O Som da Música – “A Noviça Rebelde”

Um dos grandes clássicos do cinema e do mundo dos musicais é “A Noviça Rebelde”, longa de 1965, com temática ainda voltada para Segunda Grande Guerra, que vem servindo de referencial para muitos outros filmes até os dias atuais.

A ideia inicial do filme vem da inspiração do livro escrito por Maria von Trapp e ideias de George Hurdalek, mas o roteiro foi assinado por Ernest Lehman e o livro de música por Howard Linday e Russel Crouse. A direção é de Roberte Wise.

Como assistir um filme tão antigo? A Disney+ pensa em tudo, reunindo não só suas princesas no catálogo, mas também clássicos de várias categorias, especialmente musicais.

Antes de relembrar preciso falar, era uma vergonha pessoal para mim, alguém que ama um bom musical, nunca ter assistido “A Noviça Rebelde”, nem acreditei quando vi disponível e me animei, apesar de o filme durar 2h55m.

Enfim, vamos a história.

Maria era uma noviça nada convencional, embora ela sentisse que o convento fosse o seu lugar, ela não conseguia se ater às regras, especialmente aquelas referentes a não cantar sem ser autorizada (só podiam cantar os cânticos de oração).

A Madre Superiora ouvia reclamações sobre Maria, mas gostava tanto daquela noviça, ela não queria a expulsar do convento, como muitas a aconselharam a fazer. Uma solução surgiu, uma família que havia perdido a mãe poucos anos antes, deixando 07 filhos só com o pai, precisava de uma governanta, uma babá, tendo pedido ajuda ao convento para a achar.

Essa seria a missão perfeita para Maria, ela passaria uns 06 meses fora do convento, convivendo com pessoas “normais”, vendo o mundo, isso faria com que ela refletisse sobre o que ela pensava em se tornar uma freira. Mas não seria muito fácil, ela foi avisada que não era a primeira babá das crianças Von Trapp, aparentemente elas faziam as babás fugirem deles.

O pai das crianças, o Capitão Von Trapp, era um homem muito sério, devotado à disciplina dos filhos e que ainda sofria muito com a perda da esposa, tanto que proibiu tudo que fazia lembrar dela, como a música e outras diversões. Isso fez dos filhos um pequeno exército, com horários certos para tudo, mas pouco afeto paternal.

As “crianças” eram Liels, de 16 anos, Friedrich, de 15 anos, Louisa, com 14 anos, Kurt, com 13 anos, Brigitta, de 12 anos, Marta, com 10 anos, e a pequena Gretl, com uns 05 aninhos (idades aproximadas).

Maria chegou receosa, mas pronta para fazer o que podia para agradar a todos, ajudando na criação deles. Depois de uma noite conturbada, ela foi ganhando a confiança das crianças, e, na ausência do pai, ela ensinou os Von Trapp a cantarem, algo que os mais novos nunca fizeram, por causa da rigidez do pai.

O Capitão Von Trapp pensava em se casar novamente, com a Condessa, a quem ele visitava sempre que ficava ausente de suas propriedades. Essa possível nova mãe não era exatamente quem mereciam como tal, a primeira coisa que ela pensava em fazer era colocar as crianças num colégio interno.

Mas eles não contavam com o carisma e a beleza de Maria. Não que a essa ex-noviça quisesse conquistar o Capitão, ela não tinha nem essa malícia em sua essência, mas foi inevitável perceber a conexão que havia entre eles, mesmo quando ela quebrava alguma regra da casa. Sim, eles se apaixonaram e ainda tiveram a benção dos filhos dele.

Isso resolvia a questão da missão de vida de Maria, mas não mascarou o que estava acontecendo na Áustria, país onde viviam.

O filme se passa antes da Segunda Guerra Mundial, naquele momento em que o Nazismo ainda estava invadindo a Áustria com passos pensados, como um jogo de xadrez. As crianças e Maria ainda não percebiam a diferença social disso, mas o Capitão sabia muito e receava pelo futuro da família e de seu amado país.

Por sua posição naval e social, ele havia sido convocado a servir ao partido nazista, algo que, na vida real da época se transformaria no ambiente perfeito para as atrocidades que estudamos até hoje. O Capitão Von Trapp não aceitava a ideia e decidiu fugir com Maria e o resto da família um dia antes de ter que se apresentar, despistando os agentes nazistas com a participação dele e da família no festival de música local.

