O Exterminador do Futuro 2: o Julgamento Final.

Na sequência do primeiro Exterminador, vários elementos deste filme estão presentes e ajudam a ampliar a mitologia por trás da história. Como era de se esperar, o astro Arnold Schwarzenegger volta para interpretar o temido T-800. Também temos a presença de uma jovem Sarah Connor (Linda Hamilton) que está novamente em contato com o ciborgue assassino. Mas o que nos trouxe novamente a esta caçada?

Este longa mostra uma nova tentativa de destruição do líder da resistência humana. Lembro que no primeiro filme o T-800 veio para acabar com a vida de Sarah, visto que ela seria a mãe da criança que se tornaria o combatente John Connor. Para clarear mais a memória, acessem o link para ler a resenha de O Exterminador do Futuro.

O futuro e as máquinas.

Novamente permeia o temor de uma revolução das máquinas. Este tema é recorrente em obras de ficção científica como Matrix, A.I., Eu, Robô, Ex-Machina, 2001 e outros. Robocop e Chappie mostram a substituição de humanos por máquinas capazes de impedir a morte de policiais e agentes da lei, mas novamente a cobiça humana decreta o caos.

Por ser uma sequência direta, este filme mostra os desdobramentos dos estragos feitos pelo primeiro T-800, sobretudo na vida de Sarah Connor. Passaram-se 11 anos após o confronto de Kyle Reese e Sarah Connor contra a máquina assassina e nos deparamos com um jovem e rebelde John Connor (Edward Furlong). Ele não sabe, mas sua vida e morte ainda fazem parte dos planos das máquinas que dominam o futuro próximo de 2029. O longa se passa no ano de 1995, dois anos antes que a Skynet assuma o comando dos armamentos nucleares e promova a quase extinção da raça humana.

Para garantir que isso continue e a Skynet realmente faça esse estrago todo, as máquinas enviam um assassino ainda mais cruel e calculista que o T-800, chamado T-1000, um ciborgue feito a partir de metal líquido e capaz de assumir qualquer forma humana após ceifar a vida da vítima. O T-1000 é um dos vilões mais icônicos e amados do cinema, fato que deve muito à atuação única do ator Robert Patrick. Apesar de sua compleição física magra, o T-1000 é infinitamente mais letal que seu antecessor, mais determinado e capaz de reconstituir o próprio corpo.

O curioso é que o início da obra deixa o espectador confuso, já que existem dois Exterminadores atrás de John. Como em um jogo de gato e rato, eles perseguem Connor em todos os lugares que ele possa estar. A surpresa fica por conta do encontro do T-800 com o T-1000, os dois frente a frente com o menino John Connor.


Apesar de ser uma produção relativamente antiga, deixo aqui o alerta de que a partir deste ponto haverá SPOILERS!!!!

Guerra de Exterminadores.

O primeiro encontro dos dois Exterminadores é impressionante. O obsoleto modelo T-800 entra em confronto com o T-1000 por causa de Connor. Ambos estão atrás do garoto, mas apenas um quer vê-lo morto. O combate impressiona pelos efeitos visuais e por mostrar alguém capaz de parar o ciborgue interpretado por Schwarzenegger. Algumas das cenas deste combate estão eternizadas, como a escopeta na caixa de flores e o T-1000 ao lado de um manequim prateado.

E é nesse ponto acima que acontece uma grande virada na trama. O ciborgue que no primeiro filme foi o vilão, o assassino frio e irrefreável, agora é o enviado para salvar John Connor. Isso deu um nó em sua cabeça? Imagine o público de 1991 que aguardava o retorno de Arnold matando sem piedade, mas encontra outro matador ainda mais letal e poderoso.

O que se segue é um confronto de Inteligências Artificiais, armas, ação quase ininterrupta e uma caçada que ditará o destino de toda a humanidade.

Coerência.

Filmes que lidam com o tema da “viagem no tempo” tendem a ter incontáveis erros. Esta sequência de Terminator possui alguns pontos confusos, porém sempre fica o mais próximo possível da coerência. O roteiro de James Cameron e William Wisher Jr. é bem consistente e conseguiu manter o impacto da história sobre a máquina versus o homem.

Efeitos visuais.

O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final é um marco no cinema por usar a captura de movimento como nenhum filme havia feito até então. Ver Robert Patrick se transformar em metal líquido foi algo que marcou uma geração inteira. Recebeu seis indicações ao Oscar e ganhou em quatro, incluindo Efeitos Especiais.

Definitivamente, este filme veio para ditar as novas regras dos efeitos visuais e da inclusão de CGI. Obviamente, os efeitos da época estão obsoletos ou foram aperfeiçoados, mas ainda é muito bom assistir a esse filme.

Sarah Connor.

