Vamos logo partir do seguinte princípio: Kingsman (os filmes) não é algo para ser levado a sério. Não estamos falando de um filme cujo conteúdo seja reflexivo ou filosófico. É, em sua essência, entretenimento e diversão. Apesar disso, os filmes são muito bons e cumprem com seu papel básico: divertir o espectador.
As palavras acima só foram lançadas logo no início do post por causa de algumas críticas negativas que gravitam na internet. Isso, provavelmente, se dá em função do potencial altíssimo do filme para a ação, mas que sempre acaba pendendo para o humor, o que não é em hipótese alguma ruim.
James Bond e similares.
Kingsman – Círculo Dourado é um filme cuja base vem dos quadrinhos. Mark Millar (Kick-ass) é o responsável pela graphic novel que gerou o primeiro filme e serve de base para esse segundo. Caso lembre do tom pesado e cheio de humor negro de Kick-ass, provavelmente já tem uma ideia do que o aguarda nos filmes de Kingsman.
Millar provavelmente bebeu em fontes como a série 007, a franquia Bourne e outros do gênero que se propõem a ser levados a sério. Seja qual for a inspiração, Kingsman não é para ser visto com o olhar de um crítico mal-humorado. Na verdade, os dois filmes (em especial esse último) têm uma pegada bem humorada e cheia de estereótipos que divertem justamente pelo exagero nas caracterizações.
Há ótimas cenas de ação que deixam o público extasiado. Talvez sejam estas mesmas cenas que levem uma parte dos espectadores e críticos a querer algo mais sério deles, porém é justamente essa mistura de ação, humor e atuações próximas daqueles filmes antigos, onde o vilão era fanfarrão e os heróis ainda mais, que dá uma aura clássica a esse novo Círculo Dourado e ainda lembra demais as produções menos pretensiosas com temas similares.
Vilões.
Kingsman já tem uma galeria de vilões à altura de alguns dos filmes de James Bond. Nesse segundo episódio, Julianne Moore entra como a caricata Poppy, cuja índole sociopata e homicida marca o filme do início ao fim. Ela é uma versão feminina de Richmond Valentine, o vilão do primeiro filme interpretado por Samuel L. Jackson, guardadas as devidas proporções. Qual o melhor entre eles? Jackson como Valentine ficou divertido, porém deu a impressão de já ter interpretado o personagem, enquanto Julianne mostra que é possível ser má com uma boa dose de sarcasmo e malignidade. Ela e Jackson são vilões típicos do que Kingsman pede, o que implica em afirmar que não é possível ver alguém realmente maligno, alguém capaz de nos fazer odiá-lo.
Até mesmo os sidekicks são caricatos, apesar de extremamente violentos, e garantem ótimas cenas em ambos os filmes. Sofia Boutella é uma assassina hábil e fatal como Gazelle. Já em O Círculo Dourado, vocês terão uma ótima surpresa.
A História.
Após a morte de Galahad, Eggsy (Taron Egerton) assume totalmente seu papel como agente da Kingsman, assim como Roxy (Sophie Cookson). Sua primeira cena já envolve um ataque feito por seu antigo amigo Charlie (Edward Holcroft), um dos rejeitados após o treino para tentar a vaga como agente.
O início do filme já dá uma clara ideia do que o público verá. É uma das mais intensas cenas de perseguição, luta e tiroteio que já vi. Adrenalina total.
Depois disso, descobrimos que a vida de Eggsy prosseguiu após a morte de Galahad (Colin Firth). Mas o aparente ataque de Charlie esconde algo muito sombrio, já que ele sozinho não teria recursos para tentar matar um Kingsman. É aí que entra a sombria e linda figura de Poppy (Julianne Moore), a comandante de uma organização criminosa (O Círculo Dourado) que deseja enriquecer ainda mais após pôr em prática um plano de infectar a população mundial.
Poppy é fria, sociopata e a maior traficante do mundo. Para manter sua moral como líder ela é capaz de tudo, inclusive matar aqueles que não cumprem à risca suas ordens.
Praticamente todos os Kingsman são assassinados e resta a Merlin (Mark Strong) e Galahad (título assumido por Eggsy) buscar o apoio de seus amigos americanos, os Statesman. É a partir desse ponto que a diversão começa realmente.
Habilidades.
Para quem ficou surpreso com as habilidades dos Kingsman, esperem até ver os Statesman em ação. Na verdade, dois deles apenas se mostram em efetivo combate, mas são cenas de tirar o fôlego. Destaque para Whiskey (Pedro Pascal) que é quase um clone do Burt Reynolds, porém com as habilidades do Deadpool e o manejo no laço de fazer inveja a qualquer um de Barretos. Sensacional!
Outros aspectos.
Há muito a ser abordado, mas isso implicaria em fornecer spoilers que estragariam a experiência de assistir Kingsman. Assim, vou me ater a alguns pequenos detalhes apenas.
Um deles está na escolha correta do elenco: há uma interação visível entre os integrantes do elenco.
Outro ponto primordial para o sucesso do filme está no descaso com a seriedade, exceção em poucas partes da narrativa. Os recursos tecnológicos surpreendem até mais do que no primeiro longa da série e garantem cenas muito boas. O uso de slow motion e algumas atuações “overactor” são marcantes.
Assim como no primeiro Kingsman, O Círculo Dourado também usa de aspectos da cultura local para nomear os agentes. No caso dos ingleses, fica característico o uso de nomes relacionados à Távola Redonda (Merlin, Galahad, Lancelot…). Quanto aos Statesman, o vínculo está nos nomes de bebidas que são atribuídos aos agentes. Temos Champagne, Whiskey, Tequila, Ginger Ale… talvez pelo fato de haver um exagero na caracterização de alguns norte-americanos, vistos pelos estrangeiros como cowboys brutos e beberrões (o que não é verdade, apesar de haver uns próximos a isso).
Tanto a caracterização polida e elegante dos Kingsman quanto o visual cowboy dos Statesman são representações exageradas das duas culturas, o que denota o bom humor que conduz o filme. Isso, contudo, não impede que haja duas tristes despedidas no roteiro. Preparem-se!
Participação especial.
Fazer uma análise desse filme sem dar o devido crédito à hilária participação de Elton John seria um crime. Ele surge como um refém de Poppy e é imprescindível em um determinado ponto da trama. Ele faz o mesmo que Stan Lee nos filmes da Marvel, mas uma parte dessa representação superou todas as expectativas. Fiquem de olho!
A parceria Mark Millar e Mattew Vaughn
O primeiro Kingsman foi uma grata surpresa. Assim, as apostas sobre a continuação (e o medo da maldição que envolve essa palavra) eram grandes. Felizmente tudo deu certo. A direção competente de Vaughn e a presença do criador de Kingsman (originalmente uma graphic novel) já seriam suficientes para assistir ao longa. Entretanto, a união de um elenco estelar, cenas alucinantes, ótima direção e um roteiro onde o espectador é posto em uma montanha russa de emoções garantem, sem dúvidas, o ótimo resultado do filme.
Saí satisfeito com o filme, ri em muitas passagens e em outras fiquei preso à poltrona, e há espaço até para a abordagem de um lado emocional no longa.
E então, o que espera? Vá assistir e não deixe de comentar sobre o que achou do filme e do meu review.
Abração a todos!
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