Alguns casais são dignos de capas de revista, são aqueles que tem feed perfeito, parecem ter nascido um para o outro … Ou melhor, você acha isso quando os vê juntos, certo?
Esse não é o caso de Charlotte e Freddie no longa “Casal Improvável” (“Long Shot”, 2019), dirigido por Jonathan Livene e escrito por Dan Sterling e Liz Hannah. Está disponível na Amazon Prime Vídeo (ainda sem legenda nem dublagem em português).
Freddie Flarsky é um jornalista bem crítico, acredita piamente em seus ideais, o que torna difícil trabalhar com ele, apesar de ser extremamente inteligente e bom no que faz. Ao descobrir que o jornal em que trabalha foi vendido para um magnata da imprensa que representa tudo que ele abomina, Freddie pede demissão.
Nesse mesmo dia, para tentar se animar, ele vai a uma festa com seu melhor amigo, lá ele encontra Charlotte Field, a poderosa Secretária de Estado dos EUA e que, quando tinha 16 anos, era a babá dele (ele tinha 13 anos).
Charlotte está traçando a carreira política que sempre sonhou, com real possibilidade de se tornar a primeira presidenta dos EUA e, também, a pessoa mais nova a chegar ao cargo. Para isso, além do excelente trabalho que vem desempenhando, ela tem que “adular” o presidente atual (para que ele passa endossar e apoiar a campanha) e conquistar o público (eleitores).
A imagem de Charlotte já era boa, só que tinha que enfrentar alguns desafios que só uma mulher no poder enfrenta, como ter ser linda, elegante, inteligente engraçada. A melhor forma de conquistar mais pontos com o eleitorado é por meio dos discursos, ela precisa de um escritor/jornalista que escreva tais discursos.
Ela convida Freddie para ser essa pessoa e a acompanhar em uma viagem à trabalho, com muitos eventos sociais, encontros com outros líderes mundiais, momento perfeito para ela apresentar seu projeto de proteção ambiental, de interesse pessoal e que a ajudará na eleição. Isso quer dizer muitos discursos.
Tudo bem, certo? Bom, seria, se Freddie não fosse o tipo ideal de pessoa para uma comitiva oficial, vestindo-se como um adolescente e com a língua afiada para as coisas que ele não concorda.
Aos poucos eles se aproximam, primeiro porque ele sempre foi apaixonado por ele, depois porque ele precisaria a conhecer bem para que os discursos fossem fiéis à personalidade dela. E ela começou a realmente se apegar a ele.
Além de alguns detalhes oficiais, essa relação não teria muito futuro porque, aparentemente, ela não poderia namorar qualquer um, teria que ser alguém ideal, como o Primeiro Ministro do Canadá.
Eles correm contra todas as estatísticas e conquistam o mundo … ops… os EUA!
Esse poderia ser o pior filme, besteirol com Seth Rogen. Não sou muito fã dele, não simpatizo, acho comédia escrachada demais, não assistiria o filme por ele, mas acabei gostando do personagem (ponto para Rogen) e do filme.
Tem algumas coisas TÍPICAS de besteirol, tipo drogas, bebedeiras, cenas impróprias, enfim, mas não é cansativa por causa do cenário geral. Tem muitas referências da cultura pop, como uma cena de “Game Of Thrones” e outra de “Capitão América: O Soldado Invernal”, dentre outras piadinhas geeks (não peguei todas, mas nenhuma foi solta).
Embora tenha um ar caricato, sabemos que existe essa desigualdade em vários ambientes, no político nem se fala, e temos muito ainda pelo o que lutar para que a mulher tenha o mesmo respeito que os homens têm.
Charlize Theron foi a melhor escolha possível para viver Charlotte, além de belíssima, ela tem um histórico de personagens empoderadas. Conhecemos esse lado dela, mas ela presenteia o público com aquelas cenas típicas de besteirol, incluindo aí uma cena em que ela negocia com um terrorista completamente drogada e ainda dá entrevista internacional afrontando o chefe.
As eleições que Charlotte vence são as de 2020. Infelizmente os EUA não ganharam essa presidenta, tenho certeza que com ela no poder o Covid-19 já teria sumido dos EUA, quiça do mundo.
Além de Seth Rogen, Charlize Theron e uma participação de Lisa Kudrow, o filme conta com um elenco de nomes interessantes.
June Diane Raphael, mais conhecida pela série “Gracie and Frankie”, é o braço direito de Charlotte, Maggie. É ela que tenta manter a imagem impecável da chefe, julgando fortemente a aparência de Freddie, para não dizer que implicava com ele.
Do lado de Maggie está Tom, que cuida das divulgações, ele é vivido por Ravi Patel, conhecido por muitas séries de comédia, como “Master of None” e “American Housewife”.
O melhor amigo de Freddie, que mais parecia o coach de vida e inteligência emocional, é Lance, vivido por O’Shea Jackson Jr., filho do rapper Ice Cube e que trabalho como ator desde 2015.
Fazendo uma participação tão rápida quanto a de Lisa Kudrow, Randall Park, de “Meu Eterno Talvez”, aparece como o chefe que Freddie, que tenta o impedir de pedir demissão.
O presidente sexista e narcisista Chambers é vivido por Bob Odenkirk, famoso por viver um dos advogados mais famosos da TV em “Breaking Bad” e no spin-off “Better Call Saul”.
A participação mais inacreditável, Andy Serkis. Ele deu vida ao magnata da imprensa Parker Wembley, que compra o jornal no começo do filme e tenta controlar o governo. Mas assim, para descobrir que era ele eu tive que procurar no IMDb mesmo, porque é o mago dos disfarces, está irreconhecível.
Gosto de Andy Serkis, mas queria ver mais com o rosto dele mesmo, como acontecem nas participações do universo da Marvel.
Outro ator que passa quase despercebido por causa da boa caracterização é Alexander Skarsgård. Ele faz o Primeiro Ministro do Canadá, com um sorriso e personalidade caricata (beeeeeem longe do carismático de Justin Trudeau, que ocupa o cargo atualmente). Nunca imaginei o Tarzan, filho de Erik Selving (Stellan Skarsgård), irmão de Pennywise (Bill Skarsgård) e Floki (Gustaf Skarsgård) em um personagem assim, mas eu gostei.
O que podemos concluir de “Casal Improvável”? Nem tudo precisa ser ideal, na verdade, algumas coisas só começam a dar certo quando você deixa os padrões de lado!
Até mais.
Obs.: A fonte da imagem que está em destaque é IMDb.