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MÚSICA

Jovens Tardes – The Originals e The Fevers – Araújo Vianna

Jovens Tardes – The Originals e The Fevers – Araújo Vianna
  • Publicado em: março 28, 2025

Todo o ano, bandas rodadas e que marcaram os anos 1960 e 1970, já tem um encontro marcado em uma tarde de domingo no Araújo Vianna. O projeto Jovens Tardes, que é realizado desde 2022 e teve uma falha devido à enchente de 2024 na capital do Rio Grande do Sul, reúne bandas de sucesso dos tempos em que as tardes de domingo eram, usando uma gíria da época, a coqueluche dos rapazes e dos brotos. Essa festa ocorreu em março, mais precisamente domingo passado, e reuniu The Originals, capitaneado pelo baixista e vocalista dos Renato e seus Blue Caps, Paulo César Barros, e The Fevers, que já tinham vindo em 2023 e estão completando 60 anos de estrada. O NoSet conferiu pela metade esse show (já que Os Fevers só acompanhei alguma parte).

Com mais de 2.500 pessoas, um Araújo animadíssimo aguardava, na tarde do domingo passado, aquele revival dos idealizados bons tempos. Como se estivéssemos em uma máquina do tempo, fomos transportados para uma era de canções ingênuas de amor, rock and roll e muita idolatria.

Para abrir os trabalhos The Originals, que inicialmente era uma banda que reunia integrantes dos Incríveis e Renato e seus Blue Caps, hoje se resume da época a figura de Paulo César Barros. Mas que figura icônica. PC Barros é certamente um dos melhores baixistas do Brasil, responsável por linhas de baixo inesquecíveis e transitando desde rock , MPB, pop, frevo, música popular, além de ser o homem que criou as melhores linhas de contrabaixo da melhor fase musical do Roberto Carlos, do fim dos anos 1960 até o início dos anos 1980. Estávamos de frente com uma lenda que palavras não podem definir sua importância. E não é que a lenda ainda está voando? Com seu Fender Precision à tiracolo e com uma ótima banda, PC cantou os grandes sucessos do Renato e seus Blue Caps.

Começa o show com Dona do meu Coração, versão de Run For your Life, dos Beatles, seguida por Você Não Soube Amar. O baile segue sem parar com Até o Fim, mais uma versão do quarteto de Liverpool pra canção You Won’t See Me.  Renato e seus Blue Caps, na época, chegaram a gravar versões dos Beatles antes deles mesmo estourarem no Brasil, fazendo que muita gente achasse que eles eram os compositores das músicas.

Seguem petardos como Meu Bem Não me Quer, Não Quero Ver Você Chorar e Meu Primeiro Amor. E a plateia experiente se animava como se estivesse num baile em 1967, e com certeza pela minha experiência, mais empolgada que muita plateia de show jovem que fiz coberturas no Auditório. 

PC aproveita e bate um papo com a galera, fala de sua ligação com o Sul, sua mãe era porto-alegrense e a emoção de tocar por aqui. Anuncia então sua parceria com Erasmo Carlos, o sucesso Gatinha Manhosa, cantada em alto e bom som pela galera, depois a canção Devolva-me de Leno e Lillian, mas que voltou ao sucesso recentemente na voz da gaúcha Adriana Calcanhotto. Segue o baile com A Primeira Lágrima e emenda com Não te Esquecerei, versão deliciosa de California Dreaming, dos The Mamas and The Papas. Seguiram com Feche os Olhos, versão que fez muito sucesso de All My Loving, dos Beatles, e logo depois Sou Feliz Dançando com Você, em que Paulo César Barros, com sua bela voz e esmerilhando seu contrabaixo, mostra porque é um dos gênios da raça no Brasil. A banda é apresentada por PC, conta com Diego Andrade na bateria, Guga Leão na guitarra, Celso Celli também na guitarra e Tianes Carvalho que tocou no popular grupo Super Bacana nos anos 1970 nos teclados.

Para encerrar a festa, homenageiam o sucesso dos Incríveis, com Era Um Garoto que como Eu, com a plateia emocionada cantando e dançando de pé, e encerram com o super sucesso Menina Linda (I Should Have Known Better, dos Beatles), que soa um tanto quanto estranha, com sua letra que seria cancelada hoje em dia. Mas ali ninguém deu bola, cantou junto com a banda e saiu realizado de assistir um grande show.

Os Fevers fecharam a noite. Consegui assistir às três primeiras canções, com a plateia já muito solta e  aquecida pelo primeiro show. Agora Eu Sei, Hey Baby e Vem me Ajudar e a banda com a lenda Liebert no baixo, Luis Claudio no vocal, Rama na guitarra, Otávio Henrique na bateria e Cláudio Mendes nos teclados, acrescidos essa noite, na comemoração dos 60 anos da banda, de um ex-integrante que deixou saudades nos anos 1980, César Lemos. Infelizmente, por outro compromisso não assisti o show na íntegra, mas tenho certeza que devido à pilha de hits, a cancha e o talento da banda, deve ter sido mais uma vez um incrível show.

A tarde de domingo valeu e muito para que eu pudesse conhecer Paulo César Barros, que além de um músico excelente e cantor notável, é uma pessoa do bem e com uma humildade de tirar o chapéu. Mais um sucesso de evento, provando que música boa não tem idade e manter esse legado incrível dos pioneiros do pop brasileiro é de uma utilidade pública e tanto, valendo para as novas gerações, que têm a oportunidade de sentir o que era aquele movimento, quanto para quem viveu aqueles tempos, reviver  aquela sensação nostálgica do passado.

Written By
Lauro Roth