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MÚSICA

Gilsons apresentam seu show no Araújo Vianna

Gilsons apresentam seu show no Araújo Vianna
  • Publicado em: outubro 30, 2024

Sábado passado foi dia de curtir a tal nova MPB. Uma galera que vem chegando, compondo muito, fazendo parcerias e renovando a veterana sigla. E quem veio para Porto Alegre, no Araújo Vianna, foram os Gilsons (a terceira vez do grupo no auditório), músicos com DNA de peso, que com suas singelas e simples canções, levaram um excelente público na agradável noite porto-alegrense.

Com aquela atrasada habitual, com público de mais de duas mil pessoas, composto por famílias, crianças e muitos jovens, estavam ali para curtir o som dos Gilsons, grupo criado em 2018, com um misto de brasilidade, baianidade, samba, afoxé e letras singelas e descomplicadas, falando de amor, na maioria das vezes, apresentaram seu show do disco Pra Gente Acordar. José, Francisco e João Gil subiram ao palco, todos de branco, com uma banda com muita percussão e sopro e um formato clássico com baixo, guitarra e violão, mandando logo de cara a música que dá nome ao último trabalho. Seguindo com Algum Ritmo e Vento Alecrim. Nem um pouco surpreso fiquei ao ver a galera de pé cantando junto, todas as letras da banda e curtindo aquela vibração especial do show. Seguem executando sucessos da banda como Vem de Lá e Devagarinho.

O trio esbanja simpatia e conversa muito com a plateia, criando uma conexão entre o público jovem e os artistas. Inclusive dizendo que eles curtem muito uma resenha no palco. Empilham mais canções como Feito a Maré, Índia e Cores e Nomes. João Gil relembra a avó Belina ao anunciar com emoção a música que fez em sua homenagem, Bela. Mostrando suas influências, atacam com Swing de Campo Grande, sucesso dos Novos Baianos, numa bela interpretação da banda.

Seguem com Bateu e apresentam a collab que fizeram com o Baiana System, com a canção Presente. Os Gilsons tem um carisma bacana, belas músicas, mas infelizmente tenho a impressão que todas as canções são tão repetitivas… Por mais agradáveis que sejam, em uma hora de show parece que ouvimos a mesma música várias vezes, com letras parecidas e ritmos semelhantes. Mesmo com dois grandes percussionistas fazendo a cama para a banda, é tudo uma sonoridade muito magrinha. Violão, baixo e guitarra que os músicos se revezam tocando, seguem a simples fórmula, às vezes extremamente cansativa.

Mas o baile segue, né? E seguem com A Voz, Proposta e Me Liga, essa, que fizeram em parceria com Murilo Chester. Tocam Love Love, de 2021, e fecham com Duas Cidades, sucesso do último trabalho. Claro que fecham o script inicial, e voltam para um bis, em que explicam que tocarão mais quatro músicas. Até isso achei explicativo demais, são raros os artistas que ditam o que vem a seguir no seu show. Em mais um papo com a galera, ao antecipar a próxima música, lembram que se o Rio de Janeiro é o Brasil, São Paulo é o mundo e a Bahia é a Bahia, tocam Voltar pra Bahia, uma ode saudosa do grupo com raízes na boa terra, apesar de terem nascido no Rio de Janeiro. Do Rio, lembram Jorge Aragão com a belíssima Eu e Você Sempre, que mesmo sem cavaco ou banjo característico, emociona, e mais uma vez lembram as origens com Alguém me Avisou, aquela do “Eu vim de lá…”, onde o avô muito cantou e encantou. E para finalizar, pela primeira vez, lembram o mestre Gil. Os Gilsons são formados por um filho e dois netos do Gilberto e finalizam o show com Palco, uma das mais emblemáticas canções do famoso pai e avô. Um ponto positivo, que por mais que os Gilsons ainda tenham muita lenha pra queimar, têm luz própria e por mais que a influência do famoso ancestral esteja presente, eles tem seu jeito pessoal de composição, e fora o trocadilho do nome, não usam como bengala Gilberto Gil.

Os Gilsons e sua nova MPB, com sua mistura sem grandes invenções e revoluções de ritmos, tem um grande número de fãs que se satisfazem com seu som inofensivo, simples, e não posso negar, poético. Achei que o trio ainda tem pouca cancha de palco, às vezes um pouco travados, mas conseguem passar sua mensagem, mesmo que essa seja quase um mantra repetitivo com boas canções, mas que parecem um disco que não sai do lugar. A cara dessa nova MPB, em que o simples parece ser o mote e o passado, apesar de ser referência, não tem grande influência, já que a inventividade deixa a desejar. Mas como sempre falo, qualquer experiência é válida e quem sabe num próximo show dos rapazes possa me animar mais e ver que a rapaziada tenha evoluído.

Written By
Lauro Roth