Os deuses gregos e romanos ainda pairam em nossa imaginação, sempre há algo a mais para explorar sobre a história deles, seja respeitando as histórias antigas, seja criando novas usando características das antigas.
Um dos escritores que melhor sabem fazer essa segunda opção é Rick Riodan, famoso pela série “Percy Jackson & os Olimpianos”, “Heróis do Olimpo” e “As Provações de Apolo”, todos publicados no Brasil pela Intrinseca.
A terceira série citada chegou ao fim em 2020, com o quinto livro, intitulado “A Torre de Nero”, e é sobre ele falarei nessa resenha.
Contextualizando … Apolo, deus do Sol e da cura, poderoso e, aparentemente amado e adorado por todos, cometeu graves erros no Olimpo e, para punir o filho, Zeus o tornou humano, pior ainda, um adolescente humano magrelo e com série problema de acne.
Para voltar ao seu esplendor, Apolo, agora chamado de Lester Papadopoulos, precisa resolver alguns mistérios, como o desaparecimento de vários semideuses e o fato de o Oráculo de Delfos não está conseguindo fazer suas previsões, além de derrotar seus inimigos, como Calígula, Cômodo, Nero e Píton.
Nessa empreitada ele tem uma ajuda, ou melhor, ele se torna o ajudante de uma semideusa, Meg. Ela é a talentosa filha de Demeter com um humano, mas desde cedo ela foi retirada do ceio familiar, mas não foi ao Acampamento Meio Sangue, ela foi capturada por Nero.
O grande plano de Nero era adotar semideuses talentosos e poderosos como Meg e criar seu próprio exército por meio de uma criação abusiva, regada a muito cinismo, chantagem emocional e paternidade tóxica. Meg consegue fugir dessa vida por pura sorte, juntando-se a Apolo/Lester na empreitada dele.
No quinto livro eles terão que enfrentar Nero, o imperador megalomaníaco com fixação em fogo e que tem comandado metade da ilha de Manhattan, EUA, e Píton, a serpente que tem dominado todos os oráculos e todas as previsões, angariando poder por meio de seres como Nero.
Essa dupla infernal tem formas de mandar um recado para Lester e Meg, uma delas é fazendo uma pequena perseguição com gauleses e outros seres mitológicos. Do lado dos heróis estão os semideuses que ainda resistem, especialmente os filhos de Apolo e outros amigos, incluindo Rachel Dare, a humana que é a sua mais nova oráculo.
Lester e Meg vão ao Acampamento Meio Sangue e explicam ao Sr. D (o deus Dionísio, ainda sob seu próprio castigo) e aos filhos de Apolo ali presente, especialmente Will Solace, o que está acontecendo.
Nero ameaçou destruir Nova York caso Apolo, na pele de Lester, e Meg não se entregarem em sua torre em dois dias, antes do pôr do sol do segundo dia, mas eles têm poucas informações sobre os detalhes, apenas o que conseguiram saber por Luguselwa, a gaulesa que treinou Meg e está disposta a trair Nero, se isso significar que sua protegida estará segura.
A questão é, eles precisam se entregar, mas precisam de um plano para enfraquecer Nero, impedir que ele destrua a cidade e derrotar Píton, para o bem do futuro do mundo, tanto no Olimpo quanto na “vida real”.
O plano mais viável que conseguem traçar veio com a ajuda do namorado de Will, Nico Di Angelo, o gentil filho de Hades. Ele conhece as profundezas e seus moradores, seres que podem ajudar a desativar qualquer mecanismo que esteja nos esgotos da cidade (meio mais eficiente para destruição naquelas condições).
Quem são esses seres? Os trogloditas!
O time de Lester/Apolo e Meg agora conta com Will, Nico, Rachel (eles a buscam no caminho), os semideuses do Acampamento, mesmo os mais novos, Luguselwa, que está no território inimigo ainda, e os trogloditas (depois de uma bela mediação de Nico).
Ainda assim não foi uma batalha justa e fácil, Nero ainda era muito poderoso, tanto em seus planos malignos como em sua capacidade de manipular seus filhos adotivos. O grande medo de Lester/Apolo era de Meg sucumbir novamente ao poder dele, o que já mostra o quão ele havia mudado nos meses como humano.
Essa batalha com Nero deu trabalho, mas eles conseguiram superar, agora faltava Píton e isso era um trabalho apenas para Lester/Apolo. Um trabalho que significou o sacrifício da vida mortal de Lester, mas também a redenção do deus Apolo.
E esse é um resumo bem apertado para tudo o que eles passaram nesse último livro, com vislumbres das aventuras dos seis meses que Apolo esteve de “castigo” por seus comportamentos inapropriados. Tudo narrado usando o equilíbrio entre humor e drama, com personagens bem descritos e que fazem o leitor se apegar.
Devo confessar que nunca havia lido nada de Rick Riordan, só sabia quem era porque assisti os filmes de Percy Jackson, aqueles estrelados por Logan Lerman e Alexandra Daddario.
Ok, eu sei que minhas referências não são as melhores, o elenco era bom, mas a adaptação não foi das melhores (segundo os fãs e a crítica), mas eu até gosto dos filmes.
De toda forma, esse quinto livro de “As Provações de Apolo” foi meu primeiro livro do autor e tive receio de não entender nada, porque vinha de uma série de livros. Mas a leitura vale a pena e, embora eu não tenha entendido algumas piadas internas e referências, deu para entender o cenário geral.
O fato de eu ter assistido os filmes, os criticados, também ajudaram na parte visual, embora Percy e Annabeth apareçam pouco, muitos elementos são aproveitados, como as características de Dionísio, do Acampamento Meio Sangue e as Irmãs Cinzentas, motoristas do táxi que compartilham um só olho.
Alguns personagens já eram conhecidos pelo público, como Will e Nico, e não seria surpresa pra ninguém, mas para mim foram os destaques, eu realmente leria mais sobre eles dois.
Mas nada se compara a Flecha de Dodona e as discussões shakespearianas ela tinha com Apolo!
Ah, é uma ótima forma de aguardar a nova série “Percy Jackson & os Olimpianos”, confirmada pela Disney+.
Até mais.