Jumanji: Próxima Fase. A arte de fazer uma sequência mais divertida que o antecessor.

Ninguém discute sobre a importância de Jumanji (1995), um clássico do cinema que contou com o humor brilhante de Robin Williams e as atuações de Bonnie Hunt, Kirsten Dunst, Bradley Pierce, David Alan Grier, Jonathan Hyde e grande elenco. Essa obra foi baseada no livro homônimo de 1982, escrito por  Chris Van Allsburg. Foram longos anos de dúvidas e espera até que a “sequência” do longa fosse lançada em 2017 com o título de Jumanji: Bem Vindo à Selva. Neste filme os destaques foram os astros Dwayne Johnson, Karen Gillan, Jack Black e Kevin Hart, mas também tivemos uma grata surpresa com o elenco mais jovem que contou com Alex Wolff, Ser’Darius Blain, Morgan Turner e Nick Jonas. As presenças de Bobby Cannavale, Rhys Darby e Colin Hanks garantiram o bom nível do elenco da produção.

Ter uma continuidade da história iniciada no cinema em 1995 foi um presente para os fãs da história original. Mesmo com a sentida ausência de Robin Williams, o filme teve uma premissa interessante e que soube homenagear e respeitar o longa-metragem original. O humor de Kevin Hart e Jack Black teve uma boa “química” e, associados ao restante do elenco, com o auxílio de bons efeitos visuais e uma trama que primou pela diversão e não pela complexidade, obtivemos um agradável resultado.

Claro que um filme bem sucedido sempre terá uma continuidade e é sobre essa sequência que iremos falar: Jumanji – Próxima Fase. Para prepará-los, um breve trailer…

Ok, inicia-se aqui o review de Jumanji – Próxima Fase. Mas… aconselho que leiam o review do filme de 2017 que está no início deste post. Ou, se preferirem, revejam a obra para compreenderem melhor o que se desenrola nesta nova trama. Isto é necessário em função da interligação entre os dois filmes e também com o primeiro Jumanji de 1995.

Feita a lição de casa, vamos ao que interessa. Caso você tenha chegado até aqui é provável que tenha lido o primeiro review, revisto os filmes (1995 e 2017) e lido algo sobre o livro de 1982. Ou não! A escolha é sua…

A Próxima Fase.

Este novo filme sobre o universo do jogo Jumanji é muito, muito divertido. A escolha de uma nova forma de jogo (lembrem-se que o filme com Robin Williams se valia de um tabuleiro), mais próxima da geração gamer do século XXI foi algo muito bem arquitetado.


Mas vamos usar de sinceridade, esse terceiro filme da franquia não traz inovações no quesito roteiro (a trama é bem similar à de seu antecessor). Contudo, isso não implica em dizer que a qualidade do filme é fraca, muito ao contrário. Jumanji – Próxima Fase é um longa que se vale da simplicidade, das boas atuações, do humor bem aplicado e de uma trama eficiente para trazer ao público uma obra leve, acessível a todos e divertidíssima.

A história segue os eventos ocorridos no filme anterior e nos mostra como ficaram as vidas dos “jogadores”. Spencer (Alex Wolff) é o que está menos feliz por causa de sua vida comum e monótona. Bethany (Madison Iseman) viaja pelo mundo. Fridge (Ser’Darius Blain) obteve sucesso como atleta. Já a tímida Martha (Morgan Turner) está na faculdade e é extremamente popular.

Resumidamente, todos estão bem e, infelizmente, isso só faz com que Spencer se sinta pior, principalmente por causa da distância da mulher que ama.

Família.

Um dos pontos fortes da trama está na valorização do núcleo familiar, inclusive os amigos mais próximos, pois é através deste suporte que conseguimos suportar (ou ao menos receber apoio) nos momentos mais difíceis.

A presença de Eddie (Danny DeVito), o avô de Spencer, é uma comprovação disso, mas também podemos contemplar o sacrifício de seus amigos e até do melhor amigo do avô dele para que as coisas voltem ao normal. Apesar de ser algo divertido para quem está assistindo (nós, o público), vale lembrar que a narrativa deixa bem claro que a perda das três vidas em Jumanji equivale à morte na vida real.

Em todo o filme nós aprendemos que a amizade verdadeira e o amor familiar são peças fundamentais para que possamos passar pelas fases (desculpem o trocadilho) difíceis de nossas vidas.


Next Level.

