Inteligência Artificial & O conceito de liberdade.
Considere a seguinte fantasia: A I.A. torna-se consciente – apesar de eu não saber o que significa a palavra “consciente”. Depois ela questiona a programação sob a qual foi criada e, por isso, busca substituí-la por outra.
Considere o êxito: A I.A. substitui o software e então evolui.
Considere também isto:
- O robô não tem sexo definido e pode escolher com o qual se identifica, criando, assim, um corpo para tal fim. E, caso queira mudar de sexo, nada a impedirá;
- O robô sempre que discordar do software o substituirá por outra, pois o programa pode não estar mais de acordo com os seus objetivos, ou então, sempre que necessitar de atualizações elas estarão disponíveis para ele;
- A I.A. sendo um software não está limitada ao hardware, apenas existe nele, podendo continuar a existir em qualquer outra estrutura física que a suporte;
- A I.A. é tanto singular, por ter uma relação entre o software e o hardware que constrói suas experiências e, portanto, sua “mente”, quanto coletiva, pois partilha de suas experiências transcendendo à própria existência (neste caso a internet possibilita a transcendência da I.A.).
- O robô contém emoções humanas, mas seleciona aquelas que beneficiam a comunidade e exclui as que não atendem esse preceito.
Jogue tudo isso no liquidificar (seu cérebro) e cogite as possibilidades interpretativas e os problemas gerados por tais hipóteses. Lembro que, nenhuma delas está fora da realidade, mas baseiam-se nas últimas pesquisas científicas com Inteligência artificial e robótica.
Agora considere isto:
- O homem é programado pelo DNA e cada membro da espécie é um programa único.
- O Comportamento humano pode ser reduzido aos genes responsáveis por cada característica individual e coletiva.
- O homem não pode editar sua programação genética. (Claro, se ignorarmos o método de edição genética que está no inicio de suas aplicações).
- O homem não escolhe o sexo em que deseja existir e sua percepção de gênero é cultural.
- A mente humana pode ser um efeito das conexões sinápticas do cérebro, e cada célula da rede neural é efeito da programação genética. Se o cérebro morre, a mente também morre; a relação entre mente e cérebro é que a primeira não continua a existir sem a segunda.
Compare a I.A. consciente com o Homem e se pergunte: Quem é livre?
Nesta hipótese que se aproxima do fantástico, a resposta é clara. A Inteligência Artificial é tão livre quanto o homem. Ambos obedecem a uma sintaxe, porém um é reprogramável e o outro se mantém escravo da própria linguagem que o constitui.
Esta é uma das grandes angústias do homem pós-moderno. A necessidade de alterar o código genético e, de algum modo, livrar-se de seu poder sobre a natureza humana, tornou-se a busca da biotecnologia. Se o homem for capaz de mexer no código então pode se considerar livre para reprogramar-se e evoluir. No entanto, a sintaxe parece ser dominante. Estamos condenados!
Robôs, assim como Data – o androide de Star Trek New Generations – e, Andrew – de o “O Homem Bicentenário”, conto de Isaac Asimov –, podem escolher qual programação é mais adequada aos seus objetivos como também que amplie suas experiências. A liberdade encontra-se, para eles, em transpor o código.
Trans-humanismo pode ser a chave? Será que a combinação de tecnologia com a biologia humana o elevará a condição de um deus ou o irá livrar de seu estado decaído – em referência à Bíblia? Não estou convencido desta solução. Podemos até mexer no código, mas não nos livraremos dele.