“O Último Azul” conquista Urso de Prata no Festival de Berlim

O filme “O Último Azul”, dirigido por Gabriel Mascaro (“Boi Neon” e “Divino Amor”), foi premiado com o Urso de Prata – Grande Prêmio do Júri na 75ª edição do Festival de Berlim, um dos mais prestigiados eventos cinematográficos do mundo, ao lado dos festivais de Cannes e Veneza.
A cerimônia de premiação ocorreu no último sábado (22), no Berlinale Palast, contando com a presença de Gabriel Mascaro, os atores Denise Weinberg e Rodrigo Santoro, os produtores Rachel Daisy Ellis e Sandino Saravia Vinay, além de outros membros da equipe. Todd Haynes (“Carol”, “Longe do Paraíso”) presidiu o júri da competição oficial deste ano.
Além do Grande Prêmio do Júri, o filme também recebeu dois importantes reconhecimentos dos júris paralelos do festival: o Prêmio do Júri Ecumênico e o Prêmio do Júri de Leitores do Berliner Morgenpost.
Diretor e elenco comemoram premiação
Ao receber o prêmio, Gabriel Mascaro celebrou a importância da conquista para o cinema nacional:
“Muitos dos filmes que me inspiraram estrearam aqui na Berlinale. É uma honra imensa receber esse prêmio. Esse filme só existe graças ao empenho de uma equipe dedicada que trabalhou incansavelmente para transformar esse sonho em realidade. ‘O Último Azul’ fala sobre o direito de sonhar e sobre acreditar que sempre há tempo para encontrar um novo significado na vida.”
A atriz Denise Weinberg destacou o momento simbólico para o audiovisual brasileiro:
“Estamos muito felizes com esse Urso de Prata. Esse reconhecimento fortalece nosso cinema depois de anos de desafios. Somos talentosos, criativos e precisamos continuar resistindo!”
Já Rodrigo Santoro enfatizou o impacto da premiação para o cinema independente do país:
“Quando um filme brasileiro recebe um reconhecimento dessa magnitude, quem ganha é a nossa cultura. É emocionante representar o Brasil em um projeto que propõe uma reflexão tão necessária.”
A produtora Rachel Daisy Ellis ressaltou a relevância do filme e a diversidade da equipe:
“Ver ‘O Último Azul’ ser reconhecido pelo Júri Oficial é muito especial. Esse filme conquistou tanto o público quanto a crítica e sinto que isso é apenas o começo. Além disso, nossa equipe reuniu profissionais de várias partes do Brasil e de países como Chile, México e Holanda. É um projeto que representa a força da colaboração e da resistência.”
A premiação e o impacto do filme
O Prêmio do Júri Ecumênico homenageia filmes que abordam temas humanos, sociais ou espirituais de forma sensível e profunda. Em seu discurso de agradecimento, Mascaro destacou a importância da diversidade no cinema:
“Vimos o quanto a aceitação de diferentes perspectivas e religiões tem sido desafiadora no mundo. Receber esse prêmio me emociona muito porque reforça a união por meio da arte.”
Já o Prêmio do Júri de Leitores do Berliner Morgenpost, concedido por um grupo de 12 jurados do jornal alemão, reconheceu o longa como “uma joia de esperança”, destacando sua abordagem sobre envelhecimento, liberdade e amizade em um contexto distópico.
Sobre o filme
“O Último Azul” se passa em um futuro próximo, na Amazônia, onde um governo transfere idosos para uma colônia habitacional com a promessa de oferecer-lhes um lugar para desfrutarem os últimos anos de vida. Tereza (Denise Weinberg), aos 77 anos, decide desafiar esse sistema embarcando em uma jornada inesperada para realizar seu último desejo.
Estrelado por Denise Weinberg, com Rodrigo Santoro, Adanilo e a atriz cubana Miriam Socarrás, o filme foi ovacionado em sua estreia na Berlinale, no dia 16 de fevereiro.
A narrativa mistura aventura, amadurecimento e resistência, explorando as paisagens dos rios amazônicos e trazendo reflexões sobre autonomia e dignidade. O longa tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros em 2025, com distribuição da Vitrine Filmes.
Um marco para o cinema brasileiro
Este é o primeiro filme brasileiro a competir pelo Urso de Ouro desde 2020. O Brasil já teve vitórias emblemáticas na Berlinale, como “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles, que rendeu o Urso de Ouro de Melhor Atriz para Fernanda Montenegro, e “Tropa de Elite” (2008), de José Padilha, que levou o prêmio máximo do festival.
Com produção da Desvia (Brasil) e Cinevinay (México), e coprodução de Globo Filmes (Brasil), Quijote Films (Chile) e Viking Film (Holanda), “O Último Azul” conta com Rachel Daisy Ellis e Sandino Saravia Vinay na produção.
Aclamado pela crítica internacional, o longa promete ser um dos destaques do cinema brasileiro em 2025.