Será que é somos tão egocêntricos em imaginar que estamos sozinho na galáxia inteira? E se em algum ponto nós sejamos os chamados “alienígenas”? Os ufologistas estão aí para tentar comprovar essas teorias que, para alguns, são lunáticas.
Na animação “Amigos Alienígenas” (“Luis and the Aliens” – 2018), Leo (ou Luis, no idioma original) é filho de um ufologista e sabe o que é ser apontado como lunático na pele. Seu pai nunca tem tempo para ele, passa a noite analisando o céu e as possibilidades da chegada de vida extraterrestre e o dia dormindo para se recuperar do trabalho, enquanto isso Leo passa o dia solitário, com sérios problemas na escola.
Leo já é órfão de mãe, então são só eles dois, mas o garoto de 11 anos é quem cuida do pai, é quem lembra das contas a serem pagas, é quem faz a própria comida (o próprio bolo de aniversário). Os vizinhos constantemente ameaçam denunciar o pai de Leo para as autoridades, seja pela deplorável situação da casa seja pela forma como ele trata o filho.
Os vizinhos da frente são os piores, os pais são os maníacos da limpeza de arrumação, tudo precisa estar perfeito, já o filho, Marlon, aterroriza Leo na escola. Eles denunciam a situação para o diretor da escola, que chama a dona de um lar para crianças abandonadas para avaliar a situação, avisa a Leo que isto deve mudar.
Enquanto Leo está tentando fazer com que o pai compareça a reunião que será decisiva para saber se eles ficarão ou não juntos, um grupo de alienígenas chega a Terra com um objetivo: adquirir a sua esteira de massagem. Eles estavam em um cruzeiro pela galáxia, quando passaram pela Terra conseguiram ver um daqueles informerciais que fazem a pessoa querer o produto mesmo que não precisam, eles enlouqueceram e desceram para esse planeta só para isso.
Como a casa de Leo tem sinal para se comunicar com aliens, é o trabalho do pai, eles acabam indo para aquela região e é o garoto que primeiro os ver e os ajuda. Os três são inofensivos, atrapalhados e deslumbrados com a vida na Terra, acabam fazendo amizade com o anfitrião, querendo retribuir a ajuda dada. Eles têm uma habilidade, se transformar em quem quiserem, é só ter contado com o DNA.
Essa habilidade ajuda Leo a despistar o diretor e a dona lá que quer o tirar do pai, mas também o coloca em algumas situações inusitadas. Eles podem parecer os humanos de longe, mas não se comportam como tal, assustando e confundindo muita gente.
Antes de tentaram se pedir para eles se passarem pelo pai, Leo tenta o acordar e pergunta o que ele faria que aliens de fato tivessem vinda a Terra, a resposta é que ele congelaria com sua arma, afinal todos eles são ameaças. Na verdade isso é o reflexo de uma trauma antigo, quando ele viu um alienígena, que não é do mesmo planeta dos novos amigos de Leo, ameaçando-o. Por isso Leo não fala nada para ele e, vendo as possibilidades que tinha na Terra, decide ir para o planeta dos amigos.
Passando-se pelos vizinhos, eles fazem com que Marlon os levem para o pico mais alto da região, para que a nave de cruzeiro fosse os resgatar. No carro ainda estão duas colegas de escola, a jornalista da turma (e a paixão de Leo) e sua câmara girl. A viagem não é tranquila, porque os pais verdadeiros de Marlon, o pai de Leo, o diretor e a dona do lar de crianças abandonadas vão em busca deles. Eles vão no caminhão de entrega que foi deixar a esteira de massagem tão desejada.
Lá em cima, o pai de Leo enfrente seus medos antigos, confirma suas teorias, provando que não é um lunático, e todos descobrem porque a dona do lar quer tanto pegar Leo. Ela é o alienígena do mal que o pai de Leo viu quando criança, no planeta dela não há nada de mais poderoso do que lágrimas de crianças humanas solitárias, como Leo costumava ser, então ela trafica as lágrimas há décadas.
Ela é procurada por algo que se assemelha a INTERPOL, mas só que a nível intergalático, e o agente deles é nada mais nada menos do que o sorveteiro. Realmente é um personagem estranho, que aparece do nada e faz umas piadas sem muita lógica (mas daquelas que fica engraçada pela falta de lógica mesmo).
O importante é que Leo consegue se unir mais ao pai, além de mostrar ao mundo que o pai se importa com ele. Além de conseguir fazer amigos, o que nunca havia conseguido. Ele é uma criança feliz, finalmente.
Essa animação é muito lindinha, daquelas que é voltada para a família inteira, sem exagero. Tem uma mensagem muito bem construída para adultos, qual seja, não colocar o trabalho a frente da família, nunca esquecer o que realmente importa, mas tem um visual que agrada a todos e elementos bobos a primeira vista.
Os três aliens amigos de Leo são loucos, um é paranóico, o outro se acha o sabe tudo das tecnologias (até quebrar a nave de desembarque) e o terceiro é um glutão, só sabe comer e paquerar. Eles mostram defeitos de todo ser humano pode ter, alguns com mais outros com menos, passando a ideia de que nada é tão diferente assim, só muda de planeta e de forma.
Quanto a forma, tem algumas colocações bem interessantes.
A primeira vez que eles vêm um humano acham estranho, até feio, ou seja, o diferente assunto a qualquer um. O que é normal para você pode ser coisa de outro mundo para mim, mas não precisamos ser inimigos por isso.
Quando eles se encontram com Leo e ele os chamam de alienígenas eles não gostam, dizem que é o garoto é que é alienígena. Mais uma vez, questão de ponto de vista, eles são alienígenas porque não são da Terra, assim como Leo não é do planeta deles, logo ele é o alienígena para eles.
Não podemos generalizar. Tudo que não é da Terra é alienígena, mas nem todo alienígena é mal. Os três amigos de Leo são do bem, só querem a bendita esteira de massagem dele, mas a outra que traficar lágrimas. São seres diferentes, têm objetivos diferentes, embora para um terráqueo pareça tudo igual, mesmo quando esse terráqueo é um especialista em alienígenas.
Vamos saber conviver com diferenças e superar preconceitos? E que tal não se levar por informeciais de produtos?!
Beijinhos e até mais!