Mercury Seven – “Os Eleitos”
A guerra espacial foi uma das muitas vertentes de um momento sombrio da história, a Guerra Fria, quando os EUA (e aliados) competia frontalmente com a antiga União Soviética, como um dos resquícios da Segunda Guerra Mundial.
No final da década de 1950 se sabia que teria vantagem o lado que conseguisse o que parecia impossível na época, levar os homens para o espaço. Na época isso era ficção, só se via em filmes futuristas, não se imaginava que seria possível, embora tivessem especialistas já dedicados aos estudos da área.
A NASA surgiu justamente por isso, o primeiro projeto oficial ficou conhecido como “Mercury Seven”. “Mercury” porque era o nome da nave que estava sendo construída e “seven”, que significa “sete” (07), porque foram selecionados sete pilotos de teste para serem treinados como os primeiros astronautas estadunidenses.
A série mostra como os sete pilotos se preparam no programa e as questões que envolviam a missão, tanto as questões técnicas quanto as políticas, internas e externas aos EUA.
Os sete escolhidos aparecem, são eles: Alan Shepard, John Glenn, Gus Grissom, Gordon Cooper, Scott Carpenter, Deke Slayton e Wally Schirra. Contudo, foi dado destaque a Shepard, Glenn e Cooper, com algumas menções pontuais das histórias pessoais dos demais.
Embora o programa fosse envolvida em todas essas questões políticas sérias, com uma pressão gigante para a União Soviética não ultrapasse os EUA, tornou-se uma disputa interna entre os sete, mais para alguns do que outros, os egos e as habilidades estavam constantemente sendo testados.
O destaque em Shepard e Glenn é merecido, porque a disputa ficou entre eles dois, ambos com carreiras de aviadores muito conhecidos e já havia uma certa rivalidade, a diferença era que o primeiro era famoso por seus escândalos pessoais e o segundo por ser extremamente certinho, o “bom moço” que a nação venerava.
A história pessoal dos outros cinco escolhidos não são muitos exploradas, exceto a de Cooper. Não há uma explicação explicita para isso, mas, pela história apresentada, acredito que tiveram dois motivos: a aparência da família tradicional estadunidense e a luta pelas mulheres aviadoras para também entrarem no programa espacial.
O primeiro motivo aparece nas histórias de Shepard e Glenn e, um pouco, nas cenas dos momentos de lazer deles. A imagem dos futuros astronautas era essencial, eles eram comparados a astros de cinema, figuras importantes do país, precisavam se mostrar “dignos” para isso, logo, era necessário manter a aparência de maridos e chefes de família tradicionais.
Todos os sete eram casados, as esposas e filhos também precisaram se mostrar perfeitos para a imprensa, por isso os escândalos de Shepard com outras mulheres eram silenciados. Já Cooper tinha outro problema, seu casamento estava em crise, sua esposa e filhas nem estavam mais morando com ele, foi preciso pedir para que elas voltassem para que a NASA o aceitasse.
O segundo motivo vem do fato de a esposa de Cooper também ter sido aviadora, foi assim que eles se conheceram se apaixonaram. Diferente das esposas dos outros eleitos, ela era uma mulher que trabalhava e sonhava em ter uma carreira própria na aviação, ela até recebeu o convite para fazer parte do grupo de mulheres aviadoras que queriam ser astronautas.
Mas o primeiro motivo atropelou novamente. Ao saber da iniciativa, a imprensa pergunta aos eleitos o que acham de mandarem mulheres para o espaço, Cooper responde menosprezando a iniciativa, mesmo tendo encorajado a esposa. Por causa disso ela se separou novamente dele, só que perdeu a chance de participar do programa.
No caso, ela nem poderia estar casada com alguém que não acreditava na iniciativa delas, nem poderia ser uma mulher divorciada, porque isso feriria os “bons costumes”, tão defendidos pelo governo dos EUA.
