O mundo dos millenials – “Younger”
A obsessão pela juventude não é algo novo, mas a geração millenials, aqueles nascidos entre 1981 e 1996, parece privilegiar ainda mais os prodígios que alcançam o sucesso cada vez mais cedo, menosprezando os mais experientes. Não é uma regra, mas isso acontece.
A crítica social sobre os padrões de idade é abordada de forma inteligente e engraçada na série “Younger”, escrita e produzida por Darren Star, responsável por sucessos como “Sexy and The City” (série e filmes), “Melrose Place”, “Barrados no Baile” e, a minha queridinha, “Emily em Paris”.
A sétima e última temporada de “Younger” foi lançada nos EUA no último dia 15 de abril, ainda não chegou ao Brasil, mas as outras 03 temporadas estão disponíveis na Prime Vídeo. São 12 episódios de 30min, em média, prontos para você maratonar.
O único “porém” é que só tem a versão dublada em português, não tem o áudio original, mas, ainda assim, vale a pena conferir.
A história retratada é a de Liza Miller, uma mulher de 40 anos, recém-divorciada, com uma filha de 18 anos e acostumada com uma vida de dona de casa de subúrbio. Liza se ver precisando de um emprego para se sustentar e de uma mudança radical em sua vida, o que a leva a morar com sua amiga mais antiga (e seu completo oposto), a artista plástica Maggie.
Maggie vive no Brookling, bairro de Nova York que se tornou um point da geração dos millenials, mas ela já estava lá antes mesmo da elite da sociedade olhar para o bairro. Essa é a primeira grande mudança para Liza, mas o que estava por vim seria ainda mais revolucionário.
Liza imaginou que poderia encontrar um emprego em alguma editora de livros, porque ela tem formação acadêmica nessa área e, se não tivesse sido pelo casamento, ela teria seguido carreira nisso. Só que o fato de ela começar a trabalhar de fato nessa área aos 40 anos fecha todas as portas para ela.
Em determinada ocasião um cara lindo em um bar acha que Liza tem 26 anos e não foi só paquera, ele realmente achou isso. Era Josh, guardem essa informação, falo já dele.
Essa confusão inspirou a uma das ideias mais loucas de Maggie e Liza … E se ela se passasse por uma jovem de 26 para conseguir um emprego em alguma editora?
Não é a solução mais correta, mas, mesmo assim, elas fizeram. Apagaram qualquer vestígio da vida de Liza na internet, falsificaram os documentos dela e atualizaram seu guarda-roupas, agora ela tinha 26 e uma entrevista na editora que ela sempre sonhou em trabalhar: Empirical.
A loucura deu certo, Liza se tornou a assistente de Diana, a chefe de marketing da editora, altamente exigente, mas que poderia abrir as tais portas para Liza. Mas essa oportunidade se tornou mais que um emprego, nessa editora Liza encontrou amigos e uma verdadeira forma se destacar, sempre tentando desviar das frequentes brechas em sua história.
Liza começa a ter uma vida dupla, a de 26 anos e a mãe de 40 anos, o que foi se tornando exaustivo e até perigoso para ela e para quem estava ao seu redor. Ela precisou mentir para os novos amigos, quem a ajudou muito nessa nova etapa, como Kelsey, Lauren e a própria Diana, e para os seus interesses românticos, Josh e Charles. Ah, para a filha, Caitlin, também, a única que sabia de tudo por muito tempo era Maggie.
Josh era o cara do bar, que se mostrou um cara mais apaixonado e sério do que aparentava, dedicando-se por inteiro ao relacionamento com Liza. Enquanto ela se envolvia com ele, 14 anos mais novo, se preocupava se isso daria certo, o que deu brecha para também se interessar pelo chefe, o dono da editora, Charles.
Algo que sempre foi prioridade para Liza foi o sucesso da editora e o que ela poderia fazer para contribuir para isso. Desde o início, mesmo só como assistente, ela foi se mostrando interessada em soluções para cada problema, o que a fez se aproximar de Kelsey.
É esse aspecto da série que a torna inteligente, mostra o quão as mulheres ainda precisam se unir e batalhar pelo seu lugar ao sol, lutar pela quebra de padrões, no caso é a idade, mas sabemos que existem milhões de outros motivos que barram brilhantes mulheres a se tornaram grandes empresárias.
Ali são representadas 03 mulheres de perfis diferentes, com desafios próprios e em comum: Diana é uma referência no marketing literário, mas precisou construir uma barreira pessoal para conquistar seu sucesso, passando a imagem de “durona” e poucos amigos; Kelsey é uma jovem batalhadora, que erra e acerta todo santo dia, sempre tentando balancear a juventude e a carreira; Liza precisou mentir sua idade para poder ser ouvida.
Fora da editora ainda temos Maggie e Lauren, que trazem outros tabus para a discussão diária. Maggie é assumidamente lésbica desde sempre, nunca teve problema com isso, e sempre foi ousada para sua geração. Lauren é produto de sua geração (millenials), que quer experimentar de tudo e tem medo de ser básica, no fundo ela mostra as várias opções de demonstrar a sexualidade.
A leveza do humor da série pode te enganar, pode parecer só uma série “bestinha”, até por ter episódios rápidos, mas a abordagem de assuntos sérios, como os citados acima, faz dela uma obra mais profunda.
O elenco bem escolhido também auxilia para o sucesso da série. Vamos conhecer?
Liza Miller é vivida por Sutton Foster, ela estrelou a série “Bunheads” e participou do especial “Gilmore Girls: Um Ano Para Recordar”, mas ela tem uma carreira muito mais longa e memorável nos palcos da Broadway.
Maggie, a melhor amiga e “cumplice” de Liza, é vivida por Debi Mazar, embora ela tenha vários trabalhos em sua carreira, a geração “Sessão da Tarde” (que muitos também são millenials) sempre se lembrará dela como a vilã do filme “Beethoven 2”.
Kelsey Peters, a mais jovem editora de Nova York, é vivida por Hilary Duff, possivelmente a escolha perfeita. Quem melhor poderia representar a geração millenials do que um dos símbolos dela? Duff foi uma das “princesas” da Disney na primeira década dos anos 2000, tem várias comédias românticas adolescentes famosas no currículo e uma carreira musical, os millenials cresceram a assistindo e ela ainda tem muito peso para esse público,
Diane Trout, a senhora dos colares (cada episódio é uma marcante que o outro) e a poderosa do marketing, é vivida por Miriam Shor, conhecida por “Hedwig – Rock, Amor e Traição” e por séries como “Big Day”, “The Good Wife” e “The Americans”.
Lauren, a amiga que pensa fora da caixa necessária nas vidas de Liza, Maggie Kelsey, é interpretada por Molly Bernard, conhecida por séries como “Transparent” e “Chicago Med”.
Josh, o amor mais jovem de Liza, é vivido por Nico Tortorella, conhecido por obras como “Pânico 4”, “Reféns” e “The Walking Dead: World Beyond”. Charles, aquele que parece ser “o certo” para Liza, mas é chefe dela, é interpretado por Peter Hermann, conhecido por obras como “Philomena”, “Law & Order: Special Victims Unit” e “Blur Bloods”.
Dentre as participações esporádicas, destaco dois nomes bem conhecidos: Michael Urie, conhecido por outro editorial, a da revista de moda da série “Ugly Betty”, e Phoebe Dynevor, o diamante em pessoa, da aclamada série “Bridgerton”.
Até mais!