para um público, digamos assim, mais experiente, começar um show às 21h45min é um exercício de paciência e tanto para o espectador. Como sempre repito, o show tem que ser cedo e pontual. Enfim, nesse horário a banda sobe ao palco tendo ao fundo a sua versão da canção Tecnicolor dos Mutantes( que irá ser lançada na outra semana, para surgir Paula Toller Amora, esbanjando vitalidade e talento. Com um show acústico e com arranjos primorosos, emenda sucessos como Fixação, Calmaí (de seu álbum solo Transbordada) e Educação Sentimental II.  Depois dessa trinca de sucessos, ela fala da emoção de estar em solo gaúcho depois da tragédia da enchente e vê como o povo se reergueu e segue o espetáculo com canções de todas as fases do Kid Abelha. Homenageia Rita Lee com Agora Só Falta Você, ataca de Fórmula do Amor, a versão intimista de Lágrimas e Chuva e a novíssima Perguntas.

Naquele karaokê coletivo, ouvimos No Meio da Rua, Nada Por Mim, interpreta dois covers que com o Kid  fez muito sucesso, Não Vou Ficar, de Tim Maia, e Na Rua, na Chuva, na Fazenda, de Hyldon, e arrisca mais uma vez a sua versão de Céu Azul do Charlie Brown Jr, com direito à inserção classuda de Dreams do Fleetwood Mac. Pede para a galera dançar junto com Eu Vou Brilhar, mas mesmo com o auditório lotado, o pessoal tava mais pela cantoria que agitar de pé.

Cenário que mudou com Alice (Não Escreva Aquela Carta de Amor), animando realmente a galera pela primeira vez. Como disse antes, não que o povo não tava feliz, mas estavam mais no esquema sentado na cadeira, cantando alto e batendo palmas (ainda bem que não era show do Lulu…). E em Como Eu Quero, a plateia recebeu balões em forma de coração, que na hora da música foram enchidos e iluminados com os celulares, abrilhantando o cenário do Araújo, em um dos momentos mais bonitos do show. Paula está cada vez mais solta, madura e alegre. Comandando ao seu jeito a galera, se diverte no palco e realmente está emocionada, na sua melhor performance. 

A fábrica de sucessos segue com Nada Sei,  Eu Tive um Sonho e finda com Te Amo Pra Sempre, sucesso dos anos 1990, justamente quando a plateia estava pegando no tranco.

Para o bis, Paula volta com banquinho e um violão e seu músico Gustavo Camardella do lado para mostrar que está cada vez melhor tocando. Em 2023 estava aprendendo com o próprio Camardella e  nesse show atual, com mais segurança, toca e canta Maio e faz uma homenagem ao artista local, Nenung, com Meu Amor Se Mudou pra Lua.

No ritmo, segue com duas magistrais interpretações das lindíssimas Grand Hotel e Amanhã é 23. Depois larga o banquinho de lado e apresenta a sua ótima banda com o gênio Liminha, o nosso Quincy Jones brasileiro, um dos maiores produtores do mundo no violão, Adal Fonseca, o baterista gaúcho que é um dos maiores do país, Pedro Dias no baixo, Ge Fonseca nos teclados e o já citado Gustavo no violão e voz. Um timaço de banda acompanhando a Paula. 

Já com clima de fim de festa, mas muito afim de fazer valer o final, a banda ataca de Por Que Não Eu?, e encerra com um hilário discurso de Paula que brinca que ia tocar uma canção inédita, mas infelizmente ninguém quer música nova. Triste realidade, tamanho saudosismo do público, não se permite experimentar. Piadas à parte, a cantora chama a plateia, que de pé acompanha no gogó o mega sucesso Pintura Íntima, acabando de forma triunfante mais um show com sensação de déjà-vu de Paula, mas mesmo assim nada cansativo.

Às vezes me pergunto, com tanto revival, tanta banda voltando, tanto caça-níquel por aí, por que Bruno Fortunato, George Israel e Paula não voltam o Kid Abelha, nem que seja para uma tour? Até Rodrigo Santos poderia ser o baixista e o Adal o baterista. Mas parece que Paula está feliz com a situação. Ela soube fazer um bem sucedido espetáculo que já corre faz três anos o Brasil e com novas roupagens de velhos clássicos e algumas pequenas coisas novas. Com isso lota casas de shows no país todo esbanjando talento, maturidade e elegância. Com muita luz própria revive o legado da velha banda constantemente, mas não precisa do nome da lendária banda para servir como chamarisco. Essa é Paula Toller, que com o tempo fica cada vez melhor!

Crédito das fotos: Vívian Carravetta

Written By
Lauro Roth