Linda Hamilton ganhou notoriedade ao interpretar a frágil Sarah Connor, a mulher destinada a ser a mãe do líder da resistência contra as máquinas. No primeiro longa, Sarah sofreu como ninguém ao ter amigos mortos, sua vida destruída e ao ser perseguida por um robô cuja única missão é matá-la. Ao final do primeiro filme, nos deparamos com uma Sarah machucada e cujo homem que amava estava morto. A esperança dela residia no filho em seu ventre. A esperança dela e do futuro de todos nós.

Aqui nos deparamos com uma mulher mantida em um manicômio, sob o efeito de remédios e vista como louca. A loucura em questão é, na verdade, tudo aquilo que se passou no primeiro filme. Claro que as autoridades jamais acreditarão na história de uma máquina programada para matar uma mulher por causa de um filho que ainda não nasceu, uma máquina oriunda do futuro.

Sob o julgamento e avaliação do Dr. Silberman (Earl Boen), ela faz de tudo para rever seu filho que agora vive com uma família.

O que Sarah não sabe é que o futuro caótico ainda pode ocorrer, já que na sede da Skynet está um chip e o braço do Exterminador destruído anos atrás. Mas ela agora tem duas cartas na manga: o banco de dados do T-800 e os amigos que fez quando treinou guerrilha (alguém se lembra da cerca com cabeças de serpentes?).

Essa parte do filme mostra duas faces da mulher. Uma é aquela onde conhecemos realmente a guerreira, a estrategista que prepara o terreno para o combate. A outra é a da mãe que teme pelo futuro do filho, a face da mulher que se torna frágil ao defender sua prole.

Em meio aos devaneios de Sarah, James Cameron mostra ao espectador um pouco do que o futuro sombrio reserva à humanidade caso a Skynet domine as forças bélicas do mundo.

Perseguição implacável.

Tal como visto no primeiro Exterminador (1984), o novo Terminator se vale de todos os recursos que a tecnologia lhe permite. Não bastasse ter acesso à comunicação da Polícia (ele usa o uniforme de um policial a maior parte do tempo), ele também consegue se mesclar a ambientes, assumir formas como lâminas e possui uma Inteligência Artificial única. O destaque fica para o fato de que esse matador profere pouquíssimas falas durante o longa, o que reforça sua índole fria e assassina.

Nada impedirá o T-1000 de cumprir sua missão, não importa quantas pessoas morram para que isso se concretize.

Inversão de papéis.

Sarah crê que Miles Dyson (Joe Morton) é o responsável pelo Julgamento Final. Ao analisar o chip e o braço mecânico do Exterminador, ele se vale da engenharia reversa para obter a tecnologia que assumirá o controle de todo o arsenal nuclear do mundo. A Skynet será o fim da humanidade como a conhecemos. Para evitar isso, Sarah assume as rédeas do próprio destino e parte para eliminar Miles, tal como faria qualquer Terminator.

A passagem acima serve para mostrar o quanto o desespero pode influenciar as ações de uma pessoa e ganha ainda mais destaque quando inserem a trilha sonora do próprio Exterminador quando caça. Trecho muito bom do filme…

O conflito final.

Dentro do laboratório do que se tornará a Skynet, Sarah, John, Miles e o T-800 tentam recuperar as peças do primeiro Exterminador, aquelas que fornecerão a tecnologia para a Inteligência Artificial que enxergará os humanos como algo a ser destruído.

De um lado estão as forças policiais e um T-1000 que se mistura a elas. Do outro estão aqueles que podem evitar o Apocalipse.

Com base nas ordens dadas por John, o T-800 poupa as vidas dos policiais, ainda que estes saiam muito machucados. Algumas das cenas desse confronto inspiraram outras em filmes como Batman: O Cavaleiro das Trevas, onde podemos ver a similaridade da cena do prédio explodindo e a invasão de um compartimento com um carro.

Mas é em uma fábrica que acontece o embate entre os Terminators. A nova tecnologia contra a antiga. As ações frias contra uma máquina que está aprendendo lentamente alguns dos valores dos humanos. Sarah, John e o T-800 estão diante de algo nunca visto, um assassino que tem em suas diretrizes a ordem de eliminar John.

Com cenas inesquecíveis, lutas épicas, sacrifícios e um dos finais mais interessantes de uma franquia de ficção-científica, O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final se consagra como um dos melhores filmes do gênero na história do cinema, principalmente por dar esperança e mostrar que programações podem ser quebradas, pois podemos escrever nosso destino.

Esse é o filme que decreta o fim da Skynet, mas será que o futuro ainda pode esconder algum perigo? Essa resposta está no novo filme da franquia, O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio, onde James Cameron retoma o controle da produção e apaga os filmes que se seguiram, aqueles que minaram a credibilidade da mitologia por trás dos Exterminadores.

Vão ao cinema e não percam esse ótimo lançamento!

 

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