Musical histórico – “Hamilton”

Cresci ouvindo que é importante estudar o passado para poder entender o presente, possivelmente, prever o futuro (ou se preparar para ele). Nada mais marcante conhecer a história de Alexander Hamilton, um dos fundadores do Estados Unidos da América, no momento que este país (e o nosso) enfrenta difíceis momentos por causa do governante.

“Hamilton” é, originalmente, um musical off-Broadway e que conquistou a Broadway desde meados de 2015. A peça é baseada no livro “Hamilton: The Revolution”, escrito por Lin-Manuel Miranda, inspirado no livro de mesmo tema de Ron Chernow. Miranda também assina a autoria das músicas, bem como estrela, como o próprio Alexander Hamilton, e produziu a peça.

Em 2020 a Disney+ trouxe para seu catálogo esse musical, que já havia ganhado vários prêmios e visibilidade. A ideia foi levar o expectador ter uma experiência de teatro, então não é um filme em si, mas a gravação de três dias de musical no Teatro Richard Rodgers. A gravação foi realizada em 2016, contou com o elenco original e a direção de Thomas Kail.

A união de história, música, o gênio Lin-Manuel Miranda e Disney+ não tinha como ser diferente, incrível em vários aspectos.

Mas vamos à história.

Alexander Hamilton teve uma infância difícil, perdeu os pais cedo e passou por desastres pessoais no Caribe (onde nasceu), mas aprendeu desde cedo a pensar em seu futuro, sabia que poderia se tornar um homem de importância se estudasse e soubesse se posicionar. Nasce aí um político letrado.

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Ele foi para Nova York ainda com 19 anos, onde conheceu Aaron Burr, que seria seu grande rival, mas na época era alguém que ele admirava, conheceu também alguns companheiros que concordavam com suas ideias, incluindo aí a revolução que transformaria o país, eram eles o Marquês de Lafayette, Hercules Mulligan e John Laurens. Pouco tempo depois também conheceu aquele que mais lhe ajudaria na carreira, George Washington.

Hamilton não era um homem discreto, ele gostava mesmo de mostrar seus argumentos, fazer discursos, escrever e escrever recomendações, além de sempre endossar a necessidade de uma revolução. Isso chamou atenção de George Washington, por isso se tornou Secretário de Tesouro em toda gestão deste na presidência.

Mas isso também causou inimizades, começando por Aaron Burr, que não aceitou essa ascensão de Hamilton e, mesmo sendo considerado amigo deste, não mediu esforços para, aos poucos, acabar com sua carreira. Hamilton também despertou a inimizade de Thomas Jefferson (que também era amigo pessoal de Lafayette), James Madison e do Rei George da Inglaterra.

O musical também de Hamilton, seu casamento apaixonado com Eliza Schuyler, sua amizade com a irmã mais velha dela, Angelica, a mais racional das irmãs Schuyler, e o caso que teve com Maria Reynolds, caso esse que abriu para o mundo anos depois, manchando sua imagem, causando rumores e prejudicando a família dele e de Eliza de várias maneiras.

Um dos grandes feitos de Hamilton, também mostrado no musical, foi ser um dos autores da Constituição dos Estados Unidos da América. Ele escreveu, aproximadamente, 60% dos artigos originais da lei maior estadunidense, documento usado até hoje, com as devidas adaptações.

Como tudo isso é mostrado por meio de musical?!

Eu tive minhas dúvidas que seria algo interessante de assistir, mesmo sendo alguém que sempre gostou de musical e de história, mas ele, Lin-Manuel Miranda, conseguiu unir todos esses fatos históricos e, com poucas licenças poéticas, transformou tudo em música e envolve o público nessa história.

Só que, detalhe, não é música da época, não estamos falando de música clássica ou de jazz clássico, usando comumente na Broadway, há uma modernidade na elaboração das músicas, uma forte influência do hip-hop, do jazz mais popular e do R&B. Agora imaginem figuras históricas, como Lafayette, com trajes do fina do século XVIII, cantando hip-hop … de alguma forma funciona e prende atenção.