Isso tudo embalado com músicas que ficaram para a história e que, mesmo não assistindo ao filme, todo mundo já ouviu de alguma forma.

Um grande exemplo é “Sixteen Going on Seventeen”, cantada pelo jovem casal apaixonado Liesl e Rolfe. Sabe onde você aí ouviu? No filme “Operação Babá”, de 2005, em que Vin Diesel interpreta um sniper que se transforma na babá de, adivinhem, 05 crianças.

Esse enredo te lembrou algo, né?

Se você, como eu, cresceu assistindo os filmes de Renato Aragão (vulgo, Didi Mocó Sorrisal), lembra muito bem do filme “O Noviço Rebelde”, de 1997, com direito a participação de Sandy e Junior, Patrícia Pillar e Tony Ramos!

Enquanto eu nem sabia o que era “A Noviça Rebelde” assisti “O Noviço Rebelde” todas as vezes que foram possíveis, e se passar na Sessão da Tarde num dia de folga podem apostar que irei assistir.

Ao finalmente assistir “A Noviça Rebelde” consegui entender as referências feitas na paródia nacional, ver as adaptações feitas tanto pelas histórias de fundo (não tinha como encaixar a Segunda Guerra Mundial, né) quanto para encaixar o humor de Renato Aragão.

Algumas coisas são bem evidentes, como o festival de música que finaliza os respectivos filmes. Enquanto no original é a família toda, com uma música bem emocional, falando sobre despedida, no brasileiro é Sandy e Junior dando um show no Beach Park (ah, não consigo nem descrever a satisfação de uma fã nesse momento).

Outra cena bem semelhante é o momento em que o Capitão observa Maria da sacada da mansão, ela está no lado do jardim onde tem o acesso para o lago (sim os Von Trapp eram imensamente ricos). Na versão brasileira tem a cena em que Tony Ramos observa Patrícia Pillar cuidando das plantas ao redor da grande piscina, dirigindo-se a ela para perguntar por quê dava especial atenção uma determinada planta.

Foi bem aí que aprendi que babosa (a planta em questão) era a mesma coisa que aloe vera e que servia para hidratação =D

Voltando para a Áustria de Maria e dos Von Trapp … Quem lidera o elenco é, nada mais nada menos, que uma jovem, linda e cativante Julie Andrews.

O que dizer de Julie Andrews, uma pessoa capaz de tornar tudo tão icônico e memorável?

Na época que interpretou Maria ela já era conhecida e premiada por ter sido “Mary Poppins”, em 1964, daí por diante foi só história de sucesso, o que poderia ser suficiente para uma geração, mas não, em 2001 ela conquistou um novo público com a elegante Rainha Clarisse Renaldi, de Genóvia, nos filmes “Diário de Princesa”.

Parou por aí? Não, a voz de Julie Andrews passou a ser conhecida por animações como “Meu Malvado Favorito” e “Shrek” (uma rainha novamente, porque ela é rainha naturalmente). Ah, falando em voz, ela é a voz de Lady Whistledown de “Bridgeton”.

Isso sem contar com participações em filme comerciais de alta aceitação, como é o caso de “O Fada do Dente”, com Dwayne “The Rock” Johnson.

O Capitão Von Trapp foi vivido pelo grande Christopher Plummer, com uma grande lista de trabalhos, os quais foram quase ininterruptos pelos quase 60 anos de carreira, dentre eles: “Uma Mente Brilhante”, “Alexandre”, “Padre”, “Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres” e, mais recentemente, “Entre Facas e Segredos”.

Sua voz não ficou conhecida só por causa do Capitão Von Trapp, mas também por quem assistia (no áudio original) a série animada “Madeline”. Aqui no Brasil o desenho passava na Tv Cultura, se não me engano.

Ao assistir o musical eu sabia que iria ver Julie Andrews, mas nunca soube que Christopher Plummer era o interesse romântico/co-protagonista do longa, foi uma surpresa muito bem vinda, eu nem sabia que ele já tinha feito musical (conhecia pelos filmes mais dramáticos).

Descobri a tempo de poder desfrutar de sua obra quando ele ainda estava vivo … Assisti o filme no dia 02 de fevereiro, no dia 05 de fevereiro o mundo acordou com a triste notícia de seu falecimento.

Plummer faleceu aos 91 anos de idade, ainda com um projeto a ser lançado!

Até Mais.

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