O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio. O complemento ideal para a franquia!

A franquia O Exterminador do Futuro estava confusa e com variáveis demais, o que provocou um certo distanciamento dos fãs. Pensando em uma forma de corrigir (leia-se “apagar”) esse passado sombrio, o produtor James Cameron (diretor de Terminator 1 e 2) coordenou a criação de um longa que fosse sequência direta de Terminator 2 – Julgamento Final. Estamos falando de O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio.

Antes de prosseguir com esse review, recomendo que leiam as críticas dos filmes que são os antecedentes desta nova obra da franquia: O Exterminador do Futuro e O Exterminador do Futuro 2 – Julgamento Final.

Como retomar com sucesso uma franquia em declínio?

Essa era a pergunta que não queria calar. Depois do segundo filme da franquia (review acessível no início do post), tivemos Terminator 3 – A Rebelião das Máquinas, Terminator – A Salvação e Terminator – Gênesis. Também tivemos uma série chamada Terminator: The Sarah Connor Chronicles. Em suma, a franquia sempre teve potencial e ainda é dona do apreço de uma geração inteira que acompanhou os filmes, livros, HQ, séries e outros derivados. Mas a verdade precisa ser dita: os filmes posteriores ao Exterminador do Futuro 2: o Julgamento Final foram muito mal recebidos por público e crítica. Logo, um filme consistente e capaz de elevar novamente o interesse pela franquia era necessário. E é sobre esse filme que abordarei: O Exterminador do Futuro – Destino Sombrio.

Bem, para começo de conversa, vamos às origens para ver o que deu certo. James Cameron (direção ou produção), Linda Hamilton (a eterna Sarah Connor) e o T-800 (que ficou imortalizado com o visual do ator Arnold Schwarzenegger). Ok, a Fox reuniu esses três elementos. Seguiu-se na busca por um diretor, pois Cameron estaria à frente apenas da produção, até que foi contratado o ótimo Tim Miller (de Deadpool). Por fim, o roteiro ficou sob a tutela de Billy Ray, David S. Goyer (trilogia Blade, Batman: o Cavaleiro das Trevas), Justin Rhodes e Josh Friedman.

Somemos a essa equipe os talentos de Mackenzie Davis (a humana aperfeiçoada Grace), Natalia Reyes (Dani Ramos), Gabriel Luna (Terminator), Diego Boneta (o irmão de Dani), entre outros. E como já dito, os efeitos estão de altíssimo nível.

                                                                               Linda Hamilton, Arnold Schwarzenegger e James Cameron na época de Terminator 2

A História continua…

Não foi à toa que James Cameron voltou. Ao deixar sua franquia na mão de outros, recebemos resultados razoáveis, mas nada no padrão de Terminator 2. Cameron reuniu a equipe original (Arnold e Linda) e trouxe elementos dos dois primeiros filmes. A nova ameaça é um Exterminador da categoria REV-9 muito parecido com o T-1000 que vimos no segundo filme (em metal líquido, porém capaz de separar a parte “humana” da máquina, o que gera dois Exterminadores). A contraparte não está focada em Schwarzenegger, pois é Grace (a híbrida de humana e máquina, um ser humano aprimorado, que faz, inicialmente, o papel de protetora).

A narrativa inicia com a morte de John Connor e rapidamente evolui para os dias atuais onde encontramos a jovem Dani Ramos e sua família. Dani não sabe, mas ela é o alvo do novo Terminator, enviado para matá-la em função de sua importância no novo confronto entre homens e máquinas.

Dani é uma mulher independente (aliás, as três principais mulheres do longa-metragem são personagens fortes) e é o ponto de equilíbrio da família. Tudo está em paz, entretanto os novos modelos REV-9 têm a precisão e as informações infinitamente melhores que o T-1000 ou o T-800, o que leva a máquina direto para o local onde ela mora. Nessa parte do filme nós somos apresentados a uma nova aparição dos Terminators, pois ao invés de raios há uma queda muto brusca da temperatura e os resultados são feitos de forma correta e crível.

O que o passado e o futuro reservam?

O maior questionamento sobre o retorno da franquia estava na premissa usada para trazer o T-800, Sarah Connor e outros elementos dos dois primeiros filmes, tantos anos depois.

O roteiro elaborado mostra que a morte de John Connor foi uma vingança das máquinas, já que a Skynet estava literalmente destruída. Como o futuro foi literalmente alterado, uma nova forma de inteligência artificial assumiu o comando das armas e provocou uma nova hecatombe. O que as máquinas não contavam era o surgimento de uma nova pessoa que liderasse os humanos na luta contra o exército mecânico.