Aliás, tem uma parte que Hamilton e Thomas Jefferson fazem um debate ao estilo de batalha de hip-hop!

Outra intervenção atual que eles fazem é a crítica sutil à xenofobia. Na época de Hamilton quase todos os residentes dos EUA eram estrangeiros, geralmente da Inglaterra, no musical eles usaram isso para mostrar o quão paradoxal é o fato de atualmente o país ser tão radical quanto aos imigrantes.

Tem uma cena de batalha que Lafayette, francês, e Hamilton, caribenho, literalmente falam que somente os estrangeiros poderiam resolver aquela questão em nome do país. Que crítica bem colocada para o momento em que os EUA estavam passando (no momento que vocês estão lendo essa resenha o país já terá empossado sua primeirA Vice-Presidente negra, então o cenário terá melhorado consideravelmente).

Falei muito de Lin-Manuel Miranda, vou lembrar a vocês a razão de eu ser uma fã e, assim, começarei a apresentar o elenco, conhecidos na Broadway, mas também em séries e filmes.

Miranda, que dá vida a Hamilton, é o cérebro por trás da trilha sonora de “Moana – Um Mar de Aventura”, também produziu e estrelou a minissérie “Fosse/Verdon” e foi o marcante Jack, de “O Retorno de Mary Poppins”. Para esse ano ele tem projetos como “In The Hights”.

Sim, um gênio a ser exaltado.

O segundo grande destaque é Daveed Diggs, que interpreta o Marquês de Lafayette na primeira parte e aparece como Thomas Jefferson na segunda, sendo um dos mais trazem o hip-hop para o show. Eu pensava que não iria gostar ele, mas ele ganhou meu coração, eu ficava esperando pelas cenas dele, ele consegue fazer essa união perfeita do moderno com o histórico, de um jeito charmoso e usando de humor muito bem colocado.

Ele é conhecido pelos personagens cômicos, apareceu em séries como “Unbreakable Kimmy Schimidt” e “Black-ish”, mas também está no filme “Extraordinário” e emprestou a voz para as animações “Ferdinand” e “Soul”. Já está confirmado para ser o caranguejo Sebastian, no live-action de “A Pequena Sereia”.

O Rei George é vivido por Jonathan Groff e também pode receber destaque. Ele ficou conhecido pelo grande público pela série “Glee” e pela voz de Kristoff dos filmes “Frozen” e “Frozen 2”. Mas como esse rei ele sai da imagem conhecida, sendo um rei repugnante e mimado.

As irmãs Schuyler são interpretadas por: Renné Elise Goldsberry (Angelica), conhecida por filmes como “O Mistério do Relógio na Parede”; Phillipa Soo (Eliza), conhecida por “Smash” e, mais recentemente, emprestou a voz para a animação “Caminho para a Lua”; Jasmine Cephas Jones (Peggy e, na segunda parte, Maria Reynolds).

George Washington é vivido por Chris Jackson, que já havia trabalhado com Miranda em “Moana – Um Mar de Aventuras”. Aaron Burr, aquele que era para ser o amigo mais próximo de Hamilton, mas foi quem o matou por fim, é vivido por Leslie Odom Jr., também conhecido pelo filme “Harriet”.

Okieriete Onaodowan começa como Hercules Mulligan e termina como James Madison, o ator é conhecido pro séries como “Grey’s Anatomy” e “Station 19”, também está no elenco de “Um lugar Silencioso – Parte 2”. Anthony Ramos começa como John Laurens e termina como o filho de Hamilton, Philip, o ator é conhecido por “Nasce uma Estrela” e estará em “In The Heights”.

Ah, “Hamilton” é um musical raiz, ou seja, tudo é cantando do começo ao fim, inclusive os diálogos e as narrativas de cartas. Para quem já gosta desse formato é excelente, mas para quem está começando a assistir musicais talvez seja um pouco cansativo.

Se você estiver no segundo grupo não desista, assista por partes, não perca a oportunidade de ver essa obra na Disney+.

Espero, sinceramente, que musicais com essa temática aumentem o interesse das pessoas na história de seus próprios países e do mundo.

Até mais!.

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