Moby Dick: resenha da primeira edição da série Classics Illustrated.
Por: Franz Lima.
Moby Dick é um clássico incontestável da literatura mundial. Na verdade, a obra foi o grande sucesso da vida de Herman Melville, autor que padeceu quase no total esquecimento. Seu maior trabalho só teve o devido reconhecimento no início do século XX.
A obra relata a busca ensandecida de Ahab, o capitão de um baleeiro. O que motiva essa caçada é a perda da perna de Ahab em um ataque da grande baleia. A partir daí, nada pode frear o instinto matador do capitão do Pequod.
A história é toda narrada por Ismael, um tripulante novo do Pequod. Ismael é apenas um dos muitos personagens interessantes da trama, incluindo Queequeg, o próprio Ahab, Elias, Starbuck e outros. Uma tripulação que serve ao desígnio de seu capitão até o fim…
Companheiros, vós vos engajastes naquele navio? Havia algo no contrato acerca de vossas almas?
A história, creio eu, é conhecida de muitos, mas ela se resume ao confronto entre o homem e a natureza. Alguns analistas creem que o embate se dá entre o ser humano e a força divina, tal é a magnitude de Moby Dick.
Análises à parte, a verdade está na intensidade artística que esta versão do livro recebeu. A adaptação é tensa, ricamente ilustrada e primorosa. Entretanto, para os padrões atuais, a graphic novel deveria ter mais páginas, fato que levaria a uma maior abordagem de outras passagens memoráveis do livro. Claro, isso não é demérito para essa adaptação.
O artista responsável pela adaptação do texto – em parceria com Dan Chichester – e a criação das belíssimas imagens é Bill Sienkiewicz (Elektra assassina, Vampiro – a máscara, Judge Dredd, entre outros). Com o talento de Bill, esse primeiro número da coleção Classics Illustrated mostrou o potencial que tinha.
O uso do texto respeitou a obra original e cada uma das ilustrações é um estímulo inegável à leitura do livro de Melville. Sienkiewicz mescla as emoções e leva o leitor a questionar página por página quem é o verdadeiro representante do Bem e do Mal. Com tal refinamento, essa adaptação comprovou qual seria um dos principais méritos de publicações como a ‘Classics’: incentivar a busca e leitura de obras que não são de nossa época, porém mantêm-se pertinentes como arte, não importando quantos anos se passaram desde sua primeira publicação.
Lamento apenas pela descontinuidade da publicação dessas verdadeiras homenagens aos clássicos da literatura. Ponto negativo para a Editora Abril que, na época, interrompeu a série sem qualquer anúncio.