Tudo isso acima descrito é mostrado com efeitos visuais de alta. Eu havia assistido há pouco os dois primeiros filmes e é gritante a evolução visual nessa nova obra, mesmo quando comparada às mais recentes.

Agora há um confronto onde o número de guerreiros aumentou consideravelmente. O primeiro filme era Kyle Reese e Sarah contra o Exterminador; o segundo mostrava Sarah, John e o T-800 contra o T-1000. Neste, encontramos Dani, Sarah, Grace e o T-800 contra o REV-9 e, por incrível que pareça, eles mal dão conta do recado, tal a letalidade desta nova máquina.

(E-D) Actors Gabriel Luna, Natalia Reyes, Mackenzie Davis, Linda Hamilton and Arnold Schwarzenegger speak on stage during the CinemaCon Paramount Pictures Exclusive Presentation at the Colosseum Caesars Palace on April 4, 2019, in Las Vegas, Nevada. (Photo by VALERIE MACON / AFP)

Homenagens aos antecessores.

Como já citei, há a inserção de uma cena inteira do segundo filme. Entretanto, outras similaridades com as obras antigas estão presentes como uma brincadeira com o óculos escuros do Terminator, a ligação de Sarah com seu passado guerrilheiro, a gradual humanização do T-800, o confronto verbal entre Sarah e o ciborgue interpretado por Arnold (substituindo o confronto físico), o aprimoramento visual do futuro caótico da humanidade, a cena de perseguição com um caminhão, a forma como o REV-9 se mescla aos humanos… são muitos pequenos detalhes que vão além da cópia, pois são homenagens inseridas com inteligência no roteiro e que comprovam o potencial da franquia.

Laços e lealdade.

As máquinas seguem uma programação pré-estabelecida. E o que dizer de nós, seres humanos? O longa mostra que seguimos um código de ética bem curioso, já que a lealdade é reforçada gradualmente, enquanto os laços (sanguíneos ou de amizade) são oriundos de uma convivência bem mais próxima. Conseguimos visualizar os laços e a lealdade no comportamento de Grace. Também podemos ver que Sarah e Dani acabam se aproximando por causa das similaridades entre o passado da primeira e o presente da segunda.

Mas o mais interessante em toda a trama é a forma como o roteiro mostra o que se tornou o T-800. Além do envelhecimento dos tecidos, podemos distinguir uma maturidade e paciência próprias da idade. Ele se tornou alguém importante para outras pessoas e sabe que chegou o momento de corrigir o passado comum entre ele e Sarah Connor.

O longa se encaminha para um final digno para quase todas as personagens e valoriza ainda mais os laços que o grupo obteve ao tentar sobreviver contra o novo Terminator.

Ação.

O ritmo narrativo do primeiro filme foi lento em boa parte. O segundo filme mostra ação em quase toda o longa. Esse novo Exterminador do Futuro consegue manter a ação em grande parte da projeção e ainda une um pouco do passado de cada personagem para que o espectador novo (aquele que não viu os dois primeiros filmes) tenha um norte e não fique perdido diante dos acontecimentos.

E claro que a ação é o ponto alto desta obra, pois temos elementos fantásticos como a luta entre os Exterminadores e a inclusão de Grace, a frieza do REV-9 (que não chegou ao mesmo patamar do T-1000 de Robert Patrick, mas é boa) e as cenas de Sarah que, mesmo diante da passagem do tempo, convence o espectador de seu potencial destrutivo.

Uma nova franquia?

Honestamente, a cobrança em cima desta franquia já se provou exagerada e gerou filmes com potencial baixo. Não quero ver mais do Exterminador, porém é fato que a personagem pode evoluir em uma série ou animação. Não há necessidade de reintroduzir novamente Schwarzenegger ou Linda, pois certamente a missão deles está mais do que bem cumprida.

Não sei como a bilheteria ficará. O que sei é que provavelmente os filmes mais recentes da franquia enfraqueceram o potencial da obra e criaram um clima de desconfiança por parte do espectador. O que posso afirmar, sem sombra de dúvida, é que assisti a um filme de ação feito com muita qualidade, visualmente impecável e que retoma a trilha interrompida em 1991. Claro que poderia falar ainda mais sobre Destino Sombrio e tudo que está relacionado a ele, porém acredito que é preciso ver para crer.

O filme se mostrou condizente com a mitologia criada por James Cameron e, para mim, encerra de forma digna uma franquia que poderia ter sido destruída anos atrás com os filmes fracos que surgiram. Vão ao cinema e prestigiem o longa que, provavelmente, encerra aquilo que começou em 1984…

 

 

 

 

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