Voltando para a história principal, além da rivalidade entre Shepard e Glenn, é mostrada a forma como a NASA foi crescendo, a decepção de todos quando o soviético Iuri Gagrin chegou ao espaço antes de um deles, as artimanhas políticas internas, a pressão e verdadeiro desejo de ir ser o primeiro homem ou o primeiro estadunidense a chegar ao espaço e o que poderia vir depois disso.
No último episódio é mostrado o discurso real de John F. Kennedy, então presidente dos EUA, o qual fala, pela primeira vez, do passo seguinte, colocar o primeiro homem na lua. Hoje sabemos que isso aconteceu (ou não, se você acredita nas teorias da conspiração), mas na época isso foi motivo de mais agonia e pressa, a NASA teve que mostrar mais serviço do que pensava quando ainda nem estava estabelecida devidamente.
“Ah, então vai ter segunda temporada?” … Não, a Disney+ já informou que cancelou a série, poucas semanas depois de liberar a primeira temporada.
Falando como expectadora, não é uma série que eu assistiria novamente, não é tão atraente e o desenvolvimento dela também é falho. Confesso que eu assisti porque gosto das questões políticas envolvendo a Guerra Fria e por causa do elenco, que conta com alguns “conhecidos” de outras séries, só por isso mesmo.
Eu vi o trailer e pensei: Estão unindo o Capitão Gancho e o Autor, de “Onde Upon a Time”, com Nathan Scott, de “Lances da Vida”, e Mike Ross, de “Suits”, para viajarem no espaço, deve ser bom.
Ok, vou explicar e apresentar o elenco:
John Glenn, o astronauta certinho, é vivido por Patrick J. Adams, famoso pelo advogado fake e aprender do brilhante Harvey Specter, da série jurídica “Suits”. Glenn nunca teria gostado de Mike, são duas personalidades bem diferentes, mostrando a versatilidade do ator.
Gordon Cooper, o terceiro escolhido a ter mais destaque, é interpretado por Colin O’Donoghue, que ficou conhecido por dar vida a um Capitão Gancho totalmente diferente do tradicional, na série que, aparentemente, só eu gosto e defendo, “Once Upon a Time”.
Falando em Storybook e afins, o Autor que “bagunçou” os contos de fadas aparece lá pela quarta temporada, essa pessoa foi interpretada por Patrick Fischler, que em “Os Eleitos” interpreta Bob Gilruth, o pioneiro nos estudos espaciais, um dos “fundadores” da NASA.
O que “Lances da Vida” tem a ver com tudo isso? Bom, outro dos eleitos, Scott Carpenter, foi vivido por James Lafferty, famoso por ter sido Nathan Scott na série adolescente. Infelizmente ele pouco aparece em “Os Eleitos”, só é interessante porque ele se mantém sendo conhecido como Scott (seja nome ou sobrenome).
O resto do elenco não é tão conhecido, mas três nomes podem ser destacados:
– Jake McDorman, que deu vida a Alan Shepard, ele foi capaz de mostrar todo o ego do astronauta, mas também o lado carismático, é possível o odiar e o amar no mesmo episódio. Ele é conhecido por “Watchmen”, “Ladybird” e, principalmente (para mim), “Aquamarine” … Sim, ele era o “príncipe” da sereia vivida por Sara Paxton, que recebia ajuda de JoJo e Emma Roberts;
– Eloise Munford, como Trudy Cooper, a esposa aviadora de Gordon Cooper. Por meio dela essa parte da história se desenrolou e soube passar a indignação de todas as mulheres naquele momento histórico. Ela é conhecida pela franquia de “50 Tons de Cinza” e pela série “Chicago Fire”;
– Nora Zehetner, como Annie Glenn, esposa de John Glenn. Ela era a figura da esposa perfeita que o governo dos EUA e a imprensa valorizava, a esposa calada, mas não era só isso, ela foi a consciência do marido e teve batalhas internas, como seu problema de fala.
Até mais.