Não Seguidor – “O Buscador”

Os almoços que reúnem a família são momentos especiais e que estão cada vez mais raros, o distanciamento entre os membros da família pode ter sido causado por vários motivos. O reencontro pode levar a discussão a cerca destes.

Essa ideia está inclusa na obra “O Buscador”, primeiro longa dirigido pelo ator Bernardo Barreto, teve excelente participação em vários festivais de cinema e agora, dia 29 de julho, estreia oficialmente nos cinemas brasileiros, por meio da distribuição da O2 Play.

No elenco estão alguns nomes conhecidos dos brasileiros: Monique Alfradique, Débora Duboc, Bruno Ferrari, Erom Cordeiro, Mário Hermeto, Aline Fanju, dentre outros.

A trama gira em torno de um almoço do Dia dos Pais, o primeiro em que Isabella, a dita filha preferida, volta a visitar os pais depois de ter largado a vida de rica e aceitado viver em uma comunidade Hare Krishna. Ela traz seu parceiro, Geovanni, que passou muito mais tempo que ela na comunidade, nunca tendo experimento o estilo de vida da família.

O pai de Isabella, Afonso, é um grande empresário que está envolvido em um grande esquema de corrupção dentro da política brasileira. O irmão dela, Thiago, segue os passos do pai, só que ainda mais autoritário e agressivo com a esposa, Adriana, e o filho, Otávio.

A mãe de Isabella, Rita, que tenta agradar a filha ao máximo, mas é notável o quanto ela repugna o novo estilo de vida dela e deseja que Geovanni suma da vida dela. Ela acha que assim Isabella voltaria a viver da forma como vivia. Rita representa bem a classe de ricos brasileiros, que dizem ter os empregados como parte da família, mas os tratam como escravos.

O almoço ainda conta com a presença de Max, sócio da empresa, considerado um terceiro filho da família, e a namorada dele, Sabrina, uma blogueira fútil, que não representa a classe trabalhadora da profissão. Max é o ex-noivo de Isabella, isso criará alguns momentos de crise nesse dia já turbulento.

Boa parte da turbulência vem de fora, um grande protesto está ocorrendo, tendo em vista o tal escândalo em que Afonso está envolvido. Mas a família tenta manter a pose dentro de casa, com o evento sendo realizado da mesma forma e pessoas adornadas em brilhantes, ouro e salto alto, escondendo os saquinhos de cocaína e outros tantos segredos.

A paz de espírito de Geovanni em meio a tudo aquilo incomoda todos, como geralmente acontece com quem não tem a consciência limpa. Isabella está confusa, quer agradar os pais, mas nada daquilo a agrada mais, nada daquilo a descreve mais.

O momento família termina com uma séria discussão sobre o que seria uma vida digna: uma comunidade que prega o amor livre e o desapego às coisas materiais ou a riqueza de uma classe social que se acha melhor que todo mundo porque tem dinheiro, carros, joias e status.

É incrível como a segunda opção ainda é a escolha de uma parcela significante da população brasileira … Sem nem pensar em um meio termo (que existe).

O filme foi grava em apenas dois dias e em plano-sequência, ajudando o expectador na sensação de urgência e angústia desse almoço de família nada acolhedor. Alguns momentos são sufocantes de verdade, tanto fisicamente (já que eles não podem sair, porque causa do protesto) quanto psicologicamente, com o tanto de absurdos que são falados.

Contudo, na visão dessa expectadora, faltou um pouco de trabalho entre atores e câmeras, dando a impressão que seria uma produção pensada para os palcos do teatro, não para o cinema.

Até Mais!

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