Caso o que esteja procurando é um filme para assistir em família, nada melhor do que ver Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas. Os motivos? Continue lendo e entenderá os motivos para eu ter feito essa afirmação…
O que dizer de uma franquia que bebeu de fontes como A Festa do Monstro Maluco, os clássicos da Universal e obras literárias do peso de Drácula, Frankenstein e o Homem Invisível? Bem, a desconfiança inicial sobre Hotel Transilvânia existia por haver o receio de nos depararmos com outra comédia descerebrada, desprovida de conteúdo. Entretanto, ao longo de três longas-metragens, já pudemos comprovar que há uma perfeita coesão entre humor e temas familiares. Agora, com a chegada do terceiro longa de animação, pudemos ver que o caminho tomado é o correto e, certamente, este é o melhor dos três filmes da série.
Diversão e confusão.
Não há como negar que Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas é exatamente aquilo que o público esperava, ou seja, humor e diversão em tempo integral. Afinal, como não se divertir com uma família onde o vovô é o Drácula, a filha é uma vampira, o genro é um jovem normal (?) e os amigos próximos são, literalmente, monstros.
Mas não é por embutir humor em personagens sinistros e letais que está o auge do filme. Na verdade, o ponto alto é o dilema de uma filha que quer apenas o melhor para o pai, mesmo que ela não compreenda de forma plena o que se passa na vida dele.
Mavis (Fernanda Baronne/Selena Gomez) é essa vampira-filha, uma jovem mãe que nutre uma preocupação pelo pai, o lendário Conde Drácula (Alexandre Moreno). Ela, porém, não sabe que o desgaste do pai é fruto de uma solidão grande. Drácula perdeu sua esposa há anos e esse vazio não conseguiu ser preenchido até hoje. Mesmo tendo amigos importantes e fiéis como Frank (Marcio Dondi/Kevin James), Murray (Reginaldo Primo/Keegan-Michael Key), Wayne (Jorge Lucas/Steve Buscemi), Eunice (Monica Rossi), Wanda (Miriam Ficher/Molly Shannon) e Griffin (Marcelo Garcia/David Spade), algo lhe falta: o amor.
A questão embutida é a forma para explicar isso a Mavis, pois a filha não pode compreender essa solidão como o descarte da memória da mãe morta. Frente a essa difícil questão, resta a Drácula esconder dela sua “sede” de amor e apelar para aplicativos de relacionamento como Zingr (uma brincadeira com o Tinder).
Para acabar com a tristeza do pai, Mavis faz uma grande surpresa para ele. Ela leva todos os amigos e parentes para um cruzeiro marítimo, lugar onde se passa boa parte da trama. É o começo da confusão.
O que aconteceu antes?
O início da história nos mostra a persistência de Van Helsing (Mário Jorge de Andrade/Jim Gaffigan) ao tentar matar o Conde Drácula. Fica claro para nós, espectadores, que o vampiro quer apenas a tranquilidade, enquanto o caçador de monstros é chato e teimoso em doses absurdas. Cada cena dessa parte é uma diversão à parte, mas o importante é que finalmente o Drácula se livrou de seu perseguidor.
E não tenham dúvida de que esse é um momento importantíssimo para a trama, cujas sequelas serão vistas no decorrer do filme. E prestem atenção! Uma das melhores mensagens desse Hotel Transilvânia está no seguinte: nossos atos afetam a nós mesmos, nossos entes queridos e aqueles que nos cercam.
Aviso aos navegantes.
O que poderia diferenciar essa terceira história das demais que se passaram quase na íntegra no castelo (hotel) de Drácula? A ideia para solucionar essa questão foi simples, porém muito boa. Eles transpuseram as aventuras para um iate, um cruzeiro marítimo. Um verdadeiro “hotel” flutuante.
Com toda a galera reunida, começam as merecidas férias para o Drácula e outros que mereciam mesmo um descanso. Não podemos esquecer de citar Vlad (Mário Monjardim/Mel Brooks), o papai de Drácula e bisavô de Dennis (Arthur Salerno/Asher Blinkof), cuja sedução encanta as três bruxas
Já no clima, todos eles encontram um ambiente divertido, desestressante e novo. Mas o principal beneficiado dessa inusitada viagem é o Drácula, já que finalmente ele encontra alguém capaz de preencher o vazio em seu coração. Esta felizarda é a linda – e fatal – Ericka Van Helsing (Kathryn Hahn/Angélica Borges).
Claro que uma Van Helsing não está nesse cruzeiro à toa. Claro que essa é a oportunidade para assistirmos cenas divertidíssimas de um Drácula abobalhado pelo amor.
Ação.
Não falta emoção nessa terceira parte das aventuras da família de monstros. Desde o primeiro minuto de projeção nós encontramos cenas bem produzidas e com muita movimentação. Isso, contudo, não implica em perda da qualidade nos diálogos, no humor ou no foco do filme que é, sem dúvida, a família.
E se preparem para as cenas finais, cheias de emoção, ação e muita música.
Distribuição de tempo em tela.
Só para lembrar, o primeiro filme focou muito no Drácula, Mavis e no Jonathan (Mckeidy Lisita/Andy Samberg), além de apresentar a história por trás da criação do Hotel e o motivo para os monstros terem medo dos seres humanos. Também é explicado como Drácula ficou viúvo. O segundo filme mostra a evolução de um casamento: filhos. Mavis e Jonathan estão grávidos e a dúvida após o nascimento está no fato de o pequeno Dennis (Arthur Salerno/Asher Blinkoff) ser ou não um monstro. Óbvio que ser vovô também mexe com a mente de Drac, além de trazer à tona um personagem inesperado: o bisavô Vlad. Por fim, no terceiro episódio, todos têm um tempo de tela muito bom, mas o foco está no relacionamento entre Drácula e Ericka, além de uma passagem muito, muito divertida do casal Wanda e Wayne onde eles recebem a oportunidade de se curtirem um pouco, sem as crianças.
Há um equilíbrio muito bem feito nessas três obras que fazem com que esperemos com ansiedade por um novo episódio.
Versão dublada ou legendada?
Honestamente, por estar sempre com os filhos, prefiro a versão dublada. Nossos dubladores (todos citados ao longo do post) são simplesmente geniais e dão vida e credibilidade a cada um dos personagens. Literalmente eles incorporam os papéis que lhe são conferidos. Mas isso não impede que adultos sozinhos ou acompanhados de crianças que não se importem de ler, assistam à animação na versão legendada que conta com ótimos atores que já marcam a franquia desde 2012.
Vilões.
Eles, os vilões, existem em Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas. Entretanto, a mensagem final passada na animação é a de que sempre é possível um recomeço, assim como o diálogo e as soluções pacíficas são sempre melhores que fomentar a raiva irracional.
Opinião das crianças.
Não tem jeito. Assistir a uma animação voltada para o público infantil e jovem só tem o impacto correto se ouvirmos a opinião deles. Assim, com o intuito de ser o mais honesto possível, fui ao cinema com meus dois filhos. Eu acompanhei as reações deles nas principais partes da animação e os questionei ao fim, pois só assim obteria a mais honesta opinião, sem quaisquer influências externas. E sabem o que eles disseram? “— Papai, nós adoramos!”. Essa foi a resposta simples, direta e honesta de crianças, aquelas que não têm o menor medo de falar o que realmente pensam.
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