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CRÍTICAS FILMES

O segredo de Alice – “Passagem Secreta”

O segredo de Alice – “Passagem Secreta”
  • Publicado em: novembro 10, 2021

Entre os filmes brasileiros poucos são do gênero do mistério, especialmente envolvendo crianças, sem se tornar extremamente infantil. “Passagem Secreta” é uma tentativa de preencher essa lacuna.

O longa é dirigido por Rodrigo Grota, distribuído pela A2 Filmes e conta com esses nomes no elenco: Luiza Quinteiro, Sofia Cornwell, Tiago Daniel, João Guilherme Ota, Arrigo Barnabé e Fernando Alves Pinto.

Vamos à história?

Alice enfrenta um sério problema familiar, ela “assiste” o pai ser agressivo com a mãe diariamente, que, por sua vez, sempre promete a filha que fugirá de casa com ela, para nenhuma das duas sofrerem mais com aquilo. Um dia ela cumpre a promessa, mas não completamente. Um tio de Alice, que há muito não aparecia por ali, oferece ajuda na fuga, ele iria buscar as duas em uma noite e as levar para cidade onde o parque que o pai deles (o avô de Alice) está instalado e abandonado. O moço pretende reativar o parque em poucos dias, o lugar seria um bom esconderijo para as duas. Só que no dia da fuga a mãe de Alice desiste de ir, deixando a menina ir sozinha com o tio que nunca viu na vida. Mas a viagem foi feita, eles chegam à tal cidade já à noite, hospedam-se em uma pousada familiar, gerida por Laura, que também tem que gerenciar as aventuras da filha e dos amigos dela.

O lado bom dessa turminha da filha de Laura é que são receptivos, logo se enturmam com Alice, apesar da menina estar chateada porque fugiu sem a mãe. O mau humor só piorou quando o tio fala para ela que talvez a mãe não vá encontrar com ela tão cedo. De toda forma, o foco passa a ser a reabertura do parque e alguns “eventos” estranhos que Alice acaba vivendo. Ao passar pela casa de máquina antiga do local, a menina se conecta com a alma do avô, antes disso ela sentiu isso com rádios, que pareciam estar com a frequência desprogramada. Essa conexão não é nada positiva, aos poucos vai se revelando para Alice um plano maligno envolvendo os novos amigos e o parque, tudo idealizado pelo falecido avô e executado pelo tio esquisito. E que quase dava certo, porque o mau humor de Alice a deixou vulnerável à conexão, fazendo-a fazer algumas coisas contra a vontade.

Como falei antes, é uma tentativa de filme de mistério com crianças, com algumas referências em obras já conhecidas. Embora não seja falado, algumas cenas lembram um pouco “It – A Coisa”, até pelo ambiente de parque/circo antigo e um grupo de crianças curiosas. Mas a execução peca muito. O início do filme promete algo mais assustador, confesso que quase desisto de assistir (já era noite e eu sou medrosa), mas o desenvolvimento da estória não é bem feito, nem as partes “reais” nem aquelas que estão relacionadas ao mistério. Também tentam fazer uma história dinâmica, mostrando Alice com a mãe e o pai agressivo simultaneamente à filha de Laura na escola com os amigos, como forma de construir uma estória só a partir de duas. Mas é confuso, não dá para saber se estão na mesma época ou se são de épocas diferentes, ou até se uma é parte da imaginação da outra.

Para completar, as atuações se encaixam muito mais para uma obra teatral, não para o cinema. Infelizmente esse quesito ainda é muito esquecido no cinema nacional e, mesmo eu sendo praticamente leiga no assunto, dá para perceber a diferença e incomoda um pouco quando não se adequa.

PASSAGEM SECRETA

Brasil | 2020 | 95 min. | Ficção

Título Original: Passagem Secreta

Direção: Rodrigo Grota

Roteiro: Roberta Takamatsu

Elenco: Fernando Alves Pinto (Heitor), Luiza Quinteiro (Alice), Sofia Cornwell (Sófis), Tiago Daniel (Hugo/Orelha), João Guilherme Ota (Vico), Arrigo Barnabé (Rui)

Distribuição: A2 Filmes

Sinopse: Alice é obrigada a se mudar sozinha para uma pequena cidade, onde encontra um novo grupo de amigos. Ao invadir um parque de diversões para resgatar um dos seus colegas, Alice descobre segredos sobre a sua identidade e precisa fazer escolhas.

Até Mais! 

Written By
Nivia Xaxa

Advogada, focada no Direito da Moda (Fashion Law), bailarina amadora (clássico e jazz) e apaixonada por cultura pop. Amo escrever, ainda mais quando se trata de livros, filmes e séries.