Metro e meio de atitude – “Um Amor à Altura”

Sonhar com o príncipe de cavalo branco, com aquele padrão de Disney de ser, que derrete o coração de muitas pessoas ainda, mesmo quando tentam ser o mais realista possível.

Por exemplo, Alexandre tinha tudo para o perfeito príncipe do século XXI, lindo, bem sucedido, solteiro, sorriso charmosíssimo, mas só tem 1 metro e meio de altura. Ele é o protagonista de “Um Amor à Altura”.

Essa comédia romântica franco-belga de 2016 foi dirigida por Laurent Tirard, que também co-assinou o roteiro adaptado, junto à Grégoire Vigneron. Adaptado porque esse filme é o remake de filme argentino “Corazón de Léon” (2013).

Ah, está disponível no catálogo nacional da Amazon Prime Video.

Diane é uma advogada relativamente bem sucedida, mas sua vida ainda está muito atrelada ao ex-marido, Bruno, de quem também é sócia do escritório de advocacia. Embora estejam há 03 anos separados, Bruno não facilita as coisas, constantemente discutindo suas diferenças com Diane.

Numa dessas discussões, em um jantar, Diane se apressa para sair do local e esquece o celular lá. Quem o encontra é o misterioso Alexandre, que, ao invés de ir devolver na hora, espertamente espera ela sair e liga para o telefone da casa dela, para combinar como o devolver.

Eles conversam pelo telefone e logo ele fala da intenção de encontrar com ela. Ela se encanta com a facilidade que eles tiveram de conversar, mesmo sendo completo estranhos, especialmente pela manobra que ele usou. Mas, no dia seguinte, quando ela vai pegar o celular com ele, em um encontro num café, ela entende a razão disso, a altura de Alexandre.

Ele tinha exatos 1 metro e 36 centímetros (cada centímetro conta), mas uma atitude que parecia não se importar, rindo da própria condição e tirando proveito da vida ao máximo possível. Isso ele mostra logo nesse primeiro encontro, levando Diane para pular de paraquedas.

Não foi difícil para Diane se apaixonar por Alexandre, ele era tudo que Bruno nunca foi, embora tivesse esse “inconveniente”. Isso a fez demorar a o apresentar para os amigos e para os pais dela.

A personalidade magnética de Alexandre conseguiu conquistar a todos, mas não o considerar digno de estar com Diane, até a mãe dela pensava assim. Bruno, então, não poupou esforços para a deixar desconfortável ao lado de Alexandre.

Essas convenções sociais fizeram Diane quase desistir da ótima relação que tinha com Alexandre, ela quase o perdia para sempre. Mas é uma comédia romântica francesa leve, então ela aprendeu a lição e aceitou as diferenças.

Preciso acrescentar que Alexandre tinha uma relação muito bonita com o filho, Benji, um jovem com projetos que ainda não tinham saído do papel e que tinha uma admiração gigante pelo pai. Ele foi o que mais incentivou a relação com Diane, mas também quem mais sentiu quando ela pensou em o rejeitar.

Esses filmes cômicos assim nos ensinam mais do que aparentam, nesse você começa a questionar os tais padrões Disney de príncipe encantado, menos covinhas e cavalo branco e mais personalidade e características reais.

Esse padrão de altura tem me acompanhado uma vida inteira e é bom fazer essa reflexão. Com meu 1 metro e 70 centímetros sou considerada alta para a média da minha cidade, sou daquelas que tem que se abaixar para tirar foto em grupo … Sim, altura já foi um problema para mim!

Um detalhe bem interessante é que Diane sempre está usando salto alto e, em todas as cenas que apareciam os sapatos dela, eu falava: “mulher, colabora, tire esse salto, facilite as coisas!”.

Mas daí eu cheguei a seguinte conclusão: ela não precisa abdicar de algo que gosta de usar por causa disso, ele mesmo não se importava com isso, são só detalhes.

Obs.: Ainda prefiro minhas sapatilhas, tênis e mocassins, mas pelo conforto mesmo!

O elenco, como em boa parte das comédias francesas desse estilo, é reduzido, mas merece a menção.

Alexandre é interpretado por Jean Dujardin, famosos por filmes como “O Artista” (papel que lhe deu o Oscar de Melhor Ator de 2012, muito bem merecido), “O Lobo de Wall Street”, “O Retorno do Heroi”, “O Oficial e o Espião” e “A Jaqueta de Couro de Cervo”. Em termos de charme e personalidade, ele foi a escolha perfeita, mas a questão da altura deixou a desejar.

Dujardin tem 1 metro e 82 centímetros, esconder os quase 50cm de diferença entre o ator e o personagem foi um malabarismo que, infelizmente, pode ser notado caso desse mais atenção. Por ser uma comédia descontraída, os detalhes de fotografia e continuação podem passar despercebido, fica até divertido, mas fico pensando se um ator de baixa estatura não poderia ter tido a chance de estrelar em uma história tão própria.

Nada contra Dujardin, gosto muito do trabalho dele, inclusive o filme chamou atenção primeiro pela presença dele (não conhecia a trama na primeira vez que assisti).

Diane é vivida pela atriz belga Virginie Efira e Bruno pelo francês Cédric Kahn. A relação entre esses dois personagens não mostra simplesmente um cara possessivo, também mostra a dinâmica como advogados e, o que não me surpreende, ele também é extremamente antiético.

O filho de Alexandre, Benji, é vivido por César Domboy, que vem se tornando conhecido por causa da série “Outlander”.

Além do bom humor e das reflexões, ainda somos presenteados com algumas cenas dentro da Ópera de Siège, onde Alexandre está trabalhando como arquiteto. É mostrado, inclusive, alguns ensaios do ballet de lá, é só um pedacinho, mas dá para dar um charme especial no filme.

Até mais!

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