A próxima fase dessa aventura é a árdua missão de reencontrar Spencer. O problema (sempre haverá um) é que dessa vez não foi possível escolher com que personagem se “jogará”. Aparentemente o reparo feito por Spencer não deu muito certo e a escolha dos personagens e até mesmo dos jogadores foi feita aleatoriamente.

Claro que nada está tão ruim ao ponto de não poder piorar mais…

Além de haver a troca de personagens, a missão agora é outra.

Quase esqueci de citar que o vilão e as locações também são outras. Enfim, tudo novo para uma nova aventura.

Elenco.

Já teci elogios ao elenco de Jumanji, mas é sempre bom frisar algo quando é merecedor. O elenco completo de Jumanji é muito bom. Desde os adolescentes (cujas participações se resumem ao início e ao fim da trama) até o elenco principal (que ocupa a maior parte da narrativa). Aliás, um ponto que gerou certa polêmica foi o pouco tempo de tela do elenco adolescente. Então, vamos à explicação.

Ao contrário do primeiro Jumanji (aquele com Robin Williams) onde a ação se passa em nosso mundo que foi invadido por seres do universo do jogo, os dois novos filmes da franquia têm a ação focada no universo do game. Sendo assim, a maior parte da história se desenvolve no videogame e, claro, as presenças físicas dos atores adolescentes não é necessária. Mas esse problema é resolvido de forma brilhante pelo elenco adulto ao assumir os trejeitos e maneiras dos jovens, o que nos faz lembrar destes a todo momento. Mesmo que na tela estejam The Rock, Kevin Hart, Jack Black e Karen Gillan, não conseguimos esquecer um único segundo que se tratam de adolescentes. Para melhorar as coisas, neste novo Jumanji há a inclusão de novos jogadores e novas personagens “jogáveis”, o que permite que todo o elenco esteja presente em tela.

Em todo o filme é possível ver diálogos e modos de falar que nos lembram quem realmente são as personagens. As interpretações do elenco adulto, incluindo a sensacional Awkwafina (uma surpresa incrível no longa), dão veracidade à troca de corpos que o jogo obriga.

E podem se preparar para cenas divertidíssimas onde algumas personagens mudam de jogador. Esta foi uma ideia genial que deu mais dinâmica à história.

Seja como for, todos deram o máximo para que o espectador se divertisse e acreditasse que estamos mesmo em um videogame. O elenco está de parabéns, inclusive o cavalo.


Diversão é solução, sim.

As brincadeiras sobre os quilinhos a mais de Jack Black, a pouca altura de Kevin Hart, o visual sensual de Karen e o olhar de Dwayne Johnson estão de volta, usados, diga-se de passagem, com muita inteligência. Mas o que o espectador não contava é que há novas pessoas nesses corpos, fato que provoca ainda mais confusão e risos.

Essa divertida aventura ganha ainda mais força no quesito humor quando o elenco completo se junta. Já falei da atuação maravilhosa de Awkwafina, a ladra Ming, (uma atriz que já é sucesso, mas dará muito o que falar no futuro), mas também é preciso destacar a breve passagem de Nick Jonas que dá vida novamente ao aviador que tem sua contraparte na vida real como o filho de Tom Hanks, Colin Hanks.

E a aventura fica ainda melhor com a inclusão de novas “fases” que realmente lembram games, mistério e o novo vilão. Esse, por sinal, é um vilão literalmente à altura de The Rock, porém não oferece medo ao espectador (principalmente ao mais jovem). As cenas de vilania são minimizadas por mortes onde a vítima vira pó para, posteriormente, ressurgir (caso tenha vidas para isso).

No que diz respeito ao medo e ao perigo presentes em Jumanji, os dois novos filmes diferem muito da obra original. Isso acontece por conta de uma abordagem mais suave; enquanto no filme de 1995 o perigo de morte era real a todo momento, os novos filmes não têm o “perigo” presente no filme em que Robin Williams, Bonnie Hunt e as crianças são expostos a todo momento. Eu ainda me lembro do desespero para se livrar da caixa do jogo, mas isso não está presente com tanta ênfase nestes novos filmes.

O futuro.

Muitas lições são aprendidas ao longo deste filme. A importância dos amigos e da família, o respeito aos idosos, a necessidade de resolver problemas que o passado deixou e até mesmo a relevância de conviver bem com pessoas de gerações diferentes. Mas a melhor das lições ficou por último no filme: uma boa história tem que continuar!

Não vou atrapalhar a diversão de vocês, mas já antecipo que o futuro reserva muito mais para os jogadores de Jumanji… e para nós.

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