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Histórias em quadrinhos ganham visibilidade em prêmio nacional

Histórias em quadrinhos ganham visibilidade em prêmio nacional
  • Publishedmaio 17, 2017
Imagem destacada: Ilustração de Pedro Cobiaco. Foto: Reprodução/Facebook

No próximo dia 18 de maio abrem as inscrições para a 59ª edição da maior premiação do livro brasileiro, o Prêmio Jabuti. Realizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) em parceria com o Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer, o Jabuti traz, em 2017, duas novas categorias: uma para livros de brasileiros publicados no exterior e outra para histórias em quadrinhos (HQs). De acordo com a CBL, as HQs deixam de ser contempladas como “Adaptação” podendo, agora, ser premiadas de forma exclusiva “livros compostos por histórias originais ou adaptadas, contadas por meio de desenhos sequenciais, definidas pela união de cor, mensagem e imagem”.

Em 2017, o curador do Prêmio Jabuti passa a ser o filósofo e especialista em Estética e História das Artes Luiz Armando Bagolin. Por meio de nota divulgada à imprensa, ele comentou a inclusão da nova categoria para os quadrinhos:

“Recentemente, li um artigo na New Yorker que defendia, com todo vigor e argumentos muito claros e racionais, que HQ é, sim, uma categoria literária. Não é algo que deva ser marginalizado, embora andar à margem seja uma das possibilidades do mundo das HQs (…) Existem várias formas de contar uma mesma história. Ela pode vir por desenhos, por palavras, em português, em outras línguas. O importante é valorizarmos todas essas formas de contar”.

Ilustração de Fábio Moon. Foto: Reprodução/Facebook

Ilustração de Fábio Moon. Foto: Reprodução/Facebook

Para o quadrinista Daniel HDR, no entanto, a premiação chega tarde. O ilustrador classifica a nova categoria como “perfumaria”. “O prêmio demorou a reconhecer que a HQ também é uma mídia que pode contar uma história tão bem quanto um romance”, comenta. Daniel acredita que o prêmio não fará muito pela indústria de quadrinhos no país, mas considera que a atitude da CBL pode significar um possível avanço em relação ao modo como a mídia é vista no meio. “É lógico que a abertura dessa categoria dentro da premiação também mostra que, talvez, a própria indústria editorial esteja abrindo os olhos para a linguagem dos quadrinhos, mas esse é o único mérito”, acrescenta.

Daniel atua como profissional do ramo desde quando tinha 14 anos, em 1988. Ele estreou no mercado internacional em 1995 e já produziu trabalhos para as maiores e mais importantes editoras de quadrinhos do mundo, como a DC Comics, Marvel Comics, Dark Horse Comics e Image Comics. Ele é coordenador do Dínamo Estúdio, situado em Porto Alegre.

Para o artista, o reconhecimento, de fato, vem do público leitor. Ele salienta que a popularização de mega franquias cinematográficas, originárias de quadrinhos, tem gerado o interesse do público comum, o qual, até então, não tinha contato com esses personagens e histórias na sua mídia original. Sobre a recente popularização dos quadrinhos, Daniel atesta ser “algo benéfico, pois abre as portas para que outras histórias possam ser contadas, não somente vinculadas às franquias populares”. Na opinião do quadrinista, as HQs, muitas vezes, são a primeira peça de leitura de um jovem. “Ele pode querer ler uma história na qual um filme que ele acha bacana se baseou ou a versão romanceada de um jogo”, completa.

Ilustração de Wagner Willian. Foto: Reprodução/Facebook

Ilustração de Wagner Willian. Foto: Reprodução/Facebook

Já o filósofo, professor e pesquisador de quadrinhos Gelson Weschenfelder enxerga a iniciativa da CBL com mais positividade. “Esse reconhecimento da produção do quadrinho do Brasil é de suma importância. Primeiro, porque valoriza os artistas que produzem no Brasil, e em segundo lugar, porque o quadrinho, historicamente, sempre foi mal visto por aqui”, destaca. O filósofo está finalizando a pesquisa de doutorado O Super-herói como tutor de resiliência para crianças e adolescentes em situação de diversidade social, no programa de pós-graduação em Educação do Centro Universitário La Salle (Unilasalle). Segundo Weschenfelder, a nova categoria do prêmio Jabuti vem para reconhecer a HQ, contribuir para terminar com o preconceito existente em relação à mídia e, também, valorizar a produção quadrinística no Brasil.

A edição de número 59 do Prêmio Jabuti concederá estatuetas em 29 categorias, contemplando autores do Brasil inteiro. Existente desde 1958 e acostumado a receber milhares de inscritos, o Jabuti busca valorizar a qualidade do trabalho dos profissionais envolvidos em todas as áreas de criação e produção de um livro. Considerado o Oscar da literatura brasileira, o prêmio dá, além do reconhecimento da comunidade intelectual, bonificações em dinheiro. Ainda não há definição quanto à data da cerimônia de entrega dos troféus deste ano.

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